quinta-feira, 27 de outubro de 2011

NOSSOS DIAS: 
CURSO DE CULINÁRIA NO NAEEJA:




Veja como foi a 4ª visita de
Divaldo Franco à Austrália
O orador passou uma semana em terras australianas,
onde os 150 anos de O Livro dos Espíritos foram
lembrados tanto em Sidney como em Melbourne

Em setembro último, Divaldo Pereira Franco visitou a Austrália pela quarta vez, a convite da Fundação Joana de Cusa e da Casa Espírita Franciscanos (Joana de Cusa Foundation And Franciscan’s Spiritist House), instituições co-irmãs sediadas em Sydney.
A programação da estada de Divaldo em terras australianas iniciou-se no dia 17 de setembro com um jantar com os confrades da Casa Espírita Franciscanos.
No dia 18, no Grand Barclay (Level 1 – 588 Princes Highway – Rockdale – Sydney), Divaldo ministrou seminário focalizando o tema “Depressão”, escolhido em atendimento a um grande número de pedidos  (fotos).
No dia 19, o tema do seminário foi “Iluminação interior e Encontro com a Paz e a Saúde”, quando ocorreu o lançamento na cidade do livro “Encontro com a Paz e a Saúde”, de Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco. Surpreendeu a todos o número de exemplares vendidos na ocasião.



No dia 20, encerrando sua estada em Sidney, o tema foi “Espiritismo”, quando se prestou uma  homenagem  aos  150 anos do Livro dos Espíritos. Andando por Sidney, Divaldo foi abordado varias vezes, em  plena avenida, por fãs que o reconheceram, fato que se repetiu também no Aeroporto de Sidney, quando uma jovem aproximou-se dele, muito alegre, para cumprimentá-lo.
Concluídas as tarefas em Sidney, Divaldo e seu primo Nilson Pereira seguiram para Melbourne, onde, no dia 21 de setembro, o orador proferiu nova palestra focalizando o tema “Espiritismo”, em homenagem aos 150 anos do Livro dos Espíritos.
No dia seguinte, um sábado, os Franciscanos se reuniram à tarde na Casa Espírita para uma reunião de estudos e de orientação, oferecendo-lhe, a ele e a Nilson, um jantar de despedida.
O domingo, dia 23, foi dedicado a um passeio pelos pontos turísticos da cidade, ocorrendo depois a viagem para Auckland, Nova Zelândia, onde Divaldo cumpriu novas tarefas.
Os espíritas australianos desde já se preparam para a 5a visita de Divaldo Franco, o que vai se dar em 2008, conforme programa estabelecido e aprovado pelo estimado confrade.
Em nome dos espíritas da Austrália, rogamos a Deus, a Jesus, a Joanna e a Francisco de Assis pela saúde e permanência desses nossos irmãos, que nos trazem o amor, a paz, a alegria e o conhecimento do Espiritismo, essa Doutrina de Amor.

