quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

POR QUE APRENDER INFORMÁTICA?



Porque nos dias atuais é considerado “analfabeto” todo aquele que desconhece como utilizar um computador. É preciso que o governo popularize a utilização do computador à todas as camadas da população e, também, da internet, principalmente nas classes menos favorecidas. Estamos na era da informação, você já deve ter percebido que o computador está presente em praticamente todas as atividades humanas modernas.
Portanto é mais do que provável que você venha a utilizar um computador em muitas das suas atividades. Aprender a utilizá-lo de maneira correta será indispensável, caso você atue ou venha a atuar em uma profissão fora das atividades primárias. 
Nós aqui do NAEEJA, dentro do Projeto “Nosso Lar” em parceria com a Prefeitura Municipal de São Manuel, estamos propiciando às crianças, jovens e adultos este conhecimento que hoje é indispensável à todo cidadão.

HISTÓRICO

NAEEJA – NÚCLEO ASSISTENCIAL EDUCACIONAL ESPÍRITA “JOANNA DE ÂNGELIS”

             Nossa história começa em agosto de 1994 quando foi fundado extra-oficialmente o Núcleo Assistencial “Joanna de Ângelis”, funcionando em prédio alugado a Rua Dr. Júlio de Faria, 1561, Vila Industrial, São Manuel, tendo sua programação inicial às 4ª feiras as 19h20, com o Curso de Valorização da Vida; em seguida às 20h00 a Reunião Pública, Passes e Vibrações e às 3ª feiras às 20h00, o estudo da Doutrina Espírita com as obras codificadas por Allan Kardec.
             Em 16 de janeiro de 1996, foi fundado oficialmente, funcionando no mesmo local, com o nome de Núcleo Assistencial Espírita “Joanna de Ângelis”.
             Em 1998 foi reconhecido como sendo de Utilidade Pública Municipal, através da Lei nº 044/98 de 19 de outubro de 1998.          
            No ano de 1.999 por solicitação da Diretoria, através seu Presidente Natal Norogildo Ragozo, a Prefeitura Municipal de São Manuel com o apoio de todos os vereadores, cedeu em comodato uma gleba de terras por 40 anos, renováveis por iguais períodos, com área de aproximadamente 2.044,11 m², através da Lei nº 002/99 de 01 de Março de 1999, para que fosse construída a sede própria da Instituição.
              Com o terreno já doado, mesmo sem a Escritura lavrada em Cartório, a partir do ano 1999, demos o primeiro passo, erguendo e cobrindo um barracão de estrutura pré-moldada de concreto armado com área de construção igual a 420,00 m².
             Com o suceder dos anos, apesar das dificuldades, fomos dando sequência a esta construção com o fechamento de paredes externas e internas, revestimentos, instalações hidráulicas e elétricas, sempre contando com o apoio da comunidade, da realização de eventos e de algumas empresas locais.
            Com a alteração de seus estatutos em dezembro de 2000, a entidade, passou a se chamar Núcleo Assistencial Educacional Espírita “Joanna de Ângelis”.
            Em 2002, foi reconhecido de Utilidade Pública Federal, através da Portaria nº 48 de 17 de janeiro de 2002; também foi reconhecido de Utilidade Pública Estadual, através da Lei nº 11159 de 13 de maio de 2002 e, ainda, o registro no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), através da Resolução nº 99 de 16 de julho 2002. Através da Resolução 082 de 23 de julho de 2004, adquiriu o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS).
            Está inscrito no Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS), e no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), do município de São Manuel.
            Dentre suas finalidades, propicia os meios necessários para facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social das crianças e adolescentes e, também de famílias que atende, com atividades nas áreas cultural, esportiva e educacional de interesse da comunidade, bem como mediante a complementação do período escolar através de atividades de conhecimentos práticos.
            Com todas essas ações que vêm sendo implementadas, o Núcleo Assistencial Educacional Espírita “Joanna de Ângelis” tem propiciado melhores condições de vida aos seus assistidos e familiares, apesar de contar com um quadro limitado de pessoal, complementado por integrantes da comunidade que exercem um trabalho voluntário, em virtude de suas dificuldades orçamentárias.
             Cabe ressaltar que está consignada em seus estatutos, vedação expressa à distribuição de resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcela de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto. São órgãos de sua administração, a Assembléia Geral, composta por todos os sócios fundadores, efetivos e contribuintes atuantes no Núcleo, a Diretoria Executiva, cujos integrantes não tem qualquer remuneração e o Conselho Fiscal.   
               
- O NAEEJA permanece aberto de segunda a sexta-feira das 8h00 às 17h00, pois, além das atividades sócio-educativas oferecidas (Informática e Arte Culinária), tem Livraria, Biblioteca, Videoteca, Atendimento Fraterno e Grupos de Estudo. Aos sábados, no período das 14h30 às 16h00, é realizada a Educação Espírita "Anália Franco" (Evangelização infanto-juvenil). Na área esportiva é oferecido dentro das possibilidades e do número de vagas, aulas de Judô e Jiu-Jítsu.

- Também atende atualmente a 35 (trinta e cinco) famílias com o objetivo de promover melhorias de condições de vida e inclusão das que se encontram em situação de risco ou em vias de exclusão social através de desenvolvimento de potencialidades, orientações, fortalecimento de vínculos familiares e desenvolvimento comunitário. Estimula, incentiva e conscientiza a comunidade da necessidade da proteção integral dos direitos das crianças e adolescentes, portadores de deficiência e idosos, levando-os a desenvolver o exercício da cidadania, tornando-os agentes construtores das transformações em suas vidas e, promove reuniões e palestras visando orientações e discussões de assuntos comuns.  Na parte prática as famílias desenvolvem atividades de horticultura e arte culinária. 


