TRAÇOS BIOGRÁFICOS
A
aldeia se situa no sul da França, quase na divisa com a Espanha. Chama-se Pouy
e a família leva o sobrenome De Paulo. Vicente é o terceiro entre os seis
filhos do casal João de Paulo e Bertranda de Moras. O ano é 1581. Vicente é
encarregado de levar o rebanho a pastar e seu olhar se perde na contemplação da
natureza. Cedo nele se manifestam a inteligência aguda, o olhar observador, o
espírito vivo, o coração generoso e sincera devoção a Maria, o que motiva seus
pais a encaminhá-lo aos estudos eclesiásticos, ordenando-se sacerdote aos 19
anos. Para poder frequentar os estudos, o jovem estudante dá aulas particulares
No
ano 1610, a rainha Margarida, ex-esposa do rei Henrique IV, admite Vicente
entre seus esmoleres, ou seja, encarrega-o de distribuir as esmolas. Afetuoso,
visita os doentes, abranda as desavenças, dissipa as dúvidas, instrui na fé os
empregados e a todos presta incontáveis serviços.
Contudo,
Vicente vive no mundo dos grandes e dos ricos. Esmoler da rainha Margarida e
protegido da senhora De Gondi, até o dia que opta por se dedicar à instrução e
ao serviço dos camponeses, sendo-lhe designada a paróquia de Châtillon, uma das
mais problemáticas e desleixadas da região.
Num
domingo, ele recebe as notícias de uma família miserável que está a morrer.
Estão todos doentes. Instados pelo seu sermão, os paroquianos se dirigem à casa
da família e prestam auxílio. O cérebro de Vicente fervilha:
"Eis
aqui uma grande caridade," pensa, "mas está mal organizada."
Idealiza, portanto, a criação de uma Associação, e, no dia 20 de agosto de
1617, com sua iniciativa nasce uma associação de mulheres, com o objetivo de
visitar, alimentar e prestar aos enfermos todos os cuidados indispensáveis: a
Confraria da Caridade. As pessoas que a compõem chamam-se ―Servas dos Pobres ou
Damas da Caridade‖. Em 1620, Vicente institui a ―Caridade dos Homens‖. As
mulheres se dedicam aos doentes, os homens devem se dedicar aos velhos, viúvas,
órfãos e prisioneiros. Homem de visão, Vicente de Paulo orienta as Confrarias,
incentivando a organização de cooperativas agrícolas, ensinando novos métodos
de cultivo da terra, implantando, nas cidades pequenas manufaturas para
produzirem objetos de uso na região e, finalmente, criando centros de
aprendizagem onde as crianças indigentes possam receber educação cristã e
aprender uma profissão, a fim de tirá-las à miséria. Tendo estabelecido
diretrizes à assistência aos camponeses, um novo campo se lhe abre. Ele é
convidado a trabalhar junto aos condenados às galés. São criminosos e
delinquentes, que vivem amontoados em calabouços infectos, acorrentados pelo
pescoço e pelos pés, cheios de vermes, revolta e desesperança.
Como
poderia Vicente lhes falar das coisas espirituais? Necessário é lhes melhorar
as condições, pois apodrecem vivos. O alimento é pão preto, a água é semi
poluída e os golpes de chicote são constantes. Interfere Vicente junto ao
general das galeras, Manuel de Gondi e consegue realizar sensíveis mudanças.
Oferece-lhes cuidados corporais, distribui alimento entre eles, consola-os,
fala-lhes de Cristo e do Evangelho, chama-os de "meus filhinhos".
Vicente ama. Por isso, mostra-se incansável na descoberta das misérias humanas
de ordem material e espiritual, estendendo socorro pessoalmente ou enviando as
Damas da Caridade a hospitais, prisões, asilos, escolas e às ruas. (...)
Vicente
é mestre na arte de conquistar corações. Consegue apoio de muitos nobres e
ricos para atender os seus pobres. (...) Desde os 35 anos de idade, Vicente
conhece o trabalho da doença em sua própria carne. As pernas e pés incham.
Chegará um tempo, 1645, em que já sente dificuldade para se manter a cavalo,
para a realização das suas viagens. (...)
Aos
74 anos necessita ficar encerrado por longos dias em seu quarto, enquanto a
febre se instala em seu corpo. Com dificuldade e o auxílio de uma bengala,
consegue dar alguns passos. Contudo, dotado de indomável energia, ele profere
palestra, todas as manhãs aos seus discípulos, demonstrando serenidade e
lucidez, apesar das dores atrozes que o atormentam.
Diante
da morte iminente, brinca: "Em breve enterrarão o miserável corpo deste
velho e se transformará em cinzas e o pisarão com os pés."
Então,
em 27 de setembro de 1660, antes que o sol se levante, sentado numa poltrona,
perto do fogo, Vicente desencarna. Essa figura ímpar está presente em O
Evangelho Segundo o Espiritismo, em O Livro dos Espíritos e em O Livro dos
Médiuns .
VICENTE DE PAULO
Fonte: site
www.caminhosluz.com.br/biografias/espiritosdacodificacao
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