GLORIACOLLAROY
gloriacollaroy@optusnet.com.au
Sidney, Austrália
FINADOS


O culto aos mortos é uma tradição que já existia entre os povos primitivos. Na Igreja Católica, celebra-se o Dia de Finados em 2 de novembro, com visitas ao cemitério e orações pelas almas dos defuntos.
Esse dia foi oficialmente instituído pela Igreja Católica no século X, denominado, na liturgia, omnium fidelium defunctorum.         
Com o passar do tempo, a comemoração ultrapassou seu exclusivo aspecto religioso, para revelar uma feição emotiva: a saudade de quem perdeu entes queridos.
O culto aos mortos foi uma das práticas fundamentais de quase todas as religiões, mesmo as mais primitivas. Os mortos, como as sementes, eram enterrados com vistas a uma ressurreição. Assim, a idéia central da festa dos mortos era a mesma dos ritos agrários e da fecundidade.
O binômio morte-fertilidade explica a primitiva celebração de finados, com banquetes perto dos túmulos. Essa associação é que levou o homem primitivo a implorar a proteção dos mortos para o êxito das colheitas e das plantações.  Na antiguidade greco-romana, o culto das almas era celebrado com o cerimonial da vegetação. Hipócrates acreditava que os Espíritos dos mortos “faziam germinar e crescer as sementes”.  Os hindus comemoram os mortos em plena colheita, como a festa principal do período.
Os iorubás, segundo Melo Morais Filho, comemoravam, na Bahia, o dia de finados com preces, cantos e danças. Em outros lugares do Brasil, havia refeições fúnebres próprias desse dia. Em Alagoas e no Estado do Rio de Janeiro, realizavam-se bailados, jejuns, sacrifícios de animais e banquetes. (Enciclopédia Barsa).
Pois bem: Allan Kardec não ficou alheio a essa celebração. Como o costume orientava, e ainda orienta, em relação, pelo menos em pensamento, os que ainda estão aqui com os que já se foram para o além-túmulo, entendeu ele de formular algumas indagações aos Espíritos, objetivando fixar o comportamento do espírita em face dessa tradição.
A matéria está tratada nas questões 320 a 329, de O Livro dos Espíritos, que gostaríamos de recordar.
Primeira indagação − Sensibiliza os Espíritos o fato de se lembrarem deles as pessoas que lhes foram caras na Terra?
− Muito mais do que podemos imaginar. Se os Espíritos são felizes, essas lembranças aumentam-lhes ainda mais a felicidade.  Estão-se sofrendo, a nossa boa lembrança lhes serve de lenitivo.
Hoje, porém, através de obras mediúnicas inúmeras que foram surgindo ao longo do tempo, tivemos avanços importantes que balizam nosso comportamento, quando atingidos pela perda de entes caros.  Sabemos, por exemplo: que as lágrimas de desespero prejudicam demais a readaptação e o equilíbrio do ente querido que partiu; que, pelo mesmo motivo, não devemos abrigar qualquer sentimento de revolta, sejam quais forem as circunstâncias da perda; que não devemos guardar, como recordação, as coisas que a eles pertenceram; que, ao contrário, devemos doá-las a  pessoas mais necessitadas que delas possam se servir; que, ao recordarmos aqueles que partiram, devemos fazê-lo sempre recordando-os  nos momentos  de   alegria e  de paz; que não devemos culpar ninguém pela ocorrência do óbito; que devemos confiar em Deus e orar por eles e por nós; que podemos chorar, sim, pois as lágrimas nos fazem bem, desde que não sejam geradas pela mágoa ou pela revolta.
2ª. Indagação: − O dia de Finados é, para os Espíritos, mais solene do que os outros dias? Agrada-lhes irem ao encontro dos que vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos?
− Não é esse dia mais solene do que qualquer outro.  Atendem nele ao chamado dos que na Terra lhes dirigem o pensamento, como fariam noutro dia qualquer. Nada de especial.  Apenas, acorrem, em maior número, porque maior é o número das pessoas que pensam em seus mortos nesse dia. Não é, entretanto, a multidão de gente nos cemitérios que os atrai, mesmo porque os espíritos que lá comparecem, só o fazem pelos amigos que porventura neles pensem.
3ª. Indagação: − E os Espíritos esquecidos? Aqueles nos quais ninguém mais costuma pensar? Ficam tristes porque ninguém deles se lembra?   Porque ninguém visita seus túmulos?
− Absolutamente. Não estão nem aí para o pouco caso que lhes fazem à memória. Que lhes importa a Terra? Só pelo coração se acham presos a ela. Desde que ninguém mais aqui lhes vota afeição, não há por que se prenderem ao planeta. 
4ª. Indagação: − Que é mais importante para o Espírito: a visita ao túmulo onde estão enterrados os restos de seu corpo ou a prece que por ele a pessoa faça em sua própria casa?
− A visita ao túmulo mostra apenas que a pessoa pensou naquele que já partiu. É a representação exterior de um fato íntimo. Já a prece, não. Ela é que santifica o ato da rememoração. E não importa o lugar onde é feita, desde que seja feita com o coração.
5ª. Indagação: − E aqueles Espíritos a quem se erigem estátuas ou monumentos reverenciando-lhes a memória?  Gostam disso? Costumam comparecer a essas homenagens?
− Muitos comparecem, quando podem. Porém, menos os sensibiliza a homenagem que lhes prestam do que a lembrança que deles guardam os homens. Casos há, porém, que tais homenagens costumam agravar a situação de sofrimento em que, às vezes, o homenageado se encontra. Quando a consciência lhe diz que a homenagem é injusta e, portanto, imerecida.
6ª. Indagação: − Por que certas pessoas exigem, antes de morrer, que seu corpo seja enterrado nesse ou naquele lugar?  Será porque entendem que o lugar do sepultamento facilitará seja lembrado depois?
− Inferioridade moral. Que importa o lugar que vá receber o corpo de que se serviu quando encarnado.  A união dos ossos não fará a união dos Espíritos. Essa, só o amor, a identidade de pensamentos, a afinidade e a simpatia.
7ª. Indagação: − Deve-se considerar futilidade a reunião dos despojos mortais de todos os membros de uma família?
− Não devemos considerar inútil nenhuma atitude na qual se acredita estar um gesto de simpatia para com os nossos mortos.  Para os Espíritos essa reunião não tem qualquer importância, mas, para os que a fazem, ela torna mais concentradas suas recordações.
8ª. Indagação: − Comove-se o Espírito com as honras que lhe prestam aos despojos mortais?
− Quando já ascendeu a certo grau de perfeição, o Espírito se acha escoimado de vaidades terrenas e compreende a futilidade de todas essas coisas. Há, porém, espíritos que experimentam grande prazer com essas homenagens e outros que se aborrecem muito com o pouco caso que façam de seus envoltórios corporais. É que ainda conservam alguns dos preconceitos, tão comuns entre os homens.
9ª. Indagação: − O Espírito assiste ao seu enterro? Fica lisonjeado quando vê muita gente no seu enterro?
− Freqüentemente assiste, mas, algumas vezes, se ainda está perturbado, não percebe o que se passa.  O Espírito que está consciente, quando vê muita gente, fica mais ou menos lisonjeado, conforme o sentimento que anima as pessoas que acompanham o enterro.
10ª. Indagação − Aquele que acaba de morrer assiste à reunião dos herdeiros?
− Quase sempre. Assiste para seu ensinamento e castigo dos culpados. Nessa ocasião julga da sinceridade dos que lhe faziam a corte. Todos os sentimentos se lhe tornam claros e a decepção que lhe causa a rapacidade dos que, entre si, partilham os bens, esclarece-o acerca daqueles sentimentos.
11ª. Indagação: − E o respeito que, em todos os tempos e entre todos os povos, o homem consagrou e consagra aos mortos? É efeito da intuição que todos têm da sobrevivência da alma?
− Sim. É a conseqüência natural dessa intuição. Se assim não fosse, nenhuma razão de ser teria esse respeito.  

ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, Minas Gerais (Brasil)