             No período noturno, o NAEEJA oferece às 2ª feiras, às 19h00, Atendimento Fraterno, às 20h00, Palestras Evangélico-doutrinárias, às 3ª feiras, às 19h45, estudo de O Evangelho Segundo O Espiritismo e, em seguida às 20h05, estudo de O Livro Nosso Lar; às 4ª feiras, as 14h00 preleção de O Evangelho Segundo O Espiritismo e às 5ª feiras o estudo da Mediunidade (atualmente o Livro dos Médiuns).
             O NAEEJA divulga o Espiritismo através da imprensa escrita no Jornal de São Manuel, município de São Manuel, com a coluna “Presença Espírita”. Na imprensa falada temos o Programa “Momento Espírita” na Rádio Nova AM, de 2ª a 6ª feira, às 09h50, e, na Rádio Integração FM de 2ª, 3ª e 4ª feiras as 21h50.              
             Por questões técnicas, a lei de doação do terreno teve que ser alterada e a pedido da Diretoria Executiva do Núcleo Assistencial Educacional Espírita “Joanna de Ângelis” (NAEEJA), a Prefeitura Municipal encaminhou novo projeto de lei à Câmara Municipal, que após sua aprovação foi sancionada pelo Prefeito Municipal, originando a Lei Municipal n° 280 de 21 de junho de 2004, publicada no jornal O Tempo, desta cidade, no dia 25 de junho de 2004, que autorizou o Prefeito a doar ao NAEEJA, sendo a escritura de doação da área lavrada no 2° Tabelionato de Notas da Comarca de São Manuel em 11 de agosto de 2004 sendo a Prefeitura Municipal representada no ato pelo Prefeito Flávio Roberto Massarelli Silva e o NAEEJA pelo seu Presidente Engº Natal Norogildo Ragozo.
             Em 29 de janeiro de 2005, mudamos para nossa sede própria à Rua Marcelo Giorgi, 180, Vila Ipiranga, ainda com muito a fazer para terminar a primeira fase da obra.
 Através do projeto “Reformando Creches”, implantado pela Usina São Manoel, fomos agraciados com uma verba que possibilitou o término da primeira fase de obras existentes, as quais já estavam em construção, e por isso possibilitou um ambiente mais aconchegante a todos os freqüentadores (crianças, adolescentes e adultos).
Temos ainda, necessidade de dar seqüência a esta construção para término da obra como um todo, portanto, todo auxílio será aceito com muito júbilo por todos nós.
              Para possíveis colaborações, temos duas contas bancárias, uma no Banco do Brasil e outra na caixa Econômica Federal, ambas na cidade de São Manuel, SP:

  CAIXA ECONÔMICA FEDERAL: Agência: 0902 – Conta Corrente: 03 000706-2 
  BANCO DO BRASIL: Agência: 6506-4 – Conta Poupança: 195914-X

             A atual Diretoria Executiva e o Conselho Fiscal do Núcleo Assistencial Educacional Espírita "Joanna de Ângelis" (NAEEJA) possui mandato até 31 de dezembro de 2013.

"BRINCAR É A TIVIDADE MAIS NATURAL DO MUNDO PARA QUALQUER CRIANÇA"


As escolas deveriam deixar as crianças brincarem por elas mesmas, sem intervir?

Sim, claro. Atualmente não deixamos as crianças brincarem por elas mesmas; queremos dirigir, monitorar, aperfeiçoar seus jogos, transformá-los em conquistas. É como se as atividades não formalizadas não fossem válidas. A forma mais rica de brincar é quando as crianças são livres para explorar o mundo, seguir a sua imaginação, criar as suas regras.

As crianças não estariam com tantas tarefas que desaprenderam a brincar - e precisam que alguém as ensine?

Estão, sim, atarefadas, pois achamos que o brincar sem estruturação é perda de tempo. Mas não acho que precisem aprender a brincar. Essa é a atividade mais natural do mundo para elas. Qualquer um que tenha passado algum tempo com crianças sabe que elas brincam sem precisar de ajuda. É verdade que muitas perderam um pouco do "brincar livre" por falta de tempo. Elas, de fato, precisam de alguma ajuda para voltar à ativa.

Recreio dirigido é uma superproteção?

Parece uma intervenção excessiva na vida das crianças. Não há nada de errado com atividades estruturadas, supervisionadas por adultos, mas só se as crianças também tiverem tempo para brincar por elas mesmas.

As crianças ficam menos espontâneas?

Sim, porque diminui o espaço para que a imaginação corra solta. Elas se tornam receptoras passivas em vez de protagonistas de suas aventuras. Em vez de usar seus cérebros para encontrar uma forma divertida de interagir, elas esperam que alguém lhes dê de bandeja a próxima atividade. Com os adultos no controle, elas nunca vão aprender a resolver conflitos, porque tiveram sempre alguém para resolver por elas.

O que seria um recreio ideal?

O intervalo na escola deveria ser apenas isso: um intervalo na rotina de atividades dirigidas por adultos. As crianças deveriam ter tempo suficiente para mudar o cérebro para o modo de relaxamento. E espaço adequado para conseguir inventar seus jogos e mundos.
Carl Honoré, HISTORIADOR
13 de fevereiro de 2011

Retirado do site: www.estadao.com.br

"CRIANÇAS - BRINCADEIRAS EM GRUPOS"

''Parece que as crianças não sabem mais brincar em grupo''

O que significa uma escola usar o recreio para sugerir atividades às crianças?

Parece que nossas crianças não sabem mais brincar, não sabem usar o espaço. O que eu gostaria que fosse feito é que ensinassem, mas depois deixassem elas brincarem. Pode ser muito útil nesse sentido.

Então é uma boa iniciativa?

Se não for todo o dia, para não perder o sentido do recreio. Pode servir para resgatar o sentido do recreio, ensinar a brincar em grupo. Mas, para isso, depois tem de largar as crianças, não ter nada organizado, dar a chance do não fazer nada. Ensinar e então ir embora.

As crianças não sabem brincar porque têm muitas tarefas?

Não é só isso. As casas têm cada vez menos espaços - na verdade, quase todo mundo mora em apartamento - e ninguém mais brinca na rua. Tem brincadeiras que desapareceram totalmente, como bola de gude. Muitas dessas brincadeiras coletivas não existem porque não existem mais grupos. Cada criança está lá falando no seu Orkut.

As brincadeiras de antigamente fazem falta?

Acho uma pena qualquer manifestação cultural que se perde. Faz muita falta para as crianças o brincar com colegas, o exercício da fantasia. O brincar não é só um ensaio para a vida adulta, é também um exercício de fantasia e contato com os outros.

A senhora acredita que as crianças estão superprotegidas?

