quinta-feira, 14 de março de 2013


A VOLTA DOS MONSTROS

Nos últimos dias a economia de nosso país passou da turbulência em que estava já há algum tempo e, conforme se prenunciava, entrou num verdadeiro caos. Com a desvalorização do real houve uma verdadeira corrida para compra do dólar, moeda americana referência no mundo todo, obrigando o Banco Central a queimar grande parte das reservas nacionais na tentativa de segurar o valor de nossa moeda. Não conseguindo evitar a constante desvalorização do real, para evitar uma sangria maior nas reservas, o governo resolveu liberar de vez o câmbio. O que vimos então foi, de um lado a euforia dos exportadores e dos que têm os produtos importados como concorrentes diretos e, de outro, a sombra da volta do monstro da inflação, o maior pesadelo das últimas décadas.
A ganância em ganhar mais com a crise, fez com que muitas empresas iniciassem um aumento dos preços dos seus produtos de forma indiscriminada, tirando da poeira e das teias de aranha acumuladas nos últimos 4 anos a famosa maquininha de remarcação de preços. Mesmo os produtos que não têm nenhum componente importado ou aqueles que mesmo tendo, possuem estoques com preços antigos, resolveram alterar os preços. Até os prestadores de serviços, que certamente não têm seus custos dolarizados, entraram na ciranda do aumento de preços.
Isso tudo, aliada às declarações intempestivas de alguns políticos e a falta de decisões de outros, fez com que caísse a credibilidade de nosso país no exterior, dificultando novos créditos e fazendo com que o capital especulativo que aqui estava fosse retirado. Está criado assim o cenário da crise, da instabilidade que poderá levar nosso país à bancarrota.
Não pretendemos aqui discutir ou explicar as causas e soluções para a situação econômica do país, já que não somos economistas, embora tenhamos já vivido tantas crises semelhantes a esta, como todo brasileiro, nos sentimos quase entendidos nesta área. Deixemos isto a cargo dos especialistas no assunto que, aliás, são muitos, principalmente após a deflagração da crise. Depois do fato consumado, o que mais aparece são os entendidos a opinar de como deveria ter sido a conduta desta ou aquela autoridade envolvida nos destinos do país. O difícil é decidir no calor dos fatos e encontrar soluções acertadas que agradem a todos os interesses.
Referimos-nos à situação econômica do país, aproveitando a crise que polariza a atenção da maioria da população, apenas para traçar um paralelo entre os problemas atuais vividos pela nação na área econômica com os dramas íntimos que vivemos diariamente.
Quando entramos no conhecimento das razões de nossa existência e do objetivo da vida presente, percebendo que nossa presença na matéria faz parte da caminhada do Espírito rumo à perfeição para qual foi criado por Deus, compreendemos que este progresso espiritual só se faz com a melhoria moral pessoal no combate aos vícios que tanto nos atrapalham e nos desviam do caminho do bem. É a luta interior do bem contra o mal. É a incessante busca da eliminação dos vícios morais, que são tantos, e que nos trazem sérias consequências, nos mantendo no atraso espiritual.
Para eliminação de algumas destas práticas, a compreensão da necessidade de mudança e algum esforço proporcionam o seu desaparecimento de nosso dia-a-dia. Outras, porém, de tão enraizadas em nossa vida presente, se tornaram verdadeiros monstros a nos assombrar. Por vezes passamos uma vida a combatê-los e não logramos êxito. É bem verdade que este combate nos fortalece para enfrentá-los novamente em outra vida, oportunidade que Deus em sua misericórdia nos dá.
Muitas vezes acreditamos que conseguimos eliminar um destes monstros que habitam em nossa intimidade, porém ao nos defrontarmos com uma situação que nos coloca à prova, vemos que ele estava apenas adormecido e volta a nos aterrorizar.
Sabemos que esta vida, em função de nosso baixo nível evolutivo, é de constante luta e que a vitória final só virá quando efetivamente conseguirmos nos livrar do orgulho, vaidade e egoísmo que são a origem de todos outros vícios morais que vivem a nos atormentar.
É preciso, pois lutar o bom combate, como se referia o apóstolo Paulo. Mesmo quando acreditarmos ter eliminado esta ou aquela deficiência moral é devemos vigiar como nos orienta Jesus, pois a qualquer momento poderemos ser vítimas do monstro adormecido, do qual só nos livraremos quando efetivamente tivermos processado as mudanças necessárias e definitivas em nosso caráter.

Texto publicado no site em 29/01/99. E hoje como estamos? Pense nisso!
Delmo Ramos

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