VISITA OPORTUNA

“Nada acontece sem que se cumpra a vontade de Deus. Amigos, aqui me encontro esta noite para dizer da minha alegria em visitá-los novamente. Pela bondade de Deus, estou sob o cuidado de dedicados trabalhadores do invisível. Confesso-lhes que foi difícil para mim enfrentar os primeiros dias que sucederam à minha partida. Digo que sofri um tanto, pelos traumas causados ao meu corpo carnal no momento do desencarne. Passei a sofrer quando voltou-me a consciência, pois, até então, nada havia sentido.
Recordo-me do momento em que fomos atropelados pelo infeliz motorista, que transitava em velocidade excessiva. Havia descuidado da estrada. Estava com sua atenção atrapalhada pelo cansaço. Tudo isso me foi mostrado pelos amigos que me acolheram. Lembro-me do barulho intenso do caminhão que batia na traseira do meu lado. Um estrondo. Foi tudo muito rápido. Perdi a consciência e só horas depois comecei a receber os primeiros socorros de mentores dessa casa. Mas fiquei na inconsciência por alguns dias.
O trauma havia deixado seqüelas que refletiram em minha mente e corpo espiritual. O sofrimento dos meus parentes, principalmente da minha esposa querida, doía-me profundamente. E minha adaptação a este novo mundo, a esta nova vida, não se fez de imediato. Eu, como todos, também tinha algumas coisas a acertar com minha consciência, mas agora estou bem melhor. E já posso, sempre que desejo, perguntar, questionar sobre tudo o que há desse lado. Não imaginei que viria assim tão logo. A vida nos apresenta surpresas. Mas não fiquem tristes por minha causa. Estou sob cuidados de Espíritos benévolos que têm me ajudado na vida nova neste plano.
Podem estar ansiosos em saber das razões da minha morte. Silas, um dos responsáveis pela minha volta ao mundo dos Espíritos, me disse: “Antônio, não está escrito que sequer uma folha de árvore cai sem que a vontade de Deus seja cumprida? Pois podes então compreender bem o que te falo. A tua volta, o acidente, enfim tudo, desenvolveu-se conforme a vontade do Pai. Aceitemos confiantes, pois Ele sabe de todas as nossas necessidades.” Estou mais confortado pela ajuda recebida.
Espero que você, minha esposa querida, consiga superar sua dor. Fico feliz se está sendo assistida e sustentando-te pela fé em Jesus. Dói-me ver sua alma entristecida pela minha ausência. Quando posso, sou trazido para ver você e as crianças. Que sejam vocês todos um em Deus. Eu estou com Ele e recebo mais do que mereço. Estarei sempre com vocês em pensamento e quando tiver permissão, irei visitá-los durante a noite. Obrigado, amigos, pelas preces e vibrações que me foram encaminhadas todos os dias. Que não vos falte a benevolência do Criador de todas as coisas. Com saudades da esposa, filhos e amigos”. -  Antônio.

Mensagem mediúnica
Classificação: Espíritos familiares
Data: 23.12.99
Espírito: Antônio
GEBEM
JESUS, O GUIA. O EVANGELHO, A LUZ.

"Que nosso Pai Altíssimo derrame suas bênçãos sobre aqueles que se reúnem para falar dos ensinamentos do Evangelho e comentar acerca dos fatos que marcaram a história dos homens de Deus. Vós, espíritas, sois os eleitos encarregados de sondar os ensinamentos recebidos, para compreendê-los em profundidade e, mais tarde, levá-los aos homens necessitados de luz. A humanidade vagueia perdida em conceitos que a aprisiona à matéria. O desenvolvimento tecnológico faz o homem sonhar com um futuro que certamente não virá.
Não se pode esperar da matéria aquilo que só se pode obter com a edificação do Espírito.
Desde a descida de Jesus ao orbe, os ensinamentos revelados vieram contribuindo para a melhoria da criatura humana. Com eles, se conseguiu edificar esse grande patrimônio a que chamais humanidade. Porém, ainda o ser humano carece de alicerces seguros para sustentar sua jornada em direção à vida futura. Essa base, são os ensinamentos espíritas. A Lei, com o advento do Espiritismo, colocou-se às claras, de modo que todos os homens de boa-vontade pudessem compreendê-la na sua essência. Infelizmente não são muitos os que têm acesso a ela. E aqueles que se aproximam do movimento dos espíritas, nem sempre assimilam de forma adequada seus princípios.
Aprendeis com os Espíritos superiores que a vivência da moral evangélica é a tônica do Espiritismo. Não podereis ser verdadeiramente felizes se não vos guiardes por essas preciosas lições. Muito se tem falado em unificação entre os espíritas, mas sabeis que só estarão verdadeiramente unidos se entre vós houver unidade de vistas. Só poderá haver união entre os cristãos da era moderna se eles compreenderem os ensinos fundamentais que foram revelados pelo Espírito de Verdade.
A ausência de um estudo mais sério das obras básicas tem falseado os ensinamentos. Evitai cultivar em vosso meio a idolatria. Não vos deixeis enganar por aqueles que aparentam o Bem, mas que não possuem a sinceridade dele. Cultivai a benevolência com vosso próximo, mas não deixeis que entre vós e o espírito do mundo se forme laços de companheirismo. Recordai-vos dos ensinamentos do Apóstolo dos Gentios, de que a luz não possui ligações com as trevas.
Estejais vigilantes nesse tempo de tantas dúvidas e de doutrinas humanas. Jesus é o vosso guia e seu Evangelho, a luz a iluminar vossa caminhada nesse mundo de incertezas. Uni vossos corações em torno do ideal do Cristo e do Codificador do Espiritismo, Allan Kardec. O Senhor e o Mestre de Lyon falam pelo Espírito de Deus. Sejais, todos vós, arautos desse tempo de renovação. O Mestre espera de todos, esforço na prática do Bem e responsabilidade para manter suas vidas ativas por esses ensinamentos." - João de Arimatéia

Grupo Espírita Bezerra de Menezes
Mensagem mediúnica
Classificação: Espíritos superiores e instrutores
Data: 30.09.98

Espírito: João de Arimatéia
GEBEM

sexta-feira, 21 de outubro de 2011


OS PAIS SÃO OS PRIMEIROS EDUCADORES

Sobre o autor da mensagem: Rubem Alves – Nasceu em 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, Minas Gerais. Mestre em Teologia, Doutor em Filosofia, psicanalista e professor emérito da Unicamp. Tem três filhos e cinco netas. Poeta, cronista do cotidiano, contador de histórias, um dos mais admirados e respeitados intelectuais do Brasil.

