quinta-feira, 5 de abril de 2012

O MÉDIUM DO DR. FRITZ

Nesta semana, a imprensa do país inteiro veiculou notícia envolvendo o médium Rubens Faria Jr., conhecido em todo o território nacional e fora dele por desenvolver atividade mediúnica ligada a "curas". Desde 1984 o engenheiro diz "incorporar" o Espírito conhecido como Dr. Fritz, e realiza as chamadas "cirurgias espirituais". As acusações contra o médium são das mais graves: enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, homicídio doloso, omissão de socorro e exercício ilegal de medicina.
Os problemas de Rubens Faria Júnior, de 44 anos, começaram há cerca de oito meses, no desentendimento com sua mulher, Rita Costa, de 34 anos, de quem o médium se separou. O motivo, segundo ela, foi o comportamento adúltero do esposo. Na versão dele, as acusações seriam por conta de sua fúria em não mais ter acesso ao dinheiro que arrecadava com seu "trabalho". Por cada consulta a pessoa pagava R$ 20,00, além de alugar cadeiras para sentar-se na espera e taxa de estacionamento dos carros. Ele afirma ainda, que ela e seu irmão cobravam pelas cirurgias realizadas e faziam esquemas com as senhas distribuídas aos pacientes.
Em meio a essa guerra conjugal vão surgindo gravíssimas acusações, como a história da morte de pessoas atendidas por ele, da sonegação de impostos e do envolvimento com pessoas ligadas ao tráfico de drogas, além de todas as outras já citadas. O médium está proibido de deixar o país, por ordem do juiz Alcides Martins Ribeiro Filho, da 41ª Vara Federal.
Já estão envolvidos na investigação a Polícia Federal, a Polícia Civil, a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro e o Conselho Regional de Medicina do Estado. Segundo a imprensa, o médium tentou o suicídio há três dias, utilizando-se do medicamento Isordil.
Rubens Faria fez sucesso por um bom tempo. Ultimamente a TV, na frenética busca por audiência, tem feito matérias sobre o transcendente e o engenheiro participava ativamente dos programas. Falava com desenvoltura sobre suas atividades, dizendo não entender muito bem por quê, mas sabia que tinha uma missão a cumprir com o Espírito que o assistia.
Naturalmente, como não poderia deixar de ser, o fenômeno chamou a atenção do povo e logo veio a fama. Na extensa relação de clientes famosos do médium estariam, entre outros, o ex-presidente João Figueiredo, o carnavalesco Joãosinho Trinta, o treinador de futebol Telê Santana e o ex-ministro da Cultura Antonio Houaiss. Rubens diz que também operou o ator americano Cristopher Reeves, o Super-Homem do cinema, que ficou tetraplégico ao cair de um cavalo.
O objetivo deste comentário é informar o leitor sobre o assunto Rubens x Fritz. Na verdade, todos têm o direito de fazer o que bem entender de suas vidas. Neste caso, não poderia ser diferente. É inegável a capacidade medianeira deste homem, agora colocado no banco dos réus pela justiça terrena. A necessidade deste artigo se deve ao fato de que a mediunidade é largamente confundida com Espiritismo, devido a característica extremamente mística que se deu aos centros espíritas e suas respectivas atividades com a mediunidade.
Para o leigo, tudo o que envolve Espíritos é do Espiritismo. Como a mediunidade se difundiu no país de forma muito comum, por inúmeros fatores que não cabe aqui comentar, os centros espíritas absorveram grande parte desses médiuns, a maioria egressos da prática umbandista, esotérica e outros, e não tiveram o cuidado de instruí-los na ciência espírita. O resultado disso se vê hoje de forma preocupante, pois a mediunidade tornou-se a atividade de frente das casas espíritas, com médiuns ocupando lugares de destaque, como se não fossem unicamente instrumentos de intercâmbio entre os dois mundos. Valoriza-se o fenômeno em detrimento da instrução. Mas isso é outra história.
Com a mediunidade popularizada, a comunidade passou a interpretar toda forma de manifestação de Espíritos como prática da Doutrina Espírita. E aí entram os terreiros de umbanda, quimbanda, as tendas, os médiuns operadores, receitistas e toda sorte de charlatões. Entretanto, Allan Kardec é claro quando instrui sobre o assunto em O Livro dos Médiuns. Ele afirma que a faculdade propriamente dita é orgânica e, portanto, independente da moral. Já não acontece o mesmo com o seu uso, que pode ser bom ou mau, segundo as qualidades do médium.
