O ESPÍRITO DA VERDADE
Meu irmão, não te permitas impressionar
apenas com as alterações que convulsionam hoje todas as frentes de trabalhos e
descobrimentos na Terra.
Olha para dentro de ti mesmo e mentaliza o
futuro.
O teu corpo físico define a atualidade do
teu corpo espiritual.
Já viveste, quanto nós mesmos, vidas
incontáveis e trazes, no bojo do espírito, as conquistas alcançadas em longo
percurso de experiências na ronda dos milênios.
Tua mente já possui, nas criptas da
memória, recursos enciclopédicos da cultura de todos os grandes centros do
Planeta.
Teu períspirito já se revestiu com porções
da matéria de todos os continentes.
Tuas irradiações, através das roupas que te
serviram, já marcaram todos os salões da aristocracia e todos os círculos de
penúria do plano terrestre.
Tua figura já integrou os quadros do poder
e da subalternidade em todas as nações.
Tuas energias genésicas e afetivas já
plasmaram corpos na configuração morfológica de todas as raças.
Teus sentidos já foram arrebatados ao
torvelinho de todas as diversões.
Tua voz já expressou o bem e o mal em todos
os idiomas.
Teu coração já pulsou ao ritmo de todas as
paixões.
Teus olhos já se deslumbraram diante de
todos os espetáculos conhecidos, das trevas do horrível às magnificências do
belo.
Teus ouvidos
já registraram todos os tipos de sons e linguagens existentes no mundo.
Teus pulmões já respiraram o ar de todos os
climas.
Teu paladar já se banqueteou abusivamente
nos acepipes de todos os povos.
Tuas mãos já retiveram e dissiparam
fortunas, constituídas por todos os padrões da moeda humana.
Tua pele, em cores diversas, já foi beijada
pelo sol de todas as latitudes.
Tua emoção já passou por todos os transes
possíveis de renascimentos e mortes.
Eis por que o Espiritismo te pergunta:
— Não julgas que já é tempo de renovar?
Sem renovação, que vale a vida humana?
Se fosse para continuares repetindo aquilo
que já foste e o que fizeste, não terias necessidade de novo corpo e de nova
existência — prosseguirias de alma jungida à matéria gasta da encarnação
prece-dente, enfeitando um jardim de cadáveres.
Vives novamente na carne para o burilamento
de teu espírito. A reencarnação é o caminho da Grande Luz.
Ama e trabalha. Trabalha e serve.
Perante o bem, quase sempre, temos sido
somente constantes na inconstância e fiéis na infidelidade, esquecidos de que
tudo se trans-forma, com exceção da necessidade de transformar.
Militão Pacheco.
Fonte: XAVIER, Francisco, Cândido. O ESPÍRITO DA VERDADE. (Autores Diversos), cap. 18, FEB, 9ª Edição, 1992
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