quinta-feira, 3 de novembro de 2011

PARA ONDE CAMINHAMOS?

"A história é bem triste. Uma senhora de 85 anos, portadora do chamado “pé diabético”, arrasta-se em dores à espera de um atendimento que possa livrá-la do sofrimento. Entre marcação de consultas, espera por leito na internação e idas e vindas inúteis ao hospital, já se vão pelo menos 4 meses e muitos reais gastos com translados. Detalhe: a pobre senhora não tem recursos e depende dos serviços públicos de saúde. Cada vez que vai ao hospital em busca de uma assistência, que não tem, gasta dos minguados trocados da parca aposentadoria da Previdência Social. Se tivesse condições de pagar para ser atendida com a dignidade que merece todo ser humano, certamente já teria bons profissionais à sua disposição, podendo até ser os mesmos que deixaram de atendê-la no serviço público.
Apesar das constantes propagandas de melhorias conseguidas pela sociedade, que vemos a todo instante nos canais de comunicação, o que se pode ver no dia-a-dia nada mais é que o resultado da decadência das relações humanas. O caótico e injusto sistema materialista que se estabeleceu em todo o mundo, trata o homem com um valor apenas circunstancial. Ele vale o preço de uma consulta, de um procedimento, de sua conta bancária, do espaço que tem na coluna social ou no cenário político. Se estivermos atentos ao movimento do mundo atual, ao modo como as coisas funcionam, podemos bem constatar que o homem não passa de um número dentro do sistema. Transformado, assim, de pessoa em coisa, não poderiam ser diferentes os acontecimentos que nos ferem os olhos, e muito mais os sentidos.
Uma sociedade que se organiza dessa forma, valorizando o homem pelo que ele tem, não poderia dar frutos de bondade, de harmonia e equilíbrio. Os frutos desse triste comportamento são a fome, misérias, prostituição, drogas, injustiça social e todo tipo de desgraças que hoje enxameiam este orbe, com uma velocidade sem precedentes na história da humanidade. Diz o Evangelho que quando a consideração que se dispensa às pessoas é medida pelo peso do ouro que elas possuem, que interesse podem ter elas em se corrigirem de seus defeitos? Acrescentamos que se a ideia que o homem faz da vida é esta pequena e atrasada teoria de que somos condenados a nascer, crescer, produzir e morrer sem qualquer explicação sobre qual seria a utilidade disto, qual interesse teria a maioria das pessoas em buscar uma qualidade de vida centrada no amor ao próximo? Antes, essa estreita visão de vida o leva a viver de forma egoísta, cada vez mais.
E nesse contexto vive o homem. Envolvido pela euforia atual ditada pelos “benefícios” da globalização, não percebe que o mundo de fato tornou-se uma grande aldeia, comandada por um único cacique, o malfadado materialismo, tão bem representado pelo capital, melhor dizendo, pelo lucro. Orquestrando essa dança estão os chamados países ricos, que deveriam ajudar a minimizar a miséria no mundo. Entretanto, as relações entre os países ricos e pobres são exatamente iguais às relações entre as pessoas: os pobres, não tendo outra saída, mendigam as sobras dos ricos, que “dão generosamente” a ajuda, não sem tocar trombetas diante de si. Além disso, agem escravizando os países com dívidas que jamais poderão ser pagas sem grandes sacrifícios por parte da população, sendo, portanto, os devedores, eternos reféns desses satânicos senhores do mundo.
Como explicar tal situação? Afinal, dizem os arautos do exagerado otimismo, que o Bem é maioria no planeta. A situação do mundo, porém, nos diz o contrário. O mal campeia, faz seguidores a cada dia e vai levar a humanidade, em breve, para uma situação de tamanho destrambelho que envolverá até os mais vigilantes, caso não se tenha mecanismos firmes de sustentação espiritual. Nada há que explique a razão da senhora doente ficar sem atendimento, a não ser o fato de ser pobre. Fosse alguém que representasse um “número” mais valorizado (um número de plano de saúde, por exemplo), teria seu padecimento abreviado. Em que ela é diferente de alguém que têm direito ao bom atendimento, se não for sua condição social? Infelizmente casos como esses são multiplicados todos os dias nas filas dos hospitais públicos. Que esperar de uma sociedade que não reconhece no outro a condição de irmão?
Uma vez mais diremos: não há outra saída para a humanidade senão buscar viver sob outro ponto de vista. A Lei de Deus, expressa na doutrina de Jesus, Allan Kardec e outros mestres que vieram nos alertar para as necessidades do Espírito, nos dão conta de que fora da Caridade não há salvação para o homem. E por Caridade há que se entender o Amor em plenitude. Não o amor próprio, chaga que anima os orgulhosos e egoístas, mas o amor ao próximo, verdadeira bandeira da mensagem libertadora do Espírito. Realidades como a imortalidade da alma, a reencarnação e a lei de causa e efeito, trazem para o homem a certeza de que deverão lutar pelo bem comum, que deverão cumprir com seus deveres, quaisquer que sejam, visando o bem do outro, caso queiram encontrar a tão sonhada paz interior, neste e noutros mundos.
Sociedades, governos, nações e povos do mundo inteiro sofrerão terrivelmente as consequências de terem se guiado pelas leis nefastas do materialismo, que escravizou os homens ao longo dos séculos e que agora se exacerba com toda a sua pujança nas mentes intelectualizadas do homem moderno, em um mundo no qual o amor próprio e a exacerbação do ego ainda são tidos como qualidades essenciais para o ser realizar suas conquistas no campo terreno. Instituições sérias, públicas e privadas, são achincalhadas diariamente pela falta de compostura desse homem moderno, que sabe manipular tão bem as máquinas, mas não consegue conduzir sua própria vida em um caminho de equilíbrio. Um homem sensível aos avanços da tecnologia, mas insensível aos apelos da verdadeira Caridade.
Não há mais tempo para novas conquistas. Esgotou-se o tecido social, fragmentou-se a família, banalizou-se a moralidade. O clima é de confusão e espanto diante de tanta estultícia. Nada há a fazer a não ser ocupar-se em edificar o Espírito, única forma de vencer esta grave fase que se aproxima para todos nós. Quem tiver olhos de ver verá. Quem estiver ocupado em demasia com as coisas transitórias, perderá o bonde das coisas celestiais e poderá acordar em um mundo muito feio, no qual quem dará as ordens não mais será o vil metal, mas a luta mais básica pela sobrevivência.

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