Tenho um pouco de medo de falar que elas são superprotegidas, porque vivemos em um mundo muito violento. Elas estão muito protegidas mesmo, os pais têm muito medo, mas não dá para dizer que estão paranoicos; o mundo está mais perigoso. Se tem um ambiente em que ela pode brincar um pouco mais protegida, que é a escola, que pelo menos lá ela brinque.

Como deve ser o recreio ideal?

Conheço escolas com recreios maravilhosos, mas adianta dizer que o ideal era que tivesse lugar para que as crianças sentassem à sombra, que tivesse espaço para a criança correr, praticar um esporte? Fica até meio melancólico. O que se deve fazer é aproveitar o que se tem da melhor maneira.

Lidia Aratangy, PSICÓLOGA
13 de fevereiro de 2011

Retirado do site: www.estadao.com.br

COLABORE COM A INSTITUIÇÃO - FAÇA A SUA ENCOMENDA:


- PÃO CASEIRO;
- BAGUETES RECHEADAS (CALABRESA, FRANGO, FRANGO COM CATUPIRY, PRESUNTO E QUEIJO, GOIABADA COM CATUPIRY E OUTROS);
- ESFIRRAS;
- TORTAS (FRANGO, PRESUNTO E QUEIJO, CALABRESA E OUTROS);
- ROSCA DOCE (CREME, FRUTAS OU CANELA COM AÇÚCAR);
- BOLOS (FUBÁ E IOGURTE).

CONGELADOS - PRONTA ENTREGA:

- MACARRÃO CASEIRO;
- LASANHA PRONTA;
- RAVIOLI;
- RONDELI;
- MOLHO DE TOMATE.

LIGUE JÁ: (14) 3842-1098
E FAÇA SUA ENCOMENDA!


ESCOLAS PASSAM ATIVIDADES ATÉ NA HORA DO RECREIO...

Colégios particulares ensinam brincadeiras em 'recreios dirigidos'; especialistas criticam o controle excessivo dos adultos

Crianças que passam o dia sob controle de pais, babás e professores, com a agenda lotada de atividades, agora têm também suas brincadeiras da hora do recreio dirigidas por adultos. Cada vez mais colégios particulares adotam o chamado "recreio dirigido", na tentativa de resgatar formas saudáveis de brincar em grupo. Alguns educadores, porém, temem que a prática se torne mais uma maneira de controlar uma geração que já desfruta de pouca autonomia.

Escolas defendem que é seu papel oferecer um repertório de brincadeiras coletivas a estudantes normalmente confinados a espaços fechados e cercados de eletrônicos. "De 20 anos para cá acabou a brincadeira de rua. Um amigo mais velho me ensinou o pega-pega. Hoje eles aprendem onde?", questiona Cláudio Fernandes, coordenador de esportes do colégio bilíngue Stance Dual. Todos os dias são oferecidas três opções de atividades esportivas e culturais. Os alunos são livres para participar ou não.

Em alguns colégios, o recreio dirigido é considerado uma fase necessária para os pequenos, até que consigam brincar de formas variadas sem necessidade da interferência de um adulto. Na escola Pio XII, atividades educativas são sugeridas diariamente no recreio do 2.º ano. "O objetivo é melhorar a integração, desenvolver autonomia. A partir do 3.º ano, as crianças podem usar livremente o espaço do colégio, que é grande e cheio de verde", diz a orientadora Regina Toledo.

No colégio Humboldt, desde o semestre passado os estudantes do infantil e 1.º ano do fundamental têm um dia por semana o chamado "parque dirigido". "Temos um espaço grande, mas muitas crianças não têm repertório para usá-lo. Elas podem se apropriar das brincadeiras e depois brincar de maneira autônoma", explica a coordenadora Mariane Bischof.

Em geral, os pais se sentem confortáveis ao ver seus filhos brincando da mesma forma que eles faziam durante sua infância. "Lá ela pula corda, brinca de esconde-esconde e outras coisas. A Isabela adora - e eu gosto também, porque ela não fica só falando e aprendendo bobagem", diz Eliane Consorte, mãe de Isabela, de 6 anos, aluna do São Luís, onde uma vez por semana alunos de todas as séries têm atividades dirigidas durante os 45 minutos de intervalo.

Confiança. A antropóloga Adriana Friedmann, do movimento Aliança pela Infância, acredita que, apesar da boa intenção ao incentivar brincadeiras, os educadores deveriam confiar na capacidade dos alunos. "Elas criam, sim. Talvez não no primeiro dia, mas é só deixar a criança livre que vão surgir propostas. Falta um voto de confiança do adulto, ouvir e respeitar um pouco mais o que elas querem", diz.

Segundo Adriana, esse tipo de proposta acaba podando a iniciativa das crianças. "Elas estão sendo sempre direcionadas, ficam sempre esperando que alguém diga o que é melhor fazer, perdem autonomia."

A diretora pedagógica do colégio Sidarta, Claudia Cristina Silva, defende que as competências sociais surgem apenas com o convívio completamente livre durante o recreio. "Nas escolas, tudo já é tão dirigido. O intervalo é a única situação mais próxima da realidade, onde todos podem interagir livremente", explica. "O adulto tem de se colocar apenas como observador."

Social. Pois é em nome de um convívio mais harmonioso que algumas escolas promovem atividades no recreio. "É uma forma de mobilizar, integrar e diminuir os conflitos", afirma a orientadora Maria Isabel Camargo, do Móbile. Duas vezes por ano, professores dos 6.º e 7.º anos "estimulam" os alunos a organizar "recreios melhores". As turmas têm de eleger representantes, fazer um levantamento de jogos desejados e, por fim, organizar campeonatos.

Por uma insatisfação dos funcionários com as confusões na hora do lanche, há quatro anos o Santa Amália tem nos pátios mesas de jogos de tabuleiro e, uma vez por semana, um inspetor apita uma partida de futebol para cada ano. "Antes a gente tinha só muita correria", conta a coordenadora Isabel Cristina Castro.
13 de fevereiro de 2011
Luciana Alvarez -

Retirado do site: http://www.estadao.com.br/

Uma Certa Aracy

Eles se conheceram em Hamburgo, na Alemanha, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.

Ele, menino pobre, viu na carreira diplomática uma maneira de conhecer o mundo.

