quinta-feira, 29 de dezembro de 2011


NATAL DE CONTRASTES

Em nosso último livro, "Tchau, São Paulo", em certo trecho dizíamos: "Há um novo mundo se formando e já se pode sentir no ar um cheiro de esperança. É hora de dividir para somar, operação matemática que desagrada à ganância, mas cria espaço para um fraterno abraço coletivo".
Neste Natal, observamos notícias dos quatro cantos do mundo e as atitudes das pessoas nos fizeram meditar. Nos Estados Unidos, vimos jovens que estão enriquecendo rápida e assustadoramente com empresas na Internet. Ganham bilhão de dólares em seis meses e dão-se ao luxo de presentear com jóias de 300 mil dólares, sapatos de 2 mil dólares, e que tais. Houve até um pai que fechou a maior loja de brinquedos de Nova Iorque para que seus filhos escolhessem o que lhes agradassem. Quando os meninos quiseram celulares, o pai pediu-lhes que fizessem o sacrifício de não levar, porque a recepção da área onde moram é ruim.
Mas, felizmente, vimos notícias mais humanas, mais racionais, mais cristãs. Uma médica baiana levou órfãos para sua casa, dividindo com eles seu lar e o carinho que oferece aos filhos. E as crianças ricas, receberam os amigos do orfanato com alegria. Usaram a piscina, riram, brincaram e sentiram o gosto de ser gente por um dia. Ao final, a doutora informou que não iria parar por ali. Pretendia dar continuidade na assistência às crianças, ampliando a ajuda material para um amparo moral, educacional que ajudasse a formar o caráter daqueles excluídos da sociedade.
Igualmente, em noticiário local de João Pessoa, Paraíba, vimos um grupo de Policiais Militares que, por iniciativa própria, ofereceu 10 reais cada um, tirados de seu minguado salário, para comprar alimentos que distribuíram entre pessoas carentes da cidade. Prometeram repetir o ato mensalmente, depois de saborear a alegria que causaram naqueles seres sofridos que vivem à mercê da caridade.
Ricos se omitindo e pobres dividindo o pouco que têm. Nada diferente dos tempos de recrutamento do discipulado de Jesus. Os doutores e abastados não fizeram parte dos que se encarregariam da conscientização das pessoas. Foi mais tarde, quando a semente começou a germinar, que alguns publicanos, Mateus e Zaqueu, para citar dois, deram-se conta de que deveriam mudar suas vidas. Não será diferente nos nossos dias. Todos chegarão lá, cedo ou tarde. Acabarão encurralados num beco sem saída. Ou, melhor dizendo, com uma única saída: A solidariedade.
Sem a dificuldade, as pessoas não têm motivação, se omitam e ficam insensíveis diante dos problemas do próximo. Julgam que pelo fato de não terem causado a pobreza do outro, nada lhes cabe fazer. Desconhecem que Deus coloca em determinadas mãos dinheiro e poder para que o possuidor produza o bem entre o maior número de criaturas possível.
Quando a lei da reencarnação for melhor compreendida e os homens perceberem em sua lógica a misericórdia de Deus, o pobre não será revoltado, porque compreenderá que tal experimentação lhe é útil e devolve à sociedade os prejuízos que causou a ela. E o rico, entenderá que o mau uso dos valores que Deus lhe emprestou poderão provocar-lhes dores no futuro. Esta é a razão da existência de ricos e pobres. Não fora a lógica da vida e teríamos um Deus injusto.
Quando Judas, na casa de Lázaro, reclamou do gasto com os óleos da unção, taxando o ato como desperdício, já que os pobres poderiam ser beneficiados com o dinheiro da venda, Jesus lhe disse que os pobres sempre existiriam. Porque o pobre de hoje é o rico imprevidente de ontem. E a dor, a dificuldade, a privação, são suas melhores companheiras para a reversão das idéias egoísticas do tempo em que se julgava auto-suficiente na sua vida material. O rico, de acordo com os ensinamentos do Messias, não é o que junta, mas o que divide.
Ficamos muito felizes por ver as poderosas redes de TV noticiando, o que antes era para eles futilidades. Servindo-se de 150 soldados paraibanos da PM, como exemplo de fraternidade e amor ao próximo. Enquanto outra notícia falava de um homem que construiu um abrigo subterrâneo para 300 pessoas, com carroçarias de ônibus, os soldados sabem que a melhor defesa é o escudo que criamos em nossa volta em razão do amor que oferecemos ao semelhante.
Se alguém quiser ter garantia de defesa, que seja guardado por Jesus, atuando como seu auxiliar direto. Quando damos de comer a um irmão menor, é ao Cristo que o fazemos. Foi Ele quem nos garantiu isso. Se não formos protegidos pelo chefe maior do planeta, o mais interessado em que todos sejamos felizes, mas que conta com a nossa ajuda, não serão revólveres, cadeados, seguranças, cães de guarda, coletes que haverão de nos garantir vida longa e tranqüila. Jesus é o nosso melhor procurador para defender-nos diante de Deus, o Senhor da Vida. E quando Jesus pede, Deus atende, porque é um de seus filhos mais amados nesse universo de infinitos mundos.
Neste Natal, aprendi muita coisa sobre o comportamento dos homens. Enquanto vi milionários fúteis e equivocados, tive a ventura de conhecer gente simples, humana e misericordiosa. E estes são mais ricos do que os outros, com a vantagem de que a sua riqueza nenhum ladrão consegue roubar, nenhuma traça consegue roer e nenhuma ferrugem consegue destruir.
Texto publicado no site em 31/12/99

Octávio Caúmo Serrano

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