quinta-feira, 28 de abril de 2011

Malhação de Judas

        As comemorações que antecedem a Páscoa acontecem por toda a semana. Muito mais que festejar o verdadeiro sentido do evento que é a ressurreição, uma grande parte da população se regozija com o consumo de chocolate.
        O sábado da aleluia, que deveria trazer para todos as alegrias espirituais, tem uma tradição popular chamada de malhação do Judas.
        Essa tradição é um verdadeiro exercício de violência e de vingança. A pretexto de malhar, espancar, destruir a figura que representa Judas, o traidor de Jesus, as pessoas buscam vingar o Mestre, fazendo justiça através da explosão de um ódio concentrado. A meninada, incentivada pelos adultos e até pelos pais, fantasia o Judas a ser malhado, colocando nele a figura de políticos corruptos, de pessoas antipáticas e de criminosos a quem gostariam de punir.  
        Dentre os atingidos pela ira popular figuram governantes, criminosos como o casal Nardoni recentemente julgados, o mensalão de Brasília e outras vítimas da sanha de vingança, desejo de matar e de ver sangue, e o Judas é estraçalhado em um poste pela multidão ensandecida. Com isso, acham que estão fazendo justiça e punindo não só aquele que traiu Jesus como todos aqueles que mataram e roubaram.
        O curioso é que esse ato contraria em tudo e por tudo os ensinos do Mestre Jesus, que nos deu exemplos de amor e de perdão.
        Agir como selvagens e voltar ao tempo dos bárbaros não vai certamente levar nossas crianças a se tornarem melhores e aprender a amar e respeitar o semelhante.
        Precisamos evitar que hábitos perniciosos como esses passem a fazer parte obrigatória dos usos e costumes de nosso povo.
        Vamos abolir esse costume bárbaro e ensinar aos nossos filhos e netos que só o amor e o perdão pode fazer com que o nosso planeta deixe de ser violento e triste.

Ary Brasil Marques
SBC, 04/04/2010.

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