Em 1934, prestou o concurso para o Itamaraty e foi ser cônsul adjunto na Alemanha.

Ela, paranaense, foi morar com uma tia na Alemanha, após a sua separação matrimonial.

Por dominar o idioma alemão, o inglês e o francês, fácil lhe foi conseguir uma nomeação para o consulado brasileiro em Hamburgo.

Acabou sendo encarregada da seção de vistos.

No ano de 1938, entrou em vigor, no Brasil, a célebre circular secreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no país.

É aí que se revela o coração humanitário de Aracy.

Ela resolveu ignorar a circular que proibia a concessão de vistos a judeus.

Por sua conta e risco, à revelia das ordens do Itamaraty, continuou a preparar os processos de vistos a judeus.

Como despachava com o cônsul geral, ela colocava os vistos entre a papelada para as assinaturas.

Quantas vidas terá salvo das garras nazistas? Quantos descendentes de judeus andarão pelo nosso país, na atualidade, desconhecedores de que devem sua vida a essa extraordinária mulher?

Cônsul adjunto à época, seu futuro segundo marido, João Guimarães Rosa, não era responsável pelos vistos.

Mas sabia o que ela fazia e a apoiava.

Em Israel, no Museu do Holocausto, há uma placa em homenagem a essa excepcional brasileira.

Fica no bosque que tem o nome de Jardim dos justos entre as nações. O nome dela consta da relação de 18 diplomatas que ajudaram a salvar judeus, durante a Segunda Guerra.

Aracy de Carvalho Guimarães Rosa é a única mulher.

Mas seu denodo, sua coragem não pararam aí.

Na vigência do infausto AI 5, já no Brasil, numa reunião de intelectuais e artistas, ela soube que um compositor era procurado pela ditadura militar.

Naquele ano de 1968, ela deu abrigo durante dois meses ao cantor e compositor que conseguiu, sem ser molestado, fugir para país vizinho.

Ela o escondeu no escritório de seu apartamento. Aquele mesmo local onde seu marido, João Guimarães Rosa, escrevera tanta história de coronel e jagunço. Durante todos aqueles dias, o abrigado observava da janela, a movimentação frenética do exército no quartel do Forte de Copacabana.

Reservada, Aracy enviuvou em 1967 e jamais voltou a se casar. Recusou-se a viver da glória de ter sido a mulher de um dos maiores escritores de todos os tempos.

Em verdade, ela tem suas próprias realizações para celebrar.

Hoje, aos 99 anos, pouco se recorda desse passado, cheio de coragem, aventura, determinação, romance, literatura e solidariedade.

Mas a sua história, os seus feitos merecem ser lidos por todos, ensinados nas escolas.

Nossas crianças, os cidadãos do Brasil necessitam de tais modelos para os dias que vivemos.

Seu marido a imortalizou em sua obra Grande sertão: veredas. Ao publicar a obra, não a dedicou a ela, doou a ela seu livro mais importante.

Aracy desafiou o nazismo, o estado novo de Getúlio Vargas e a ditadura militar dos anos 60.

Uma mulher que merece nossas homenagens. Uma brasileira de valor. Uma verdadeira cidadã do mundo.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Uma certa Aracy, um certo João, de René Daniel Decol, publicado na Revista Gol(de bordo), de agosto 2007.

"APARÊNCIAS"

 Os princípios fundamentais do Espiritismo certamente nos induzem a
profundas e filosóficas reflexões. No entanto, muito sutilmente, as situações
cotidianas que vivenciamos nos fazem resvalar em velhos hábitos e sentimentos
cultivados no passado, quando então não dispúnhamos de tais conhecimentos.
Analisando os fatos, frequentemente deparamos com aquelas cenas
desagradáveis, bem comuns ao nosso planeta, quando surgem em nossos
monitores de televisão imagens chocantes, de extrema bestialidade,
protagonizadas por espíritos encarnados momentaneamente mergulhados no mal.
A bem da verdade, em nosso nível evolutivo, fazemos um grande esforço íntimo
para não nos contaminarmos com sentimentos menos dignos de revolta ou
desprezo, tentando mergulhar em ondas de compaixão e caridade, a fim de dirigir
um olhar compreensivo àqueles que ainda se encontram tão distanciados das
atitudes cristãs, e que, certamente, plantam hoje os espinhos que hão de colher
em futuras existências, em meio a penosas reparações.
Por outro lado, para ficar bem caracterizada nossa incoerência, tomemos o
exemplo de uma criança supliciada até a morte. Neste caso, não será nada difícil
nos envolvermos de maneira bastante espontânea com o drama daquele ser, e,
não raro, sentiremos algumas lágrimas sinceras rolarem de nossas faces,
lamentando profundamente o episódio.
Ao comparar os dois casos, podemos dizer que, em essência, são duas faces
de uma mesma moeda. Justamente porque, sob olhos racionais, e, tendo em vista
que ninguém sofre por acaso, concluímos que o espírito que hoje se despede do
mundo de modo tão trágico é aquele mesmo que, em alguma de suas existências
pretéritas, cometeu semelhante desrespeito a seu próximo. Vale dizer: a vítima
de hoje é, indubitavelmente, o algoz de ontem.
Perguntamos então: porque nos portamos de maneira tão distinta nas duas
situações explanadas? Bem, é apenas uma questão de aparência, já que, muito
corriqueiramente, nos deixamos iludir pelas transitórias formas carnais, olvidando
os conhecimentos notadamente reencarnacionistas, compreendidos, mas ainda
não totalmente assimilados. Ademais, num futuro ainda remoto, dotados, por
assim dizer, de um sentimento racionalizado, entenderemos que é bem mais
coerente que nos compadeçamos por aquele que hoje contrai uma dívida, do que
pelo que acaba de saldá-la.
Pelo que vemos, essas situações, se bem pensadas e pesadas, nos fazem
entrar num grande conflito íntimo, onde os nossos velhos conceitos se vêem
totalmente sacudidos pela razão explícita de que o Espiritismo é farto,
promovendo, em cada um de nós, uma verdadeira revolução íntima, ao mesmo
tempo avassaladora e suave.

