quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011


"A FÉ E A CARIDADE"

A casa espírita recebe semanalmente um grande número de pessoas que vêm pedir ajuda a Deus e aos Espíritos para seus problemas e tormentos pessoais. E Jesus, através dos amigos invisíveis, procura confortar e esclarecer dentro das condições de cada um. E, com freqüência, o homem é pouco reconhecido por tudo quanto o Alto faz em seu benefício. Assim que seu sofrimento é atenuado, logo desaparece das reuniões públicas. Age quase que instintivamente, dominado pelo impulso ainda dominante na sua personalidade, que dita seus atos e ações no campo da vida.
É muito triste perceber que a maioria dos que foram tocados pelo sofrimento, ainda não se deram conta de que a maior riqueza que nos oferece a casa espírita é o conhecimento das coisas nos planos material e espiritual. Poucos se apercebem de que a sabedoria e esforço na vivência cristã são a mola mestra de uma vida mais equilibrada, num mundo que experimenta uma instabilidade espiritual incomum. Seguem vivendo conforme o próprio coração. Alguns voltam ao cenário espírita mais tarde, geralmente mais perturbados do que da primeira vez, dando testemunho dos ensinos de Jesus: “O estado desse homem será pior que o primeiro”.
O Homem é um Espírito imortal que navega no mar da existência, com destino definido pelo Criador. Sua meta é a perfeição. Todos foram criados simples e ignorantes. Cada um, pelo esforço pessoal, escreve a própria história, desenvolve o carma pessoal, projetando experiências a serem vividas, segundo as obras que tenha feito. A obra de Deus e seus filhos vivem imersos na Sua individualidade. Por isso o Pai é onipresente e a tudo permeia, sustentando todas as coisas. Nada existe sem que a vontade divina se cumpra. Existir é viver em Deus.
Ligado por um cordão umbilical a Deus, o homem é uma de suas mais complexas criaturas. O Espírito que o habita já atingiu um alto grau de desenvolvimento intelectual. Sua inteligência já se desenvolveu a ponto de tomar consciência da própria individualidade. Está acima dos animais, porque tem vida moral. Pensa, ama, desentende-se, acerta, erra. O homem terreno está como que a meio caminho entre a luz e as trevas. Caminha para a fonte do Bem, de toda a sabedoria, como se procurasse voltar à sua origem. Mas ainda se encontra distante, mais próximo do ponto de partida do que do destino, razão pela qual sofre, por viver mais conforme a matéria, do que segundo o Espírito.
A história da mensagem divina, palavra de Deus enviada aos homens, começa há quatro mil anos, junto à família do patriarca Abraão. Torna-se mais grave na missão desenvolvida por Moisés. Aprofunda-se com Jesus e esclarece-se com a Doutrina Espírita. Embora os filhos do Altíssimo não estejam maduros em sua maioria, muitos podem compreender os princípios fundamentais que norteiam a vida superior. E, é nesse esforço de melhoria, que encontramos o ponto de sustento para nossas vidas. É esse encontro com a Verdade que nos dá vida nova, diferenciada daquela vivida pelo homem comum. Ao tomarmos consciência das leis que regem o universo estamos nos colocando em harmonia com os delicados mecanismos que regem a vida. Começamos a navegar a favor da correnteza e não contra ela, como fazíamos anteriormente. As coisas tendem a melhorar.
Quando indagados a respeito das dificuldades do homem dominar suas más inclinações, os Espíritos superiores responderam a Allan Kardec, que sempre se pode conseguir a libertação quando a pessoa tem em si uma vontade firme e poderosa. Vontade é fé. A fé pode e deve ser multiplicada, pois é uma alavanca que pode nos ajudar em muitas realizações. Muitos desses que buscam os centros espíritas para pedirem ajuda, estão doentes da fé. Deixaram-se enfraquecer e dominar-se pelo espírito do mundo, natureza primitiva, contrária à natureza de Deus. Jesus a chamava o Diabo. Este é o nosso inimigo e precisamos fechar as portas do coração para que não nos atormente mais que o necessário.
