quinta-feira, 22 de março de 2012

LEMBRETE  FRATERNO

“É da Lei da Natureza a destruição?
Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar?
Livro dos Espíritos - Cap. VI, Q.728 - Da Lei de Destruição
Nos últimos tempos, temos assistido, preocupados, a incidência crescente de desastres naturais, tanto no Brasil, como em outras partes do mundo: tufões, tornados, inundações, terremotos, frio intenso ou calor intenso, seca, má distribuição de chuvas, uma ação natural indefensável a desafiar a capacidade de resistência de pessoas.
Porém, podemos também observar que a maioria das pessoas não perdeu a fé, a esperança, embora combalidas pelo impacto da dor, dão entrevistas com a disposição de começar de novo, de não se curvar ante a prova inevitável.
Nessa hora, não podemos deixar de nos remeter à questão 728 de O Livro dos Espíritos, onde Kardec pergunta aos Espíritos, se a destruição é uma lei natural. A resposta é objetiva e esclarecedora, na medida em que nos leva a uma reflexão que, naturalmente, explica os fatos da vida.
Antoine-Laurent de Lavoisier, no século 18, através do seu Princípio da Conservação da Matéria, enunciou que  - em natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma -, certamente essa coerência nos é mostrada pelos Espíritos, quando dizem que a destruição não passa de uma transformação que tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos.
A tragédia das enchentes e deslizamentos, trazendo em seu bojo, centenas de mortes, mobiliza a sociedade e a solidariedade imediata-mente aciona centros de coleta de doações, com toneladas de víveres, remédios, bem como voluntários, isso não é uma transformação coletiva? De repente, deixamos de pensar em nós, lembramos de objetos, roupas, remédios, água, utensílios corriqueiros que dispomos e estão fazendo falta para pessoas como nós...
Diante da tragédia, brota a emoção de uma prece solidária, por aquele pai que ficou apenas com a roupa do corpo e com a perna quebrada, mas salvou seu bem mais precioso: Sua filha!
Uma prece pelos órfãos, pelos pais que perderam seus filhos, uma dor tão grande que não existe um substantivo que a qualifique.
A Lei de Causa e Efeito nos ensina que, em nossa programação espiritual, somos responsáveis pelos nossos atos e, no tempo certo, temos que responder por eles; sob esse ângulo, existe sim, um determinismo porque a Lei é determinante e a responsabilidade é irrevogável, todavia, a justiça do Pai nos oferece a ferramenta do Livre Arbítrio e podemos escolher a maneira de como atravessar o período da redenção de nossas faltas, se pelo inconformismo, pela luta consciente, pela renovação de nossos valores. Esse determinismo não anula nossas pretensões de um resgate menos doloroso, ele apenas se faz presente diante da necessidade do resgate... O elemento regulador, o catalisador desse processo, é o livre-arbítrio, que demonstra a presença de Deus em tudo o que existe, oferecendo atenuantes.
Na tragédia, vamos identificar os heróis, agentes da solidariedade; os generosos agentes do desprendimento; os poderosos agentes das soluções; os saqueadores, agentes das trevas; os aproveitadores, agentes do egoísmo... Todas as facetas da natureza humana apare-cem como elas são e marcam as futuras responsabilidades de seus agentes.

Mas o mais importante sinal de renovação é o heróico confronto do homem com sua adversidade, da ajuda mútua, do amor unindo as pessoas e as expressivas demonstrações de uma reconstrução integral, no individuo e na sua comunidade.
São essas ações que nos fazem melhores, nos colocam no caminho da luz. Aqueles que não conseguem realizar essa perspectiva e se perdem no cipoal da angústia e da revolta, não são menos dignos, apenas não conseguiram levantar o véu da razão, permanecem na fila aguardando novas chances renovadoras, que, segundo determinado pela Lei, sem dúvida virão.
Pense nisso!
―Utilize bem o seu tempo, tudo fazendo para que o seu momento seguinte seja-lhe sempre mais promissor e agradável.
O que não alcance agora, insistindo, conseguirá depois.
Eleja, portanto, os ideais de engrandecimento humano e não se detenha nunca.

Marco Prisco
FONTE: Luz Viva, p. 70, LEAL, BA, 3ª Edição, 1984.

Nenhum comentário:

Postar um comentário