José Marcelo G. Coelho
e-mail:
jmarcelo.vix@zaz.com.br

ENTREVISTA:

“O Centro Espírita será o que dele fizermos”

ORSON PETER CARRARA http://mce_host/compose?to=orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo (Brasil)
 O presidente da USE estadual de São Paulo fala sobre as dificuldades encontradas no movimento espírita e os planos
da instituição para os próximos anos


José Antônio Luiz Balieiro (foto), nosso entrevistado da semana, é o atual presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE), função que acumula com a presidência da USE Intermunicipal de Ribeirão Preto.
De família espírita, nascido em Franca (SP) e residente em Ribeirão Preto, Balieiro é, no meio espírita, vinculado ao Centro Espírita Amor e Caridade e ao Sanatório Espírita Vicente de Paulo, da mesma cidade.
Nesta entrevista, ele fala sobre o movimento espírita  paulista e seus projetos para o futuro à frente da USE.
O Consolador: O recente Congresso Estadual da USE, em Serra Negra, demonstrou uma vez mais a pujança e a força do movimento espírita paulista. Quais os resultados mais expressivos colhidos no recente evento?
No 14º Congresso da USE focamos o grande público, trabalhando o tema da vivência no amor, pelos caminhos da educação. Falamos sobre a importância do combate ao egoísmo, através da reformulação das instituições, fundamentalmente  o lar. Sensibilizamos os congressistas nesse sentido, promovendo um grande encontro de pessoas. Ainda apresentamos as nossas campanhas permanentes, relançando a Comece pelo Começo. Tivemos a oportunidade de mostrar aos congressistas o jeito de ser da USE. Esta postura foi diferenciada em relação aos nossos últimos congressos e marcou uma nova fase nesses eventos.
O Consolador: Qual a maior experiência colhida no exercício de presidência de um órgão de caráter estadual e com o dinamismo próprio do Estado de São Paulo?
A convivência na diversidade e na pluralidade, respeitando peculiaridades, diferenças e necessidades das mais diferentes áreas de trabalho e regiões geográficas, bem como dos órgãos de unificação que compõem a USE e das casas espíritas, considerando principalmente as individualidades.
O Consolador: A extensão territorial do Estado, a diversidade de opiniões e experiências chegam a ser um obstáculo de difícil superação?
Temos nos empenhado no trabalho de divulgação dos princípios espíritas e do Evangelho de Jesus, fato que se apresenta como a finalidade maior da casa espírita. A nosso ver este é o caminho da convergência, de colocarmos a causa acima do personalismo e autoritarismo. A ausência de compromisso, comprometimento e fidelidade à Doutrina Espírita é visível neste momento de transição, em que a prática espírita vem sendo substituída por práticas estranhas, campanhas menos dignas, interesses financeiros e pessoais. O Estado de São Paulo, por ser considerado de alto potencial pelas outras unidades da federação, em todos os sentidos, chama muito a atenção para si, e isto também acontece com o movimento espírita, atraindo investidas e posicionamentos que perturbam o dia-a-dia e a demanda do serviço na casa espírita. Quando se levanta a situação de obstáculo de difícil superação, temos de colocar a necessidade de estudo, análise e avaliação. A doutrina é saudável, o que fazemos dela, que é de nossa responsabilidade, é que tem sido o grande desafio. Vigilância é a palavra da hora.
O Consolador: Quantas instituições existem no Estado de São Paulo? E estão filiadas à USE?
Cadastradas pelo CNPJ temos no Estado mais de quatro mil instituições que se dizem espíritas. Sabemos que este apontamento carece de estudo mais adequado, o que não é de nossa competência. A USE mantém relacionamento permanente  com 2.200 sociedades, e tem unidas, comprometidas com a sua filosofia e com as tarefas de unificação, 1.400 casas espíritas. A troca de experiências, convivência no trabalho, relacionamento fraterno acontecem de modo espontâneo e natural nessa ação, facilitando e favorecendo o trabalho nas casas espíritas. É a história do feixe de varas...
O Consolador: Como você vê a ação do Conselho Federativo Nacional e sua integração com o trabalho realizado pelas federativas estaduais?
O Conselho Federativo Nacional, da Federação Espírita Brasileira, é o órgão que representa o movimento espírita brasileiro. É formado pelas federativas representativas dos Estados e do Distrito Federal, que lhe dão conteúdo e consistência. O CFN orienta o trabalho das federativas, sugerindo meios e ações para a orientação do centro espírita, o que facilita o estudo, a prática e a divulgação da Doutrina Espírita.
O Consolador: Quais, em sua opinião, as maiores dificuldades encontradas no movimento espírita, considerando-se a sua finalidade?
Estamos em fase de aprendizagem na convivência, envolvidos pelas nossas dificuldades pessoais, que se projetam na casa espírita e no movimento. Resolvendo as nossas dificuldades pessoais, as dificuldades de nossos lares, estaremos dando passo gigantesco para a solução das dificuldades institucionais. Isto depende da educação, já nos disseram os Espíritos Superiores, de nosso compromisso e responsabilidade com a Causa, de encarar e vencer o egoísmo. 
O Consolador: E as maiores alegrias?
Conviver com pessoas. As mesmas que provocam as dificuldades dão-nos também as alegrias. Basta aproveitar as lições cotidianas e crescermos no entendimento do outro. Temos na Doutrina Espírita um tesouro, um bem. Se ele é bom, vamos compartilhar com todos. Boa vontade e ânimo propiciam oportunidades no trabalho espírita, úteis ao nosso aprimoramento pessoal e coletivo.
O Consolador: O tríplice aspecto da Doutrina Espírita tem sido bem assimilado pelo movimento  espírita, com regiões e costumes tão diversos num país continental como o nosso?
No movimento orientado pelo CFN, âmbito de atuação das federativas estaduais, a assimilação e vivência dos aspectos doutrinários são naturais, e a campanha de divulgação do Espiritismo esclarece e orienta nesse sentido. Fora deste ambiente encontramos divergências semânticas, situações minoritárias e isoladas, não obstante atuantes e invasivas, que tentam afetar e embaraçar o trabalho na casa espírita.
O Consolador: Os misticismos e rituais ainda impregnados em instituições que se distanciam do estudo têm trazido prejuízos ao progresso da Doutrina Espírita no país?
Impregnados nas instituições e em personalidades com interesses individuais e de grupos, sim, trazem prejuízos, pois impedem o progresso da divulgação da doutrina, turvando os seus princípios e práticas. Todavia, pensamos que isto é processual e contribui para o aprimoramento de todos nós que estamos vivendo este momento, testando nossa firmeza de propósitos e responsabilidades. Os escândalos virão, é inevitável, mas ai daqueles que favorecem a sua chegada. “A prática espírita é realizada com simplicidade, sem nenhum culto exterior, dentro do princípio cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.” (Campanha de divulgação do Espiritismo - FEB/CFN.)
O Consolador: O aspecto religioso de nossa Doutrina traz inúmeros benefícios à alma humana, fortalecendo a fé, disseminando o socorro moral e espiritual e ainda incentivando o amor através do estímulo oferecido às obras de caridade, tão comuns em nosso país. Comente esse detalhe tão vivo de nossa cultura.
Aponta o folheto do Conselho Federativo Nacional na campanha de divulgação que “o Espiritismo traz conceitos novos sobre o homem e tudo o que o cerca, toca em todas as áreas do conhecimento, das atividades e do comportamento humanos, abre nova era para a regeneração da humanidade. Assim, deve ser estudado, analisado e praticado em todos os aspectos fundamentais da vida, tais como: científico, filosófico, religioso, ético, moral, educacional, social”. No aspecto religioso, abre para a conceituação da caridade tal como era entendida por Jesus: benevolência para com todos, indulgência para com as faltas alheias, perdão das ofensas. Esta é a dimensão da caridade para a comunidade espírita.

