quinta-feira, 1 de setembro de 2011


Eunice Weaver: a mãe brasileira dos leprosos

Colaboração de Kleber Halfeld e Noro Ragozo

Nascida Eunice Gabbi no dia 20 de setembro de 1904 em São Manuel, Estado de São Paulo, e desencarnando em 9 de dezembro de 1969, tornou-se Eunice Weaver pelo casamento.
Diversas escolas contribuíram para moldar sua inteligência, formada que era em Jornalismo (Colégio União, de Uruguaiana), Sociologia (Escola Normal, de Piracicaba), Serviço Social (Escola Americana, de Buenos Aires, Argentina) e Filosofia Oriental (Escola de Serviço Social, de Carolina do Norte, Estados Unidos).
Retornando para o Brasil, passou a residir em Juiz de Fora, onde conheceu o professor Charles Anderson Weaver, então reitor do Instituto Grambery, com quem se casou.
Em 1929 o casal fez uma excursão pelo mundo em uma Universidade Flutuante, oportunidade em que Eunice Weaver visitou os maiores institutos e clínicas de tratamento da hanseníase, ampliando consideravelmente os conhecimentos que no Brasil já começara a acumular.
No dia 11 de setembro de 1965, a Câmara Municipal de Juiz de Fora, por indicação do Vereador Pedro de Castro, entregava a Eunice Weaver o título de Cidadã Honorária.
Comentando o importante acontecimento, o “Diário Mercantil”, em sua edição do dia 14, publicava com destaque:

“Foi, sem favor algum, um dos mais justos títulos concedidos pela edilidade de nossa terra, uma vez que a Sra. Eunice Weaver começou seu meritório trabalho em 1935, em nossa cidade, quando fundou a Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra, que ainda até hoje existe e mantém o Educandário Carlos Chagas, que abriga em seu seio filhos de hansenianos para depois estender a campanha pelo território nacional, chegando mesmo a ser figura internacionalmente conhecida, agraciada com comendas das mais importantes, por vários dos mais adiantados países do mundo.”...

Difícil, quase impossível, falar das condecorações que recebeu em conseqüência do trabalho que realizou; das entidades que fundou, quer na área da hanseníase, como de outras, de objetivos também superiores, como o Instituto Brasil - Estados Unidos; das viagens que fez ao Equador, Guatemala, Venezuela, Colômbia, Peru, Paraguai, México, El Salvador, Inglaterra, Japão, Costa Rica, Espanha, Cuba, Estados Unidos e Egito, buscando dilatar seus conhecimentos e transmitir suas experiências; dos títulos de cidadania que recebeu em dezenas de cidades do Brasil; das centenas de artigos – cerca de 500 – que escreveu e que foram publicados pela imprensa nacional e estrangeira; dos cargos de realce que exerceu no decorrer de sua vida!
Entretanto, uma condecoração deve ser citada pela importância de que se revestiu. Trata-se do Troféu Internacional “Damien-Dutton” a ela entregue pelo Conselho de Governadores da Damien-Dutton Society Inc., organização católica sediada em Nova Jersey, Estados Unidos. Esta condecoração escreve Sérgio Marcus Pinto Soares na revista “Voz Missionária, número referente aos meses de janeiro, fevereiro e março de 1971, foi instituída após a desencarnação do padre daquele nome, o primeiro que resolveu separar, em Honolulu, os filhos sadios de pais leprosos, objetivando evitar a  disseminação da moléstia. É importante ressaltar que foi a primeira vez que dito prêmio foi concedido na América Latina, e que o Presidente Kennedy somente o recebeu “in memoriam”.
        Deixou atrás de si um rastro de luz, traduzido pelo trabalho que desenvolveu em favor do próximo, o que lhe dava autoridade para afirmar como o grande apóstolo dos gentios: - Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé (II Epístola de Paulo a Timóteo, Cap.IV, vers.7).
Eunice Weaver já trouxe da Espiritualidade a indomável vontade de servir ao próximo, de atender ao canto de Gabriela Mistral – Prêmio Nobel de Literatura:

“(...) onde houver uma tarefa que todos recusem, aceita-a tu.
Sê quem tira a pedra do caminho, o ódio dos corações e as dificuldades dos problemas.
Há a alegria de ser sincero e de ser justo; há, porém, mais que isso: a formosa, a imensa alegria de servir.
Como seria triste o Mundo se tudo já estivesse feito, se não houvesse uma roseira para plantar, uma iniciativa para tomar.
Não te seduzam as obras fáceis. É belo fazer tudo que os outros se recusam a executar.” (...)       
      
Na realização da obra que projetou seu nome no cenário internacional aplicou à própria vida uma legenda: - “Amor e Instrução”, correspondendo, embora de forma inconsciente, até o momento em que passou a estudar a Doutrina Espírita, quando teve o ensejo de tomar conhecimento das máximas recomendadas aos seus profitentes, àquela que há mais de um século surgira com a Codificação Kardequiana: -“ Amai-vos”  e “Instruí-vos”

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