quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

"BRINCAR É A TIVIDADE MAIS NATURAL DO MUNDO PARA QUALQUER CRIANÇA"


As escolas deveriam deixar as crianças brincarem por elas mesmas, sem intervir?

Sim, claro. Atualmente não deixamos as crianças brincarem por elas mesmas; queremos dirigir, monitorar, aperfeiçoar seus jogos, transformá-los em conquistas. É como se as atividades não formalizadas não fossem válidas. A forma mais rica de brincar é quando as crianças são livres para explorar o mundo, seguir a sua imaginação, criar as suas regras.

As crianças não estariam com tantas tarefas que desaprenderam a brincar - e precisam que alguém as ensine?

Estão, sim, atarefadas, pois achamos que o brincar sem estruturação é perda de tempo. Mas não acho que precisem aprender a brincar. Essa é a atividade mais natural do mundo para elas. Qualquer um que tenha passado algum tempo com crianças sabe que elas brincam sem precisar de ajuda. É verdade que muitas perderam um pouco do "brincar livre" por falta de tempo. Elas, de fato, precisam de alguma ajuda para voltar à ativa.

Recreio dirigido é uma superproteção?

Parece uma intervenção excessiva na vida das crianças. Não há nada de errado com atividades estruturadas, supervisionadas por adultos, mas só se as crianças também tiverem tempo para brincar por elas mesmas.

As crianças ficam menos espontâneas?

Sim, porque diminui o espaço para que a imaginação corra solta. Elas se tornam receptoras passivas em vez de protagonistas de suas aventuras. Em vez de usar seus cérebros para encontrar uma forma divertida de interagir, elas esperam que alguém lhes dê de bandeja a próxima atividade. Com os adultos no controle, elas nunca vão aprender a resolver conflitos, porque tiveram sempre alguém para resolver por elas.

O que seria um recreio ideal?

O intervalo na escola deveria ser apenas isso: um intervalo na rotina de atividades dirigidas por adultos. As crianças deveriam ter tempo suficiente para mudar o cérebro para o modo de relaxamento. E espaço adequado para conseguir inventar seus jogos e mundos.
Carl Honoré, HISTORIADOR
13 de fevereiro de 2011

Retirado do site: www.estadao.com.br

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