O Consolador: Quais os planos para o futuro da USE nos próximos anos?
Na parte material administrativa, torná-la autossustentável, como centro facilitador de troca de experiências, âmbito de convivência e relacionamento, favorecendo a adequação da casa espírita para que ela cumpra o seu papel social; na parte doutrinária e moral, aprimorar as tarefas de unificação para propiciar melhor e maior divulgação da Doutrina Espírita, através das casas unidas, e a vivência do Evangelho de Jesus. Manutenção do foco central, que representa a missão da USE: a Codificação Espírita, a Educação e a Promoção do ser humano.

O Consolador: E as marcantes campanhas da USE, sempre estimuladas com sucesso e boa assimilação, têm ações planejadas?
Em nosso plano geral de trabalho priorizamos as nossas campanhas permanentes. Em 2008, fortalecemos a campanha “O Evangelho no Lar e no Coração”, fazendo dela, junto ao CFN, uma campanha nacional; neste ano, 2009, estamos relançando a campanha “Comece pelo Começo”, fazendo do ESDE (Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita) meio para a sua implementação e divulgação. Em 2010, voltaremos a focar intensamente a campanha “Viver em Família”, criando motivações para o seu fortalecimento. Todas as nossas campanhas, somadas às campanhas do CFN/FEB permitem intensa movimentação dos órgãos da USE em  todas as regiões do Estado.
O Consolador: A bagagem histórica da USE, em suas décadas de atuação, trouxe e continua proporcionando fortalecimento do pensamento espírita e integração dos espíritas. Existe uma receita para ampliar ainda mais esse aspecto?
A nossa história é marcada com respeito e compromisso com a Doutrina Espírita. Formamos no estado uma rede que atua com liberdade e autonomia, preservando os princípios espíritas  com  lealdade e firmeza, tornando-nos compromissados com as tarefas de unificação, o que nos dá a oportunidade  do trabalho amigo e fraterno. A receita é geral e abrangente, está em Obras Póstumas, em trabalho eloquente do Codificador, quando exalta a liberdade, a igualdade e a fraternidade.
O Consolador: Algo mais que gostaria de acrescentar?
Neste momento de transição, registramos a importância do trabalho do dirigente espírita na orientação do trabalho de suas casas, onde as práticas devem ser as “práticas espíritas” e a responsabilidade pelo que acontece está em nossos ombros. Os Espíritos oportunizam, porém não fazem por nós. O Centro Espírita será o que dele fizermos. O estudo e a prática dos princípios da doutrina são o roteiro seguro para que alcancemos objetivos, cumprindo tarefas antes assumidas.
O Consolador: Suas palavras finais.
Agradecemos pela oportunidade de mostrar um pouco de nossa USE e de nosso trabalho. No Estado somos dirigentes de órgãos da USE,  em todos os seus níveis, distritais, municipais, intermunicipais e regionais, aproximadamente 1.100 trabalhadores da área de unificação federativa, todos prontos para informar e compartilhar atividades. O nosso convite para que se aproximem, conheçam, contribuam com este trabalho para que a Doutrina Espírita alcance o coração do homem e faça do nosso planeta um lugar de gente feliz.


MADEIRA PLÁSTICA
Madeira plástica tem que ser de lei

Calma. O planeta ainda não chegou ao ponto de lhe pedir para mobiliar a casa com madeira plástica. Mas está ficando difícil explicar por que ainda é preciso derrubar árvores para fazer banco de jardim, mesa de varanda, mourão de cerca, caibro de telhado, estaca de píer ou deque de piscina. Tudo isso já se faz sem ligar a motosserra, com ripas que vêm do lixo, em vez de serem arrancadas das florestas.

E às vezes que é feito com ela sai até melhor do que antes, como acontece com os dormentes. Nesse caso, posta sob as linhas ferroviárias, onde as toras clássica de eucalipto, encharcadas de creosoto, porejam ao longo de sua vida útil, um veneno capaz de contaminar o solo, a madeira plástica brilha como trilhos, indicando o caminho por onde certamente correrão as estradas de ferro do futuro.

É que, ao contrário da madeira natural, a plástica vem de fábrica imunizada contra fungos, cupins e outras pragas. Dura, deixada ao tempo, pelo menos 50 anos, sem tratamentos tóxicos. Resiste a cargas de até 80 toneladas, que reduziriam dormentes convencionais a maços de farpas. E amortece as vibrações que esmerilham rolamentos nas rodas dos trens, coisa que um bloco de concreto não faz.

Mas o melhor é que a madeira plástica é feita de frascos, garrafas, copos descartáveis, embalagens e outros fantasmas de poliolefina que poluem a xepa urbana. Sobretudo no Brasil, onde 76% dos resíduos são jogados a céu aberto e a nata de PET que bóia na Baía de Guanabara tem sido o indício mais persuasivo de que o programa de despoluição botou fora onze anos e US$ 800 milhões de dólares.