A fé pode ser desenvolvida por vários fatores. E quem quiser ser forte em termos espirituais, com naturais conseqüências na vida material, deve procurar desenvolver essa potencialidade que dormita em nosso coração. Alguns procedimentos podem ser tomados para que a fé seja fortalecida. O primeiro deles, é ter paciência. Sim, pois a fé não se conquista do dia para a noite. Ela vem como resultado de outras providências igualmente morosas para o Espírito. O estudo deve ajudar aquele que deseja desenvolver sua fé a compreender os mecanismos inteligentes da vida. A experiência encarnatória segue orientada por um plano traçado por Deus em torno do próprio Espírito. Entender que a vida flui naturalmente e que não adianta violentá-la, desejando alguém ser uma coisa que não pode ser. Agir com moderação, quando avançar, dando tempo para que as pedras do grande jogo a que se está incluído possam ser movidas convenientemente.
Outra providência indispensável é a oração. Com ela, protegemo-nos da influência dos maus Espíritos e abrimos nosso coração para a inspiração dos anjos e dos nossos guardiães invisíveis. Sem orarmos diariamente, em particular, a vida toma um aspecto sombrio. Torna-se semelhante a um vidro embaçado pelo vapor, que nos tira a clara visão de tudo. Orando, desligamo-nos um pouco das coisas materiais e nos voltamos para nossa própria natureza: a espiritual. A prece é uma experiência pessoal, que precisa se desenvolver na intimidade do ser. Não deve ser pública, nem manifestar-se com aparências exteriores. Alguém pode orar por nós, quando estamos enfraquecidos, doentes. Mas o grande proveito vem daquela oração que desenvolvemos em nós mesmos. É nosso Espírito falando com Deus, respirando a atmosfera divina por alguns instantes.
A humildade é amiga da fé. O orgulhoso, o soberbo, aquele que pensa em si ou em sua glória não pode estar imbuído da verdadeira fé. Devemos afastar de nós tudo aquilo que tende a dar força ao nosso próprio eu. Sempre que nossas preocupações estiverem voltadas para nossa personalidade, estamos no caminho contrário ao de amar ao próximo como a nós mesmos, conforme assevera Jesus. Simplicidade no viver. Amizade com poucos, amizade no templo. Freqüência no templo. Leitura, meditação, reflexão, vivência, perseverança. Paulo de Tarso, ao referir-se ao conjunto de valores do coração, denominando-o “caridade”, assim se expressa: “A caridade tudo sofre, tudo espera, tudo crê. Não folga com a injustiça, mas folga com a Verdade”. Como se vê, é um estado especial, particular daquele que crê em Deus, na Vida Eterna e na Promessa de Jesus.
A fé, quando desenvolvida, pode ser um grande instrumento da prática do Bem. Com ela, podemos estender as mãos abençoando os que sofrem, doentes, obsedados, perdidos. Com a fé, orando, podemos limpar o ambiente onde vivemos, onde trabalhamos. Com ela, se está salvo a qualquer instante. Por ela, se recebe de Deus o socorro, a inspiração, a solução para todos os males. Deixemos de exterioridades. É hora de darmos um basta na idolatria, na dependência que se criou junto a médiuns, a Espíritos, que nada mais são que muletas psicológicas, incapazes de nos sustentar nas lutas dessa experiência árdua. Busquemos o Espírito do Senhor, único que nos pode levar a Deus. Busquemos o contato com o Espírito de Verdade, que é o Espírito Santo, força viva, com a qual todos podem contar. E você, caro leitor deste texto, não perca sua vida na busca de falsos conceitos, seja no Espiritismo ou em outras religiões. Instrua-se, fortaleça sua fé. Allan Kardec foi o derradeiro profeta, porta-voz das vozes celestiais. Nas obras legadas por ele à humanidade está mais uma vez a palavra de Deus. Apeguemo-nos. É o nosso caminho, verdade e vida.

José Queid Tufaile Huaixan

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