- Educar -

Educar é mostrar a vida
a quem ainda não a viu.
O educador diz: “Veja!”
- e, ao falar, aponta.
O aluno olha na
direção apontada e
vê o que nunca viu.
Seu mundo
se expande.
Ele fica mais
rico interiormente...”
E, ficando mais rico interiormente, ele
pode sentir mais alegria
e dar mais alegria -
que é a razão pela
qual vivemos.”
Já li muitos livros sobre psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação – mas, por mais que me esforce, não consigo me lembrar de qualquer referência à educação do olhar ou à importância do olhar na educação, em qualquer deles.”
A primeira tarefa da
educação é ensinar a ver...
É através dos olhos que as
crianças tomam contato com
a beleza e o fascínio do mundo... ”

Os olhos têm de ser educados
para que nossa alegria aumente. “
A educação se divide em duas partes:
educação das habilidades
e educação das sensibilidades... ”
Sem a educação das sensibilidades,
todas as habilidades
são tolas e sem sentido. ”
Sem a educação
das sensibilidades,
todas as habilidades
são tolas e
sem sentido. ”
Os conhecimentos nos dão meios para viver.
A sabedoria nos dá razões para viver. “
Quero ensinar as crianças.
Elas ainda têm
olhos encantados.
Seus olhos são dotados daquela qualidade que,
para os gregos,
era o início do pensamento:...”
... a capacidade de
se assombrar
diante do banal
Para as crianças,
tudo é espantoso:
um ovo, uma minhoca, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus,
os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu,
um pião na terra.
Coisas que os
eruditos não vêem.”

Na escola eu aprendi complicadas classificações botânicas,
taxonomias, nomes latinos – mas esqueci.
Mas nenhum professor jamais chamou a minha atenção para a beleza de uma árvore...
...ou para
o curioso
das simetrias
das folhas.”
Parece que, naquele tempo, as escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a realidade para a qual
elas apontam.”
As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor.
Aprendemos palavras
para melhorar os olhos.”
Aprendemos palavras para melhorar os olhos.”O ato de ver não é coisa natural.
Precisa ser aprendido.”
Há muitas pessoas
de visão perfeita
que nada vêem...
O ato de ver não é coisa natural.
Precisa ser aprendido.”
Quando a gente abre os olhos,
abrem-se as
janelas do corpo,
e o mundo aparece refletido dentro
da gente.”

"São as crianças que, sem falar, nos ensinam as razões para viver.
Elas não têm saberes a transmitir.
No entanto, elas sabem o essencial da vida.”
Quem não muda sua maneira adulta de ver e sentir
e não se torna como criança
jamais será sábio.”

Rubem Alves

Rubem Alves – Nasceu em 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, Minas Gerais. Mestre em Teologia, Doutor em Filosofia, psicanalista e professor emérito da Unicamp. Tem três filhos e cinco netas. Poeta, cronista do cotidiano, contador de histórias, um dos mais admirados e respeitados intelectuais do Brasil.
As crianças não têm
idéias religiosas, mas têm
experiências místicas.
Experiência mística não é ver seres de um outro mundo.
É ver este mundo iluminado pela beleza.”


Rubem Alves

quinta-feira, 20 de outubro de 2011


FESTA DA CRIANÇA NO NAEEJA

Foi realizada dia 15, sábado, na sede da Instituição festa em homenagem ao dia da das crianças. Ocorreram danças das crianças e dos adolescentes, recital de poesia, em grupo e individual. Após a apresentação foi servido um delicioso cachorro quente, sorvete e saquinho com diversas guloseimas. O que se pode notar foi a alegria geral estampada nos rostos das crianças e adolescentes. Aproveitamos para agradecer àqueles que colaboraram para que mais este evento fosse realizado.
A Diretoria.
Espiritismo e política

Quando me perguntam como ficamos os espíritas na hora das eleições, respondo o que qualquer espírita responderia: o espírita continua procurando seguir os ensinos e os exemplos de Jesus quando declarou o famoso texto, lá em O Novo Testamento: Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus; isto porque alguns fariseus o testavam na questão dos impostos que o povo deveria pagar a Roma e mesmo ao reizinho Herodes. E na hora de pagar impostos, ninguém deve ficar contente em tirar do bolso dinheiro que nem sempre será revertido para o bem estar do povo em geral. Antes de ser espírita, sou um cidadão e, como cidadão, voto neste ou naquele candidato que, a meu ver, não me trairá nem trairá quem mais lhe tenha dado o voto. Caso eu mesmo tivesse tendência para exercer cargos eletivos, como cidadão poderia fazê-lo tornando-me candidato por um partido que mais se afinasse com as minhas opiniões de espírita. Assim procedendo, estaria dando (como de fato tenho dado) o que é de César, o que é do mundo em que estou de passagem num corpo de mais ossos do que carne (45kg para 1,65m de altura). Relativamente à parte de Deus, penso que assim eu a ela atendo na medida em que procuro viver, como posso, outro ensino de Jesus quando declarou a síntese do amar a Deus sobre todas as coisas e ao meu semelhante, aos meu próximo, inclusive dentro do meu lar e mesmo em relação aos que se dizem meus possíveis inimigos, como acho que a mim mesmo eu me amo.É possível que esteja agindo errado,mas é assim que tenho buscado viver e me retificaria se agora, já, alguém mais experiente e de boa vontade me esclarecesse o assunto. Desde já agradeço de coração, pois quero errar menos... Agora um ponto é pacífico entre nós, os espíritas: o espírita vota e pode ser votado, se for o caso de ele postular um cargo eletivo, como a Lei permite. O espírita tem o seu livre-arbítrio para votar em quem quiser. O Centro Espírita não indica este ou aquele candidato, este ou aquele partido. Isto fica por conta do cidadão espírita. Da mesma forma, a tribuna espírita jamais será usada para propaganda política. Não é da mesa de uma palestra que alguém irá proferir um discurso em favor ou contrário a A, a B ou a C. Não é a tribuna espírita um palanque eleitoral. Isso se chama política partidária, o que não há no meio espírita... Podemos até na vivência espírita discutirmos a política como discutimos a reencarnação, a mediunidade, o abortamento criminoso, os transgênicos, a situação dos sem-terra, a estupidez da guerra. Sim, podemos e devemos discutir estes temas, claro que em alto nível, quer dizer, com educação e fraternidade. Mas a isto o nome certo é política como aquela arte, aquela ciência de administrar. Não discutimos política partidária. Isto foge do âmbito do meio espírita. Por isso mesmo nenhum candidato poderá dizer-se indicado pelos espíritas porque esta indicação jamais partirá de um Centro ou do meio espírita.

