ESPÍRITO EM RECUPERAÇÃO
“Venho a esta casa,
trazida pelos instrutores deste trabalho, para falar de minha experiência.
Habito colônia transitória próxima a esta cidade, de nome Maria de Nazaré, e
encontro-me em situação de razoável entendimento, podendo já falar de forma
mais clara sobre este lado da vida.
Como sabem, desencarnei
de forma súbita, de enfermidade que minava silenciosamente meu organismo físico
sem que eu o soubesse. Tive uma vida de muita dificuldade no campo material,
que me foi dada como expiação de meus débitos e isto me forçou a trabalhar além
de minhas forças para suprir necessidades que considerava imprescindíveis para
minha família.
Tinha minha fé católica
que, embora não me dedicasse com afinco, me sustentava em momentos de
desespero. Tive muitos momentos de solidão e meus problemas íntimos me
atormentavam enormemente, não sabendo eu que também se tratava de prova no
campo da afetividade.
Por muito tempo quis
entender o que acontecia comigo por não encontrar jamais a felicidade. Porém
desisti de buscar essa forma de satisfação e mergulhei com todas as minhas
forças na assistência à minha família. Infelizmente pouco podia fazer por eles,
pois a parte material era insuficiente para dar-lhes a educação mais adequada.
Além disso, tratavam-se de Espíritos com pouco esforço no campo das melhorias
íntimas.
Nasci em família muito
simples, porém de valores bons, com um pai de bondoso coração e mãe amorosa e
paciente, embora não exteriorizasse seus sentimentos de amor e afeto. Amei-os e
amo-os muito, pois o afeto verdadeiro não se extingue com a morte, ao
contrário, quando bem cultivado aumenta e se perpetua em nossos corações.
Naquele dia senti que
algo estranho aconteceria. Havia tido sonhos com pessoas de minha família, que
muito amava, e acordei angustiada com a experiência. O cansaço do corpo
pedia-me que permanecesse na cama, mas a responsabilidade me chamava ao dever.
Quase não tive tempo de raciocinar. Quando a dor lancinante me jogou ao chão,
vi apenas que pessoas se aproximavam de mim e até então pensava serem
encarnados. Levaram-se para local apropriado e eu sem muita consciência do que
se passava, achava encontrar-me no mesmo hospital onde havia ocorrido o
fato.
Não vi meu funeral, nem
o desespero dos meus entes queridos, por misericórdia do Alto. Só algum tempo
depois vim a saber da dor de minha mãe e do silencioso sofrimento do meu pai.
Tive a permissão de visitá-los uma vez e ainda sofri muito ao vê-los tão
dissociados um do outro e tão longe ainda da compreensão dos mecanismos que a
vida têm para direcionar-nos ao equilíbrio.
Hoje ainda me encontro
um pouco frágil, no que diz respeito ao que necessito para desempenhar trabalho
útil dentro da colônia, mas já faço pequenos serviços com a equipe responsável
pelo meu grupo de trabalho.
Temos aulas de esclarecimento
sobre as verdades divinas e estamos aprendendo a servir pelo simples prazer de
servir. Já posso acompanhar meus instrutores às zonas de sofrimento para
resgatar irmãos, de vez em quando. Mas isso ainda me impressiona, o que impede
que eu vá mais vezes a esse trabalho. Lá, nas zonas de sofrimento, que tem a
denominação de umbral no meio espírita, podemos ver como os homens conseguem
inutilizar suas encarnações, dedicando-se aos vícios e prazeres do mundo. Somos
levados de vez em quando para aprendizado e também para auxílio de alguns
necessitados com preces e vibrações de paz.
Fico muito feliz em
poder escrever um pouco e trazer deste mundo notícias que não são novidades,
mas que farão enorme bem aos meus entes queridos. Peço a Deus que me permita
vir aqui mais vezes. Fico grata ao irmão instrutor pela ajuda recebida e que
esta casa continue a espalhar a luz entre os homens”. - Marise Lemos Martins
Mensagem
mediúnica
Classificação:
Depoimentos
Data:
19.01.98
Espírito:
Marise Lemos Martins
SEEAK
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