quinta-feira, 26 de abril de 2012


PERFIL DO EDUCADOR HIPPOLYTE LÉON DENIZARD RIVAIL
(Allan Kardec)

Em sua obra “A Educação segundo o Espiritismo”, a pedagoga espírita Dora Incontri apresenta a seguinte definição: “Educação é toda influência exercida por um Espírito sobre o outro, no sentido de despertar um processo de evolução. Essa influência leva o educando a promover autonomamente o seu aprendizado moral e intelectual. Trata-se de um processo sem qualquer forma de coação, pois o educador apela para a vontade do educando e conquista-lhe a adesão voluntária para uma ação de aperfeiçoamento. Educar é pois elevar, estimular a busca da perfeição, despertar a consciência, facilitar o progresso integral do ser”.
Dora Incontri ressaltou, no documentário “Allan Kardec – o educador”, a histórica conexão entre quatro grandes nomes que simbolizam o auge da sensibilidade e da profundidade dos conhecimentos da ciência essencial à humanidade que é a Educação. São eles: Jan Amos Comenius (séc. XVII), Jean-Jacques Rousseau (séc. XVIII), Johann Heinrich Pestalozzi (séc. XVIII e XIX) e Hippolyte Léon Denizard Rivail (séc. XIX); todos enraizados na filosofia socrático – platônica.
“Podemos, facilmente, perdoar uma criança que tenha medo da escuridão; porém, a real tragédia da vida é quando os homens tem medo da Luz”.(Platão)
A filosofia educacional de Comenius (1592-1670) ficou evidente no “Ideário do Educador”; mensagem transmitida psicograficamente por ele, em maio de 1999, publicada por Dora Incontri no livro “A Educação segundo o Espiritismo”.  
1 - Pensar no bem, falar no bem e exemplificar o bem.
2 - Ser comedido nas palavras, correto na ação e ponderado nas emoções.
3 - Cultivar a alegria, evitar a leviandade e mostrar-se sempre sincero.
4 - Amar sem apego, ser doce com seriedade e firme sem dureza de coração.
5 - Procurar a sabedoria com humildade, prezar a inteligência com clareza e ensinar com simplicidade.
6 - Fazer-se entendido por todos, amado pelos bons e respeitado pelos rebeldes.
7 - Servir à sociedade, transcender as convenções e buscar o Reino de Deus.
8 - Ser puro de coração, elevado no pensamento e nobre no proceder.
9 - Servir aos homens como quem serve a Deus, amar todas as crianças como suas e conviver amistosamente com a juventude.
10- Lutar pela Educação universal, empenhar-se pela Educação integral e praticar a Educação pelo amor.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1728)
“A meditação em locais retirados, o estudo da natureza e a contemplação do universo, forçam um solitário a procurar a finalidade de tudo o que vê e a causa de tudo o que sente” (Rousseau).
Sob a ótica educacional, a base pedagógica de Rousseau era o estímulo ao desenvolvimento adequado da criança, para que sua bondade natural pudesse ser protegida da influência negativa da sociedade, por ele considerada corruptora. Afirmava que a família era a única instituição que ainda podia ser considerada natural, e que poderíamos evitar a maioria dos males que causamos a nós mesmos, pela aplicação de uma forma simples de viver, seguindo o modelo da Natureza.

Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827)
Algumas frases tocantes dele, acerca de educação:
“A intuição é o fundamento da instrução”.
“A época de ensinar não é a de julgar e criticar”.
“A individualidade do aluno deve ser sagrada para o educador”.


Com a missão de educar, na acepção da palavra, sob as óticas intelectual, moral e espiritual, reencarnou-se na cidade de Lyon, França, no dia 03/10/1804, Hippolyte Léon Denizard Rivail. Rivail, o célebre educador das crianças e adolecentes franceses; posteriormente Allan Kardec, o magnânimo organizador do Espiritismo, que atrelou às sábias informações oriundas dos Superiores Espirituais, sua profunda visão pedagógica, conferindo à nova Doutrina uma característica plenamente educacional, capaz de nos revelar a tão propalada verdade, bem como os subsídios necessários à real transformação da sociedade humana. Da fé cega à fé raciocinada; do dogma à ciência livre, à liberdade de pensamento.

Hippolyte Léon Denizard Rivail , por Anna Blackwell; tradutora das obras de Kardec para o inglês.