CELSO MARTINS
limb@sercomtel.com.br          
Do Rio de Janeiro

RAUL TEIXEIRA RESPONDE

– Você acha válida a proposta de Kardec pertinente à atualização periódica dos ensinamentos espíritas, em face do avanço da ciência? Em caso afirmativo, como devemos implementar essa medida?  

Raul Teixeira: Acho estranho que Kardec haja feito essa proposta de atualização periódica dos ensinamentos espíritas ─ uma vez que os referidos ensinamentos não são da cogitação científica, já que a Ciência formal vem se mantendo sob a égide do materialismo por meio da grande massa dos seus representantes encarnados ─, por ter ele mesmo escrito na Introdução de O Livro dos Espíritos, parte VII: Vede, portanto, que o Espiritismo não é da alçada da Ciência.
Na medida em que avança a Ciência, maiores confirmações temos encontrado para as teses que fundamentam o Espiritismo. Até hoje, nenhuma das descobertas científicas conseguiu abalar os alicerces da formosa Doutrina que, ao contrário, mais se fortifica diante dos espíritas estudiosos e da mentalidade geral dos que a acompanham à distância. No bojo desses avanços contemporâneos da Ciência, temos encontrado muitas mudanças de entendimentos científicos, muitas trocas de nomenclaturas, incontáveis descobertas que enriquecem o terreno das investigações. Porém, nenhum desses valores que nos hão chegado em razão das humanas pesquisas tem arranhado o pensamento fulgurante e vanguardista do Espiritismo.
Qualquer informação mediúnica assinada, ínsita na Codificação, não é maior que o corpo doutrinário do Espiritismo, que se fundamenta na existência de Deus, na existência e imortalidade da alma, na pluralidade das existências (reencarnação), na pluralidade dos mundos habitados e na comunicabilidade dos Espíritos (mediunidade). Nenhuma ciência conseguiu ferir esses princípios.
Há muitos confrades afoitos, mal informados, ou sem muita intimidade com o pensamento científico ─ refiro-me ao pensamento científico acadêmico e não de livros jornalísticos de informações científicas ─, que estão sempre “ouvindo dizer” isso ou aquilo e que se mostram muito apressados em efetuar mudanças no corpo da Doutrina Espírita, pautados em suas crenças de que a Ciência já tenha superado o Espiritismo... É uma pena! Isso demonstra que podem ter alguma leitura das obras kardequianas, mas não o entendimento aprofundado que se espera de quem pretende fazer modificações no trabalho alheio.
Há pessoas que propõem e até publicam propostas de se alterar, por exemplo, o termo fluido, usado por Kardec em suas obras, pelo termo energia, utilizado cientificamente. Sem dúvida seria uma aberração tal modificação, caso fosse implementada. Por suas características e definições, fluido e energia nas ciências têm significados teóricos muito diferenciados. Um se define, a outra não. Por outro lado, o que Kardec chama de fluido, no Espiritismo, não é o mesmo fluido da físico-química, e assim por diante.
O melhor em tudo isso será o nosso maior estudo e aprofundamento das questões e teses espíritas, a fim de que, compreendendo melhor o ensino dos Imortais, a ele nos ajustemos, procurando modificar-nos para assumir a posição de sal da Terra da qual nos incumbiu Jesus.
J. RAUL TEIXEIRA

Extraído de entrevista publicada no jornal O Imortal de fevereiro de 2009

A prática do aborto: 
Comunicação Mediúnica recebida em 29/11/98

“Hoje vim aqui para cuidar de um assunto que me foi incumbido pelos mentores deste trabalho. Estou em tratamento, recuperando-me em uma cidade transitória próxima deste orbe e tive uma experiência de vida que não desejaria para o meu pior inimigo.

Fui uma mulher abastada em minha última existência terrena. Trabalhava meus dons intelectuais de forma digna até parte de minha vida, quando uma oportunidade me acenou para uma situação de mais posses. Só que para isso eu teria que burlar as leis de Deus.

Desempenhava a profissão de enfermeira prática em uma conceituada clínica, numa grande cidade brasileira. Tinha o respeito dos meus colegas, pois naquela época não se dispunha de muitas escolas de enfermagem no país e as profissionais eram respeitadas pela boa prática de sua profissão, adquiridas muito mais pelo dom de que algumas eram aquinhoadas desde a mocidade. Assim foi comigo, que desde cedo manifestei afinidade pela prática do cuidado aos enfermos.

Com mais ou menos 10 anos de vida dedicados à prática do bem, no desempenho de minha profissão com responsabilidade e amor, me deparei com um convite para trabalhar em um serviço particular onde se praticaria o aborto. A princípio aquilo me pareceu estranho, mas logo a oferta de melhores condições de vida material em curto espaço de tempo me fez esquecer os ensinos morais que me foram dados por minha mãe, na sua incansável tarefa de falar do catecismo católico. Lembrei-me de que falara muitas vezes que evitar a vinda de um ser era terrível crime.  Entretanto, minha consciência embotou-se deliberadamente pelo amor ao vil metal e logo eu estava morando em grande casa, vivendo uma vida de abastança, proporcionada por ganhos materiais que vinham da prática criminosa.