Ver a madeira plástica brotar como pasta de bisnaga – com forma, textura e até cor da madeira verdade – do caldo de entulho petroquímico digerido pela máquina parece mágica até para quem aposta pesado nesse novo trunfo da reciclagem. “Sempre que vejo ela saindo do molde eu me impressiono como da primeira vez”, diz Geraldo Pilz, que fabrica por semana três toneladas de madeira alternativa na Baixada Fluminense.

Ele é dono da Cogumelo, uma fábrica de perfis em fibra de vidro plantada em Campo Grande, a antiga Zona Rural do Rio de Janeiro. Pilz tem 65 anos. Sua fábrica, 31. Mas ambos ainda vivem correndo atrás de atrás de novidades. Ele é aquele tipo de empresário que conversa com a mão no ombro do funcionário, “para ele relaxar”. Formou-se em economia, mas vai logo avisando que não tem nem quis ter M.B.A., o diploma americano de mestrado em administração que se traduz em português por altos salários em administração de empresas. “Eu só tenho T.B.C.”, declara.

T.B.C. quer dizer: “Tire a Bunda da Cadeira”. É o mesmo diploma que ele cobrou do filho, para quem vai agora passando aos poucos as rédeas da empresa. Daniel Pilz nasceu no mesmo ano da Cogumelo, fez em desenho industrial. Foi campeão sul-americano de wind-surf e andou metido com pára-quedismo e vôo-livre. Estava quase se profissionalizando em esportes radicais quando o pai o chamou da Austrália para cursar o T.B.C. em Campo Grande.

Chamar a Cogumelo de empresa familiar é eufemismo. Além de Daniel, Áurea, a mulher de Geraldo, trabalha na administração da fábrica. Os três têm o hábito de chegar cedo e sair, comer de bandejão e encaixar visitas a clientes em viagens de recreio. O filho, nos fins de semana, veste a camiseta da firma e carrega sempre em cima do carro, um Land Rover, as escadas de alumínio e fibra de vidro que foram o penúltimo lançamento da fábrica, antes da madeira plástica.

É um modo de mostrar ao mundo que ela existe. Essas escadas desembarcaram no Brasil há poucos anos. Ao resolver produzi-las aqui, com licença da Werner Ladders americana, Pilz foi visitar pessoalmente velhos fabricantes de escadas de madeira no mercado nacional, para lhes falar das excelências do similar em liga leve. Queria, na época, oferecer-lhes a matéria-prima. “Mas eles me puseram para correr e não tive outro jeito senão fabricar eu mesmo as escadas”, conta Pilz. Dispensado como fornecedor, tornou-se concorrente da indústria tradicional e acabou por lhes tomar grandes clientes, como companhias de eletricidade, telefônicas e até bombeiros.

Aliás, “a vantagem de circular com essas escadas na capota é que as pessoas pensam que meu carro é da Telerj”, explica Daniel. Em teoria, assaltantes não se interessam por carros da Telerj. Na prática, a família inteira se comporta como propaganda ambulante da Cogumelo, que originalmente se especializava em produtos mais ou menos obscuros, como cabos, tubos, grades e outros produtos de uso industrial.

Oficialmente, ela se apresenta como uma fábrica de “pultrudados”. Mas não adianta procurar no dicionário. A palavra não existe. É um neologismo estritamente técnico, trazido diretamente do inglês para batizar o processo contínuo de modelagem da fibra de vidro em formas quentes. Trata-se, em resumo, de uma variante patenteada da extrusão. Nos primeiros tempos, dava um trabalho danado explicar aos leigos o que vinha a ser aquele “pultrudado” impresso no logotipo da firma, cada vez que Daniel parava o Land Rover em estacionamentos públicos.

Com tais antecedentes, vender madeira plástica num país que ainda não começou a comprá-la é o de menos para os Pilz. Não é a primeira vez que eles promovem soluções para problemas que não parecem incomodar os brasileiros. A própria Cogumelo só está aí porque, trinta e tantos anos atrás, Geraldo Pilz se rebelou contra o conteúdo das caixas de componentes importados que costumava abrir na Caterpillar da Bahia. Era então gerente de peças. E não entendia por que o Brasil deveria que trazer do exterior bugigangas que qualquer país é capaz de fazer, como “tijolo de ferro com um furo no meio” ou lâmpada G&E para trator Caterpillar.

De tanto dicsutir, mudou-se para a Sotreq, no Rio de Janeiro. Onde continuou recebendo os mesmos contêineres com as mesmas encomendas. “Não era isso que eu queria fazer na vida”, ele alega. Demitiu-se, pegou o fundo de garantia e, “com a cara, a coragem e a mulher grávida”, fundou em 1972 a Indústria de Componentes de Tratores Ltda. Era um oficina de fundo de quintal. Fazia tetos em fibra de vidro para trator porque, naquele tempo, “tratorista tinha que trabalhar num banco aberto, cozinhando ao sol”.

O produto emplacou. Emplacou tanto que, na virada dos anos 80, todos tratores nacionais passaram a sair da linha de montagem com tetos iguais ao seu, mas feitos pelas grandes marcas. A fabriqueta de Pilz foi à lona. Chegara a fazer 80 cabines por dia. Estava reduzida a meia dúzia. E, para piorar as coisas, o proprietário tinha brigado com os antigos clientes, processando-os por abuso de poder econômico. Foi quando caiu nas mãos de Pilz uma revista técnica, contando que nos Estados Unidos já se faziam perfis em fibra de vidro pela tal da pultrusão.

“Fui na mesma hora para lá, bater na porta de quatro empresas, com meu inglês de índio”, ele lembra. “Numa delas, a da Pensilvânia, o sujeito que me recebeu estava usando botas. Eu me senti no lugar certo. Fomos almoçar. Pedi-lhe para comprar a tecnologia, mas não as máquinas, porque isso o Brasil podia fazer para mim. Ele topou e quis saber quando eu mandaria para meu engenheiro para o treinamento. Respondi que o engenheiro tinha que ser eu mesmo”.

