quinta-feira, 5 de abril de 2012

A RUÍNA DO SISTEMA HUMANO

No últimos dias, os países da América Latina foram sacudidos pelo terremoto causado pela quedas das bolsas em todo o mundo. A Bolsa paulista chegou a –15,82% no dia 10.09. O Brasil não poderia deixar de ser alvo dos que especulam internacionalmente com o dinheiro. Uma espetacular sangria financeira, provocou a saída média diária de 1 bilhão de dólares para o exterior, reduzindo as reservas brasileiras para menos de 50 bilhões. Suspeita-se que o país tenha sido alvo de agiotas internacionais que, vendo a possibilidade de ganharem mais alguns milhões no jogo financeiro, e aproveitando da crise instalada na Rússia e países asiáticos, forçaram uma alta de juros retirando das bolsas suas aplicações.
Deu certo. O presidente Fernando Henrique Cardoso, desesperado, não teve outra saída, senão a de aumentar as taxas de juros para perto de 50% ao ano. É uma insensatez, pois tal atitude provocará irremediavelmente uma recessão interna nos próximos anos, retirando as empresas nacionais do comércio exterior. Mas o Presidente precisa manter a aparente tranquilidade. A reeleição é sua maior preocupação. Se reeleito, não se sabe direito o que fará, mas suspeita-se que edite um pacote fiscal que, dessa vez, atingirá em cheio o setor privado. A máquina precisa de mais dinheiro.
Na ânsia de deter a fuga de capitais, FHC anunciou um pacote interno, onde cortou gastos com o setor público da ordem de 4 bilhões de reais. Como o dinheiro não parou de sair, o Presidente divulgou outro corte de mais 2,1 bilhões. Todo mundo sabe que nada disso é sério. O que faz, desde o aumento de juros até essas medidas paliativas, é com o intuito de agradar os investidores internacionais. Enquanto isso, as reformas que o Estado necessita passar para deixar de gastar rios de dinheiro gerando "déficit", continuam por esperar. O nome? Irresponsabilidade política.
Fenômeno interessante, ligado ao fuzuê financeiro das bolsas, apareceu na imprensa na última semana mostrando em que se assenta o sistema materialista que hoje domina a humanidade: trata-se da influência que as declarações de certos personagens provoca no vai-e-vem do mercado. Nesse clima de incertezas que se formou no planeta, os especuladores (homens comprometidos exclusivamente com suas fortunas), tornaram-se pontos chaves da estabilidade econômica. De olho nos seus interesses, estão sempre prontos a movimentar grandes somas de dinheiro, para ganharem um pouco mais de quem necessita de empréstimo para bancar dívidas que não param de crescer. Estima-se que o capital especulativo movimente no planeta 1,3 trilhões de dólares ao dia, quatro vezes mais do que a quantia anualmente utilizada em todo o mundo para investimentos produtivos.
Frente ao desespero dos governos da América Latina, o presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, fez declarações favoráveis a que o sistema financeiro internacional, (leia-se FMI) alguns bilhões de dólares emprestasse a esses países. A quantia, segundo informações extra-oficiais, girava em torno de 150 bilhões. As gralhas da especulação logo pressentiram que poderiam ficar um pouco mais ricas se trouxessem a dinheirama de volta. A conversa de Clinton foi suficiente para que as bolsas latino-americanas fechassem em alta novamente. São Paulo chegou a 18,67%. FHC também tinha esperanças de ver a cor desse dinheiro. Mas tudo era boato. No outro dia, o Fundo Monetário Internacional disse que as coisas não eram bem assim. O G7 (os sete mais ricos do planeta) afirmou que não iria destinar mais verbas para os endividados, principalmente porque o governo brasileiro tinha deixado transparecer que não pretendia submeter-se aos ditames do FMI. E a bolsa voltou a despencar. Tudo se transformou numa loucura, onde mesmo uma declaração meio estapafúrdia de alguma autoridade, é capaz de fazer as fortunas correrem daqui para acolá.
Esta é uma boa amostra dos alicerces em que se assenta a humanidade. Não há qualquer referencial que garanta uma vida de relativa felicidade em nenhum recanto do planeta. As coisas que são hoje, amanhã poderão não ser mais. O homem continua sua desbragada correria para o caos. A globalização é um fenômeno inevitável, onde o poder político está sendo transferido para o poder financeiro. O império americano, talvez o sétimo império de que fala a Bíblia Sagrada, está se tornando a cada dia mais poderoso. E não faltam inclusive, os escândalos sexuais, o interesse pelo banal, comuns aos outros impérios que foram destruídos pela cupidez, pelo orgulho e pelo descaso junto às coisas celestiais.
O desajuste coletivo a que esse sistema está levando a humanidade não tem precedentes em termos de dimensão. Na antiga Babilônia, de Nabucodonosor, a sociedade foi conduzida a processo semelhante, que levou a destruição ao sistema vigente. O profeta João, em seu Apocalipse, classifica a humanidade desvairada de "A grande Babilônia", mãe de todas as prostituições. Alguém conseguirá deter essa corrida para o fim? A humanidade será destruída, como afirmam alguns pessimistas? Não, não haverá destruição material do planeta, mas o mundo velho, esse obrigatoriamente terá de ser destruído para que se assente a nova era, a civilização do Espírito. E, contrariando os "profetas espíritas" (e para a surpresa deles), não será sem dores.
Na questão 717 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga dos Espíritos superiores a respeito do que se deve pensar dos homens que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o supérfluo, em prejuízo dos que não têm sequer o necessário. A resposta é a seguinte: "Desconhecem a lei de Deus e terão de responder pela privações que ocasionarem".
Presidentes, especuladores, políticos, ditadores, religiosos e todos aqueles que tem levado os povos ao desespero, explorando-os sem compaixão, ou mantendo-os na ignorância dos ensinamentos espirituais, todos pagarão caro por seus crimes de humanidade. Deus a tudo vê e cobrará ceitil por ceitil.
Sigamos, pois, atentos na manutenção da ordem pessoal, agindo com cautela redobrada, seja nas atitudes morais ou na nossa movimentação dentro do sistema material. A ocasião demanda intensa vigilância em todos os sentidos.

Texto publicado no site em 18/09/98
José Queid Tufaile

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