quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A SUPERIORIDADE DE ALLAN KARDEC

Em 31 de março de 1869 desencarna, em Paris, Allan Kardec. Ao contrário do que afirmam muitos pastores mal informados, e talvez mal intencionados, ele não morreu louco internado num hospício. Como registra a história, foi vítima de ruptura de um aneurisma, em consequência de uma enfermidade do coração.
Hippolyte Léon Denizard Rivail, seu verdadeiro nome, foi discípulo de Pestalozzi, adotando seu revolucionário sistema de educação na sua profissão de educador. Falava vários idiomas, detinha profundos conhecimentos em várias áreas, tendo lecionado química, física, astronomia, astrologia e publicou inúmeras obras na área da Pedagogia, razão pela qual gozava de grande conceito entre os profissionais desta área em sua época.
Como todo idealista viveu modestamente, equilibrando seu parco orçamento com aulas particulares. Em 1855, então com 51 anos, interessa-se por fenômenos bastante popularizados na época: as mesas girantes. Tendo estudado e pesquisado sobre magnetismo julgou serem estes fenômenos consequências de ações magnéticas e passou a frequentar diversas reuniões com interesse científico.
Entreviu, desde logo, o princípio de leis naturais até então desconhecidas, as que regem as relações entre os mundos material e espiritual, das quais pôde deduzir graves consequências filosóficas. Passou então a dedicar-se prioritariamente a estas pesquisas que resultaram em inúmeras obras, tais como: O Livros dos Espíritos, O Livros dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, A Gênese e a Revista Espírita, publicadas com o pseudônimo Allan Kardec para diferenciar de sua obra pessoal.
Allan Kardec era um exigente pesquisador que baseava seus argumentos no bom senso, na razão e na comprovação dos fatos, como se vê em uma das suas mais célebres frases: "Não há fé inabalável senão a que pode encarar face a face a razão, em todas as épocas da humanidade. À fé, uma base se faz necessária e essa base é a inteligência perfeita daquilo em que se pode crer. Para crer, não basta ver, é preciso, sobretudo, compreender".
Aos leitores habituais desta página pode parecer desnecessário esta breve biografia de Allan Kardec por ser ele já bastante conhecido dos espíritas em geral, porém, embora a maioria realmente conheça estes dados biográficos, grande parte dos espíritas simplesmente desconhecem o verdadeiro valor do codificador. Não foi um simples compilador com a função de reunir as informações e os ensinamentos, reunindo-as em um corpo de doutrinário, como pensam alguns. Foi um partícipe da Revelação pois, a par das revelações dos Espíritos Superiores, desenvolveu estes ensinos com seus profundos conhecimentos alicerçados nas pesquisas, observações e em seu grande adiantamento moral e intelectual.
O desconhecimento da superioridade espiritual do mestre lionês se dá pela falta do estudo de suas obras que, a pretexto de serem de difícil compreensão, foram relegadas a plano secundário nas casas espíritas. Na verdade a obra kardequiana só é difícil para os que ainda não tem a maturidade suficiente para compreendê-las. Por conta desta imaturidade e devido a linguagem superficial da maioria dos livros mediúnicos com teores fantasiosos, são seduzidos os que não se dispõem a se aprofundar nos ensinamentos espíritas, preferindo ficar na superficialidade destes conhecimentos.
Sem desmerecer tais escritos que sem dúvida prestaram, ou ainda prestam, bons serviços à Doutrina Espírita, é preciso colocá-los nos seus devidos lugares e, para tal, basta dar uma olhada na questão no. 100 de O Livro dos Espíritos - Escala Espírita - para constatarmos que poucos podem ser identificados, em toda a história da humanidade, como Espíritos Superiores e, dentre eles está, sem dúvida, aquele que reutilizou em sua última encarnação o nome que já usara em vida anterior como sacerdote druida, numa época de pouco avanço intelectual e moral da humanidade: Allan Kardec.
Não é exagero, tampouco endeusamento, afirmar que Allan Kardec é um dos maiores pensadores que a humanidade já teve, reconhecimento que certamente o mundo um dia ainda terá. Sua superioridade pode ser constatada em seus escritos, especialmente em O Evangelho Segundo o Espiritismo onde se constata que suas observações estão no mesmo nível das manifestações do Espíritos Superiores, algumas até com mais profundidade. Não crer nesta sua condição espiritual, é descrer na superioridade dos ensinamentos da Doutrina Espírita e do seu caráter revelatório.

Delmo Martins Ramos
Texto publicado no site em 05/05/2000

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