quinta-feira, 28 de julho de 2011

Educar: difícil tarefa

No atual e conturbado panorama do mundo faz-se necessário a reflexão em torno de alguns temas que são imprescindíveis para o ajuste do Espírito. Um deles é a intrincada questão da educação dos filhos. Sobre o assunto, educadores, filósofos, pensadores de uma forma geral, ocuparam-se e ocupam-se exaustivamente, tentando explicar as aparentes inexplicáveis situações de desajustes, buscando meios seguros de conduzir indivíduos ao equilíbrio.

Sabe-se que, teoricamente, a coisa pode até ser relativamente bem compreendida, mas quando transporta-se para o cotidiano, vê-se que muitas vezes a prática desmente a teoria. São complicadas situações que se apresentam, atordoando e deixando inseguros os pais em relação ao papel que exercem diante dos filhos. Nas situações de desgraça ou infortúnio qualquer, a dor maior é sempre aquela que dormita no íntimo da alma, numa pergunta que muitas vezes não se ousa verbalizar: o que fiz de errado?

Afinal, como educar? Como disciplinar sem ultrapassar os limites do respeito e da tolerância, já que infelizmente o conceito de disciplina em nossa sociedade está implicitamente ligado a coerção de liberdade? Terá uma fórmula? Atualmente, lidar com a educação de um filho pode se tornar um tormento. Na verdade, em muitos casos, trata-se de um duelo em condições desiguais, uma vez que o mundo materialista, com seus inúmeros atrativos, exerce uma influência às vezes extremamente perniciosa nesse processo. A estrutura da sociedade atual exige dos pais determinadas posturas e atividades que, se não forem encaradas com o devido cuidado, distancia sobremaneira a ação benéfica de suas presenças na formação do filho. Este, por sua vez, sem muita saída, permanece horas e horas diante de uma TV que deseduca sistematicamente. Hoje a grande discussão em torno deste assunto é se a violência na mídia exerce ou não um papel de importância na formação da criança e embora as diferentes opiniões a respeito, o bom senso nos impele a ter cautela redobrada com esta inconveniente e às vezes indesejável companhia.

Busca-se entender qual a real responsabilidade dos pais diante da formação de seu filho. Sabe-se que a paternidade é talvez um dos mais graves compromissos que se assume. É dos pais a responsabilidade de conduzir aquele Espírito na senda do progresso, saneando-lhes os males, aparando os espinhos de sua personalidade, mostrando-lhe a diferença entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, incutindo-lhe no coração o sentimento de amor ao próximo, o respeito ao direito dos outros, dando-lhe noções de liberdade, fraternidade e igualdade entre os homens. Mas, pergunta-se: têm-se condições para isso? Certamente não. Afinal tudo isso se resume no exercício de amor ao próximo, coisa que o mundo está bem longe de compreender.

Entretanto, é fato concreto que se têm filhos e que deles têm-se que cuidar com zelo. É tarefa importante e cabe aos pais procurar instruir-se para que possa instruir. Sem condições morais não poderá desempenhar a missão com serenidade, pois faltar-lhes-á a coisa mais importante para estruturar sua ação que é a autoridade moral. Não se pode mais fazer de conta que as coisas estão bem e que os filhos podem ficar à mercê de influências externas sem consequências. O que acontece no mundo de hoje não pode mais ser atribuído somente à ignorância do Espírito, pois o impressionante avanço das últimas décadas nos fala que aqui habitam homens com condições de aprender as leis básicas que devem conduzir a humanidade. No entanto, pratica-se outra lei, aquelas que geram os impressionantes números de desigualdades e injustiças sociais no mundo inteiro .

Que fazer diante do fato de uma criança de seis anos que descarrega uma arma em outra da mesma idade? Não se pode atribuir culpa desta tragédia a ninguém a não ser a uma sociedade doente e que caminha para sua própria destruição por ter construído seus alicerces nas malhas podres da ambição e poder. Em nosso país coisas piores acontecem todos os dias nos "bastidores" da vida, sem que se dê a adequada atenção.

Pode-se lamentar a situação de miséria moral em que se vive, mas deve-se ter em mente que nada mudará se o homem não absorver de uma vez por todas sua condição de imortalidade e da inexorabilidade da lei. Todas as coisas são fruto da forma com o homem encarou a vida até então. Os filhos estão aí e anseiam por pais que os possam conduzir com segurança rumo ao futuro. A fórmula? Não existe, mas há um código de conduta que dá aos que o compreendem a firmeza necessária para instruir com autoridade. É o Evangelho de Jesus, no mundo há séculos, mas sem a devida importância. Soubesse o homem a responsabilidade que tem diante da vida trataria de encará-la com mais seriedade.

A educação dos filhos, portanto, depende antes de tudo da moralização dos pais. Não há como enfrentar a tarefa educativa de um Espírito sem a devida consciência da grande responsabilidade assumida. A Doutrina Espírita trouxe ao mundo as respostas para suas mazelas, mas é bem pouco compreendida. Se os homens procurarem alicerçar suas vidas nesses ensinos, terão mais facilidade para compreender as dificuldades advindas das relações familiares, por vezes tão dramáticas, mas se bem vividas funcionam como uma grande alavanca para o progresso do Espírito imortal.

OBS:este texto foi publicado em 03/03/2000. Faça uma análise para os dias atuais e verifique se houve mudanças para melhor ou pior!!!!!!!

Vanda Simões

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