Embora trabalhasse com Espíritos, o trabalho desenvolvido pelo médium carioca não era espírita. Nada tinha a ver com a prática ensinada por Allan Kardec. O trabalho de curas espirituais realizado dentro dos centros espíritas, atua no campo perispiritual, não sendo necessário a intervenção no corpo físico. Isso, entretanto, não invalida o fenômeno e o trabalho de médiuns que dedicaram-se a essa tarefa. O trabalho existe e tem sua finalidade. Todos sabem de médiuns que trabalharam nesse campo obscuro da ciência espiritual, como José Arigó e Edson Queiroz, e que desempenharam suas tarefas sem se renderem ao brilho do ouro. Nada cobravam por sua dedicação. Edson era médico e quase teve seu registro cassado pelo respectivo conselho, mas não parou com seu trabalho com os Espíritos. Ambos tiveram morte trágica, o que acabou criando uma lenda em torno dessas figuras.
Outra coisa que merece esclarecimento é o fato desses fenômenos serem todos tidos como de bons Espíritos. Ora, se o uso da mediunidade tem a ver com a moral do médium, os bons Espíritos procurarão médiuns de moral mais elevada para com eles trabalharem. Portanto, dependendo da intenção que anima o médium na tarefa, serão as companhias que lhe secundará. Os Espíritos bons não se prestam a trabalhos onde está em jogo o enriquecimento fácil e todas as torpezas que envolvem o ser humano, quando utiliza de um dom dado por Deus para seu aprimoramento e locupleta-se na opulência material. Sobre isso os Espíritos superiores dizem que os médiuns que usam mal sua faculdade serão duplamente punidos, pois perdem a oportunidade de aproveitar um meio a mais de se esclarecerem. Aquele que vê claramente e tropeça é mais censurável que o cego que cai na valeta, afirmam.
Necessário, pois, que se tenha cautela com essas práticas, mesmo que estejam sendo realizadas dentro das casas espíritas. Normalmente são feitos por médiuns que pouco ou nenhum conhecimento têm da mediunidade, não sabendo portanto com que armas está lidando. Além do que, médiuns que detêm essas e outras potencialidades são naturalmente sujeitos a lisonjas e endeusamentos, todos justificados pela ignorância de seus seguidores. Se não têm bom alicerce moral, fatalmente cairão na armadilha do orgulho e da vaidade, verdadeiros monstros que funcionam como pedra de tropeço na tarefa da maioria deles.
Por fim, é utilizar dos ensinos desta triste experiência para alertar-nos para a seriedade da prática santa da mediunidade. Sem o estudo disciplinado e constante das obras da codificação espírita a mediunidade pode trazer muito mais prejuízos que benefícios. Praticar mediunidade sem estudo é como querer entender de medicina sem passar pelos bancos da faculdade. No máximo praticarão o charlatanismo. A mediunidade sem Jesus, portanto, não faz nenhum sentido.
Vanda Simões

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Muito bom seu texto! Críticas? Sempre haverá da parte dos ignorantes, que nada produzem e querem desqualificar os que trabalham.

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  3. Muito bom!!!! Confesso que fui curada pelo Dr. Fritz porem não acredito que ele sabia da cobrança feita pelo Rubens. Uma pena porque sou uma entusiasta por esta medicina inexplicável. Se houvesse a compreensão e comportamento cristão seria a solução imediata e a compreensão espiritual a médio prazo....

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    1. Onde você foi curada tenho hérnia disco preciso ser curado :( me envie um email mdzoficial@gmail.com

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    2. Onde você foi curada tenho uma hérnia de disco entre outras limitações me ajudem por favor
      Meu email e
      mdzoficial@gmail.com

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  4. Lembrando que Deus capacita os escolhidos! Portanto quem é medium ja vem com o conhecimento nato! Os mentores ensinam! Enquanto ao Rubens, o dinheiro era revertido a gazes e produtos que nao era o governo que fornecia! As acusaçoes que sofria é de gente recaucada que como Fritz bem afirma, maledicentes futuros pacientes! Pense!

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