O dono do estabelecimento deu a mim toda a gerência do negócio e, além de administrar a casa, eu era o principal instrumento da estranha prática. Por mais de quinze anos pratiquei o aborto em milhares de mulheres. Ricas e pobres, jovens e maduras. Todas com a intenção de interromper o santo ato do nascimento. Algumas inconscientes do que faziam, pois eram trazidas por suas mães, senhoras da sociedade, querendo encobrir a vergonha de ver suas filhas gerando filhos de pais desconhecidos e indesejáveis socialmente. A maioria, entretanto, embora casadas, ao cometer o adultério geravam filhos do erro, não querendo com isso manchar seu próprio nome. Achavam que praticando o aborto livrar-se-iam do problema. E assim foi por longos anos.

Um dia, ainda jovem, doença fatal acometeu-me, levando-me ao leito de morte em menos de 5 anos. Durante o tempo em que permaneci doente recebi muita solidariedade dos meus cúmplices, pois nessa vida de marginal eu aquilatara muitos "amigos". Claro, amigos que "amavam-me" porque eu sabia de seus segredos. Em meu desespero por ver próxima a morte, refleti enormemente sobre meus atos. Um dia, gentil senhora, amiga de minha mãe, visitou-me trazendo em mãos um exemplar do Novo Testamento. Ali, aos 47 anos de idade, entrei em contato com o conhecimento da verdade pela primeira vez. Chorei amargamente nos meus últimos dias de vida, pois só vim a despertar para os valores da alma nos últimos 6 meses de minha existência terrena.

Ao deixar o corpo já tinha consciência dos meus débitos e de quanto sofreria no mundo espiritual. E assim permaneci por longos anos, com extremo remorso em meu peito, envolvida em pesadas nuvens de vibrações deletérias a adornar-me a alma. Por muito tempo permaneci assim. Punia-me por conta de minha grande vergonha. Não compreendia que a minha atitude mental levava-me a ser prisioneira de mim mesma. Orava, mas penitenciando-me, querendo permanecer naquela situação achando que ficaria ali eternamente, a purgar para sempre meu pecado.

Um dia, ao elevar meu pensamento aos céus, vi tênue luz a aproximar-se de mim. Era a senhora que me presenteara com o Evangelho de Jesus. Chorei copiosamente e adormeci ali mesmo para acordar mais tarde em leito limpo e ambiente harmonioso, com ela a velar-me o sono. Chamava-se Dalva. Instruía-me sobre os dons da vida e sobre todas as vidas que havia ceifado irresponsavelmente. Falo a todos desta casa da grande responsabilidade que assumimos ao entrar na vida. Não só o aborto é grave crime, mas todos os outros que ferem as leis divinas.

Sofrem os aborteiros como eu, da mesma forma que sofrem os suicidas, os assassinos, os adúlteros, os ladrões. Enfim, os que de uma forma ou de outra fazem deliberadamente o mal para locupletar-se com os bens materiais que ele proporciona. Em tudo está o egoísmo e orgulho da criatura que cava o próprio destino, estimulado pelas tortas linhas de conduta materialista, ensinando que nada mais resta além da morte. Triste engano que leva pessoas como eu a caminhos tortuosos de sofrimentos no futuro". - Um Espírito endividado.