“Enérgico e perseverante, mas de temperamento calmo, cauteloso.
Incrédulo por natureza e por educação, pensador seguro e lógico, e eminentemente prático no pensamento e na ação.
Era igualmente emancipado do misticismo e do entusiasmo.
Lento no falar, modesto nas maneiras.
Envolto por concreta dignidade, resultante da seriedade e da segurança mental, que eram traços distintos de seu caráter.
Nem provocava nem evitava a discussão, mas nunca fazia, voluntariamente, observações sobre o assunto a que havia devotado toda sua vida.
Recebia com delicadeza os inúmeros visitantes de todas as partes do mundo, que vinham conversar com ele a respeito dos pontos de vista nos quais o reconheciam um expoente, respondendo perguntas e objeções, explanando as dificuldades, e dando informações a todos os investigadores sérios, com os quais falava com liberdade e animação, de rosto ocasionalmente iluminado por um sorriso genial e agradável, conquanto tal fosse a sua habitual seriedade de conduta, que nunca se lhe ouvia uma gargalhada.
Era visitado por milhares de pessoas; dentre elas cientistas, artistas, filósofos, escritores, etc..
O imperador Napoleão III, cujo interesse pelo Espiritismo não era mistério para ninguém, procurou-o varias vezes, tendo recebido longas explicações a respeito da nova Doutrina”.

“É pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a humanidade”. (Allan Kardec).

Em 12/6/1856, Kardec, por meio da médium senhotita Aline C., perguntou ao Espírito verdade:- “Que causas poderiam determinar o meu fracasso? Seria a insuficiência de minhas aptidões?”
R:- “Não; mas a missão dos reformadores é cheia de obstáculos e perigos. Previno-te de que a tua é rude, visto que se trata de abalar e transformar o mundo inteiro. Não suponhas que te baste publicar um livro, dois livros, dez livros, para em seguida ficares tranquilamente em casa. Tens que expor a tua pessoa. Suscitarás contra ti ódios terríveis; inimigos obstinados conspirarão para a tua derrota; serás alvo da malevolência, da calúnia e da traição, mesmo dos que te parecerão os mais dedicados; as tuas melhores instruções serão desprezadas e falseadas; por mais de uma vez sucumbirão sob o peso da fadiga; numa palavra: terás de sustentar uma luta quase contínua, com sacrifício do teu repouso, da tua tranqüilidade, da tua saúde e até da tua vida, pois, sem isso, viverias muito mais tempo. Pois bem! Muitos recuam quando, em vez de uma estrada florida, só vêem sob seus passos pedras agudas e serpentes. Para tais missões, não basta a inteligência. Para agradar a Deus é preciso, antes de tudo, humildade, modéstia e desinteresse, visto que Ele desaprova os orgulhosos, os presunçosos e os ambiciosos. Para lutar contra os homens, são indispensáveis coragem, perseverança e inabalável firmeza. Também são necessários prudência e tato, a fim de conduzir as coisas de modo conveniente e não lhes comprometer o sucesso com palavras ou medidas intempestivas. Exigem-se, por fim, devotamento, abnegação e disposição a todos os sacrifícios. Como vês, a tua missão está subordinada a condições que dependem de ti.”
Em 01/1/1867, dez anos e meio após esta comunicação, Kardec escreveu uma nota expressando o seguinte:
”Verifico que a comunicação que me foi dada pelo Espírito Verdade se realizou em todos os pontos, porque experimentei todas as vicissitudes que nela me foram anunciadas. Tenho sido alvo do ódio de implacáveis inimigos, da injúria, da calúnia, da inveja e do ciúme; têm sido publicadas contra mim infames acusações; as minhas melhores instruções têm sido desnaturadas; tenho sido traído por aqueles em que depositara confiança, e pago com a ingratidão por aqueles a quem tinha prestado serviços. A Sociedade de Paris tem sido um continuo foco de intrigas, tramadas por aqueles que se diziam a meu favor, e que, mostrando-se amáveis em minha presença, me detratavam na ausência. Disseram que aqueles que adotavam o meu partido eram assalariados por mim com o dinheiro que eu arrecadava do Espiritismo. Não mais tenho conhecido o repouso; mais de uma vez sucumbi; sob o excesso de trabalho, minha saúde tem-se alterado e comprometido a vida. Entretanto, graças à proteção e à assistência dos bons Espíritos, que sem cessar me têm dado provas manifestas de sua solicitude, sou feliz em reconhecer que não tenho experimentado um único instante de desfalecimento nem de desânimo, e que tenho constantemente prosseguido na minha tarefa com o mesmo ardor, sem me preocupar com a malevolência de que era alvo. Segundo a comunicação do Espírito Verdade, eu deveria contar com tudo isso, e tudo se verificou.”    

Professor Edson Ramos De Siqueira

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