Pagou o know-how em oito parcelas. Ao fechar o contrato não tinha dinheiro para a primeira prestação. Mas, no Rio, os funcionários se reuniram com Áurea e lhe ofereceram um crédito no valor do décimo-terceiro salário que tinham a receber. Dos 30 empregados que entraram nessa coleta, 15 trabalham até hoje na casa. Os outros só saíram aposentados.
Com o fiasco das cabines de tratores, ele tinha aprendido “que no Brasil a gente tem que diversificar, para resistir. Senão, quando vem uma crise, e aqui sempre vem uma crise, o empresário demite os funcionários que não tinham nada a ver com isso. Quem tem obrigação de prever a crise é o patrão”. Hoje, a Cogumelo funciona com 150 funcionários.

Pilz chegou à madeira plástica de tanto procurar opções conta os achaques do mercado. “Na ocasião, nem me passou pela cabeça que ela também tinha vantagens ambientais. Depois é que a ecologia me entrou no sangue. Mas estava mesmo era querendo um jeito de depender menos das multinacionais que me fornecem a matéria-prima. Fibra de vidro custa muito caro para o Brasil. Eu geralmente acompanho seu preço, comparando-o com a cotação do quilo de filé-mignon”.

O remédio estava na reciclagem de lixo. Pilz pôs o olho nas fábricas americanas que, nos anos 90, tiraram proveito da legislação ambientalista. Depois que as construtoras tiraram as mãos das últimas reservas públicas de cedro e sequóia, até madeireiras tradicionais, como a Georgia-Pacific e a Weyerhaeuser, deram para oferecer aos consumidores deques pré-fabricados em madeira plástica.

Pilz comprou a tecnologia de Scott Hauser, ex-sócio minoritário da U.S. Plastic Plumber, pioneira do ramo. E fez o serviço completo. Trouxe-o ao Brasil para ver como funciona a coleta de lixo no aterro sanitário de Gramacho, com crianças disputando espaço com urubus. “Sou da opinião que eles têm que conhecer nossos problemas”, diz ele. Também lhe ofereceu, neste verão, um mês de férias no Rio de Janeiro por conta da empresa, aproveitando sua presença aqui para dar os últimos retoques em sua máquina.

A Cogumelo sozinha. Sua madeira plástica não tem concorrência, exceto a que é feita, por processos meio artesanais, numa fazenda devotada à recuperação de drogados no interior de São Paulo. O problema é que o país mal sabe que ela existe. A começar pelos marceneiros. Ela pode ser furada, serrada, aparafusada e pregada como a madeira comum. Dispensa verniz. Vem tingida de fábrica, para sempre. Custa mais ou menos o mesmo que o metro quadrado de pinho. Sai da fábrica em vários calibres. E seu comprimento, como não tem relação com altura de árvore, só tem um limite: a capacidade que tem o cliente de transportá-la.

Então está tudo resolvido? “Não”, responde Pilz. Porque falta, como sempre, a parte do governo. “E não estou pedindo favor nenhum”, ele ressalva. Só quer que a lei descubra a madeira plástica. Nos Estados Unidos, ela pegou graças aos dispositivos que inibem o desmatamento ou proíbem caminhões que transportam alimentos de usar prateleiras de compensado natural, sujeitas a rachadores que viram ninhos de fungos. Por por essas e outras, 25 fábricas americanas já fazem madeira plástica, produto que mal passou do décimo aniversário.

Aqui, a Cogumelo tem que montar bancos e mesas de jardim, para mostrar que a reciclagem funciona. Basta-lhe uma única máquina para suprir toda a demanda. Mas a Companhia Vale do Rio Doce encomendou, experimentalmente, os primeiros dois mil dormentes de madeira plástica. Dois mil dormentes dão um quilômetro de linha férrea. E consomem 160 toneladas de lixo plástico.

Quer saber o que isso significa? Multiplique a equação da CVRD pelos trilhos da rede ferroviária nacional. Ou por qualquer outra equação que troque por ela a madeira vegetal desperdiçada em portos, construção civil ou cercados. O resultado, conclui Geraldo Pilz, “é que a esta hora eu estaria cercado de concorrentes e pagando anúncios na televisão, pedindo para comprar a domicílio todo o lixo plástico que os cariocas quisessem me vender. Dava para buscá-lo de casa em casa. E ele sumiria de nossas cidades, como sumiu a lata de alumínio, desde que o Brasil resolveu reciclá-la”.
http://www.cogumelo.com.br/policog/imprensa.html
fonte: http://www.mundosustentavel.com.br/


Marcos Sá Correa

VIDA E SAÚDE "CUIDADOS DE VERÃO"

Precauções gerais:

Sempre que possível, evite sair nos horários em que o sol estiver a pino, das 10h às 16h. Prefira sair de manhãzinha ou ao entardecer.


  • Use filtro solar, sempre.



  • Evite ficar exposto ao sol, procure caminhar pela sombra.


  • Prefira uma alimentação leve: frutas suculentas, saladas - e, é claro, um sorvetinho para refrescar.


  • Mantenha-se hidratado: beba bastante líqüido, a toda hora. Nem espere a sede reclamar.


  • Evite bebidas com cafeína, álcool ou muito açúcar. Eles vão fazer com que você perca ainda mais líqüido corporal.


  • Facilite a transpiração: use roupas folgadas, de tecidos leves e claros.


  • Uma boa idéia é incluir um chapéu ou boné no figurino.



  • Também não se esqueça dos óculos escuros. Mas não adianta ser qualquer um: ele precisa ter proteção ultravioleta total para evitar queimaduras da córnea e da retina, que causam lesões irreversíveis.


  • Para se refrescar nos momentos mais críticos procure, se puder, um ambiente público (shopping, biblioteca) com ar-condicionado. Mesmo que você não permaneça no local por muito tempo, essa providência vai ajudar a manter seu corpo mais fresco quando você tiver que retornar para o calor.


  • Mas, para aliviar mesmo, nada melhor do que água. De acordo com suas possibilidades, lave rosto, nuca, braços e mãos, tome uma ducha fria, mergulhe na piscina ou tome um banho de mar.



  • Tenha um cuidado ainda maior com bebês e crianças, maiores de 65 anos e pessoas doentes - especialmente cardíacos ou com pressão alta.