Espírito: Um Espírito endividado
SEEAK
São Luís, MA

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

KARDEC E NAPOLEÃO:
Irmão X

Logo após o 18 Brumário (9 de novembro de 1799) quando Napoleão se fizera o Primeiro-Cônsul da República Francesa, reuniu-se, na noite de 31 de dezembro de 1799, no coração da latinidade, nas Esferas Superiores, grande assembleia de Espíritos sábios e benevolentes, para marcarem a entrada significativa do novo século.
Antigas personalidades de Roma imperial, pontífices e guerreiros das Gálias, figuras notáveis da Espanha, ali se congregavam à espera do expressivo acontecimento.
Legiões dos Césares, com os seus estandartes, falanges de batalhadores do mundo gaulês e grupos de pioneiros da evolução hispânica, associados a múltiplos representantes das Américas, guardavam linhas simbólicas de posição de destaque.
Mas não somente os latinos se faziam representados no grande conclave. Gregos ilustres, lembrando as confabulações da Acrópole gloriosa, israelitas famosos, recordando o Templo de Jerusalém, deputações eslavas e germânicas, grandes vultos da Inglaterra, sábios chineses, filósofos hindus, teólogos budistas, sacrificadores das divindades olímpicas, renomados sacerdotes da Igreja Romana e continuadores de Maomé ali se mostravam, como em vasta convocação de forças da ciência e da cultura da Humanidade.
No concerto das brilhantes delegações que aí formavam, com toda a sua fulguração representativa, surgiam Espíritos de velhos batalhadores do progresso que voltariam à liça carnal ou que a seguiriam, de perto, para o combate à ignorância e à miséria, na laboriosa preparação da nova era da fraternidade e da luz.
No deslumbrante espetáculo da Espiritualidade Superior, com a refulgência de suas almas, achavam-se Sócrates, Platão, Aristóteles, Apolônio de Tiana, Orígenes, Hipócrates, Agostinho, Fénelon, Giordano Bruno, Tomás de Aquino, S. Luís de França, Vicente de Paulo, Joana D’Arc, Teresa d’Avila, Catarina de Siena, Bossuet, Spinoza, Erasmo, Milton, Cristóvão Colombo, Gutenberg, Galileu, Pascal, Swedenborg e Dante Alighieri, para mencionar apenas alguns heróis e paladinos da renovação terrestre; e, em plano menos brilhante, encontravam-se, no recinto maravilhoso, trabalhadores de ordem inferior, incluindo muitos dos ilustres guilhotinados da Revolução, quais Luiz XVI, Maria Antonieta, Robespierre, Danton, Madame Roland, André Chenier, Bailly, Camille Desmoulins e grandes vultos como Voltaire e Rousseau.
Depois da palavra rápida de alguns orientadores eminentes, invisíveis clarins soaram na direção do plano carnal e, em breves instantes, do seio da noite, que velava o corpo ciclópico do mundo europeu, emergiu, sob a custódia de esclarecidos mensageiros, reduzido cortejo de sombras, que pareciam estranhas e vacilantes, confrontadas com as feéricas irradiações do palácio festivo.
Era um grupo de almas, ainda encarnadas, que, constrangidas pela Organização Celeste, remontavam à vida espiritual, para a reafirmação de compromissos.
À frente, vinha Napoleão, que centralizou o interesse de todos os circunstantes. Era bem o grande corso, com os seus trajes habituais e com o seu chapéu característico.
Recebido por diversas figuras da Roma antiga, que se apressavam em oferecer-lhe apoio e auxílio, o vencedor de Rivoli ocupou radiosa poltrona que, de antemão, lhe fora preparada.
Entre aqueles que o seguiam, na singular excursão, encontravam-se respeitáveis autoridades reencarnadas no Planeta, como Beethoven, Ampère, Fulton, Faraday, Goethe, João Dalton, Pestalozzi, Pio VII, além de muitos outros campeões da prosperidade e da independência do mundo.
Acanhados no veículo espiritual que os prendia à carne terrestre, quase todos os recém-vindos banhavam-se em lágrimas de alegria e emoção.
O Primeiro-Cônsul da França, porém, trazia os olhos enxutos, não obstante a extrema palidez que lhe cobria a face. Recebendo o louvor de várias legiões, limitava-se a responder com acenos discretos, quando os clarins ressoaram, de modo diverso, como se se pusessem a voar para os cimos, no rumo do imenso infinito...
Imediatamente uma estrada de luz, à maneira de ponte levadiça, projetou-se do Céu, ligando-se ao castelo prodigioso, dando passagem a inúmeras estrelas resplendentes.
Em alcançando o solo delicado, contudo, esses astros se transformavam em seres humanos, nimbados de claridade celestial.
Dentre todos, no entanto, um deles avultava em superioridade e beleza. Tiara rutilante brilhava-lhe na cabeça, como que a aureolar-lhe de bênçãos o olhar magnânimo, cheio de atração e doçura. Na destra, guardava um cetro dourado, a recamar-se de sublimes cintilações...
Musicistas invisíveis, através dos zéfiros que passavam apressados, prorromperam num cântico de hosanas, sem palavras articuladas.
A multidão mostrou profunda reverência, ajoelhando-se muitos dos sábios  e guerreiros, artistas e pensadores, enquanto todos os pendões dos vexilários arriavam, silenciosos, em sinal de respeito.
Foi então que o grande corso se pôs em lágrimas e, levantando-se, avançou com dificuldade, na direção do mensageiro que trazia o báculo de ouro, postando-se, genuflexo, diante dele.
O celeste emissário, sorrindo com naturalidade, ergueu-o, de pronto, e procurava abraçá-lo, quando o Céu pareceu abrir-se diante de todos, e uma voz enérgica e doce, forte como a ventania e veludosa como a ignorada melodia da fonte, exclamou para Napoleão, que parecia eletrizado de pavor e júbilo, ao mesmo tempo:
– Irmão e amigo, ouve a Verdade, que te fala em meu espírito! Eis-te à frente do apóstolo da fé, que, sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada um novo ciclo de conhecimento...
César ontem, e hoje orientador, rende o culto de tua veneração, ante o pontífice da luz! Renova, perante o Evangelho, o compromisso de auxiliar-lhe a obra renascente!...
Aqui se congregam conosco lidadores de todas as épocas. Patriotas de Roma e das Gálias, generais e soldados que te acompanharam nos conflitos da Farsália, de Tapso e de Munda, remanescentes das batalhas de Gergóvia e de Alésia aqui te surpreendem com simpatia e expectação... Antigamente, no trono absoluto, pretendias-te descendente dos deuses para dominar a Terra e aniquilar os inimigos... Agora, porém, o Supremo Senhor concedeu-te por berço uma ilha perdida no mar, para que te não esqueças da pequenez humana e determinou voltasses ao coração do povo que outrora humilhaste e escarneceste, a fim de que lhe garantas a missão gigantesca, junto da Humanidade, no século que vamos iniciar.
Colocado pela Sabedoria Celeste na condição de timoneiro da ordem, no mar de sangue da Revolução, não olvides o mandato para o qual foste escolhido.
Não acredites que as vitórias das quais foste investido para o Consulado devam ser atribuídas exclusivamente ao teu gênio militar e político. A Vontade do Senhor expressa-se nas circunstâncias da vida. Unge-te de coragem para governar sem ambição e reger sem ódio. Recorre à oração e à humildade para que te não arrojes aos precipícios da tirania e da violência!...
Indicado para consolidar a paz e a segurança, necessárias ao êxito do abnegado apóstolo que descortinará a era nova, serás visitado pelas monstruosas tentações do poder.
Não te fascines pela vaidade que buscará coroar-te a fronte... Lembra-te de que o sofrimento do povo francês, perseguido pelos flagelos da guerra civil, é o preço da liberdade humana que deves defender, até o sacrifício. Não te macules com a escravidão dos povos fracos e oprimidos e nem enlameies os teus compromissos com o exclusivismo e com a vingança!...
Recorda que, obedecendo a injunções do pretérito, renasceste para garantir o ministério espiritual do discípulo de Jesus que regressa à experiência terrestre, e vale-te da oportunidade para santificar os excelsos princípios da bondade e do perdão, do serviço e da fraternidade do Cordeiro de Deus, que nos ouve em seu glorificado sólio de sabedoria e de amor!
Se honrares as tuas promessas, terminarás a missão com o reconhecimento da posteridade e escalarás horizontes mais altos da vida, mas, se as tuas responsabilidades forem menosprezadas, sombrias aflições amontoar-se-ão sobre as tuas horas, que passarão a ser gemidos escuros em extenso deserto...
Dentro do novo século, começaremos a preparação do terceiro milênio do Cristianismo na Terra.
Novas concepções de liberdade surgirão para os homens, a Ciência erguer-se-á a indefiníveis culminâncias, as nações cultas abandonarão para sempre o cativeiro e o tráfico de criaturas livres, e a religião desatará os grilhões do pensamento que, até hoje, encarceram as melhores aspirações da alma no inferno sem perdão!...
Confiamos, pois, ao teu espírito valoroso a governança política dos novos eventos e que o Senhor te abençoe!...
Cânticos de alegria e esperança anunciaram nos céus a chegada do século XIX e, enquanto o Espírito da Verdade, seguido por várias coortes resplandecentes, voltava para o Alto, a inolvidável assembleia se dissolvia...
O apóstolo que seria Allan Kardec, sustentando Napoleão nos braços, conchegou-o de encontro ao peito e acompanhou-o, bondosamente, até religá-lo ao corpo de carne, no próprio leito.
Em 3 de outubro de 1804, o mensageiro da renovação renascia num abençoado lar de Lião, mas o Primeiro-Cônsul da República Francesa, assim que se viu desembaraçado da influência benéfica e protetora do Espírito de Allan Kardec e de seus cooperadores, que retomavam, pouco a pouco, a integração com a carne, confiantes e otimistas, engalanou-se com a púrpura do mando, e, embriagado de poder, proclamou-se Imperador, em 18 de maio de 1804, ordenando a Pio VII viesse coroá-lo em Paris.
Napoleão, contudo, convertendo celestes concessões em aventuras sanguinolentas, foi apressadamente situado, por determinação do Alto, na solidão curativa de Santa Helena, onde esperou a morte, enquanto Allan Kardec, apagando a própria grandeza, na humildade de um mestre-escola, muita vez atormentado e desiludido, como simples homem do povo, deu integral cumprimento à divina missão que trazia à Terra, inaugurando a era espírita-cristã, que, gradativamente, será considerada em todo os quadrantes do orbe como a sublime renascença da luz para o mundo inteiro.

Do livro Cartas e Crônicas, de Irmão X, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
POLÍTICA SAUDÁVEL


Se é verdade que a cada um é dado segundo suas necessidades e/ou méritos, qual parece ser o melhor proceder para as pessoas que se interessam por política saudável e consciente: viver sua vida privada da melhor maneira possível ou dedicar seu tempo às questões políticas, sociais etc.?
Raul Teixeira: Essas coisas se acham interligadas desde que o velho Platão estabeleceu que o ser humano é um animal político. Em todas as nossas ações na sociedade está o sabor da nossa participação política. Mesmo aqueles que se dizem apolíticos já estão apresentando a sua posição política. Eles são apolíticos e essa é uma posição política: eles querem dizer que não se envolvem, e isto é um posicionamento dos mais horrendos, por sinal.
É como se nós vivêssemos numa casa e, quando alguém nos apontasse para a necessidade da sua higiene a gente dissesse “eu não quero nem saber, eu sou a moradia”; quando alguém nos dissesse  que precisamos pintar: “eu não quero nem saber, eu detesto moradias”; quando alguém falasse que a casa está caindo: “não é nem comigo”. Será com quem? Com os vizinhos? Então normalmente quando as pessoas dizem que são apolíticas elas podem querer dizer que são apartidárias, aí sim.
Há pessoas que gostam de esportes mas não torcem por time nenhum, gostam de todos; há pessoas que gostam de política, enquanto ciência, enquanto doutrina, enquanto filosofia, mas abominam partidarismos políticos. Então essa pessoa terá, na sua vida comum, posturas políticas que conhece, em função do seu filosofar político, mas não está dando importância a esses partidarismos que, principalmente no Brasil, perderam a sua grandeza ideológica, passaram a ser tendas de conveniência que as pessoas não respeitam.
É impossível que alguém que seja socialista hoje, amanhã já será capitalista. É sinal que ele nunca foi nada, era daqueles que tiram proveito do posicionamento político da sociedade.
Então será importante que nós trabalhemos em torno de uma ideologia política, de uma doutrina política. O que é importante para nosso Estado, para a nossa cidade? Se sabemos disso, então vamos trabalhar para isso, seja na minha ação voluntária na sociedade, seja na minha ação profissional, seja na minha ação de cidadania elegendo meus representantes nas Casas de Leis dos poderes constituídos. Vou fazer valer a minha participação de forma consciente, lúcida, madura, sem vender meu voto, sem trocá-lo por conveniências. Quando fizermos isso, estaremos mostrando uma maturidade nas nossas concepções políticas. Quando estiver vendendo meu voto por isso ou por aquilo, eu ainda não terei alcançado a política enquanto doutrina, enquanto filosofia; estarei nas bases da politicagem, querendo tirar proveitos. E se eu quero tirar proveito à custa do erário, eu vou ter que devolver. Não esqueçamos que tudo aquilo que eu ganhar fora dos esforços do meu trabalho, terei que devolver, não me pertence. Tudo que alguém me der e que também a ele não pertença terei que devolver. Teremos sido receptores de artigos furtados ou roubados e deste modo seremos réus de juízo também.
Logo, nossa participação política não será apenas no dia de eleição ou nos dias de eleições. Participação política é saber cobrar as coisas que estão acontecendo erradamente na sociedade, saber ir para os jornais, saber ir ao nosso Vereador, ao nosso Deputado, ao nosso Governador, escrever nos jornais, na coluna dos eleitores, participar dizendo, falando, não adotar aquela postura “não vai adiantar nada”. Não vai adiantar se meia dúzia fizer, mas se a nossa Associação de bairro, Associação de moradores, a OAB, os órgãos, as Igrejas, se nós nos unirmos enquanto organismos da sociedade, as coisas mudam. Essa é a fé do indivíduo político. Ele sabe como cobrar, ele sabe como pressionar. É importante que saibamos cobrar os nossos direitos. Não podemos olvidar o cumprimento dos nossos deveres. Então, quem cumpre deveres e cobra seus direitos é um cidadão politicamente correto.


Extraído de entrevista publicada pelo jornal Mundo Espírita de setembro de 2000.