A SUPERIORIDADE DE ALLAN KARDEC
Em 31 de março de 1869 desencarna, em Paris, Allan Kardec. Ao contrário do que
afirmam muitos pastores mal informados, e talvez mal intencionados, ele não
morreu louco internado num hospício. Como registra a história, foi vítima de
ruptura de um aneurisma, em consequência de uma enfermidade do coração.
Hippolyte Léon Denizard Rivail, seu
verdadeiro nome, foi discípulo de Pestalozzi, adotando seu revolucionário
sistema de educação na sua profissão de educador. Falava vários idiomas,
detinha profundos conhecimentos em várias áreas, tendo lecionado química,
física, astronomia, astrologia e publicou inúmeras obras na área da Pedagogia,
razão pela qual gozava de grande conceito entre os profissionais desta área em
sua época.
Como todo idealista viveu modestamente,
equilibrando seu parco orçamento com aulas particulares. Em 1855, então com 51
anos, interessa-se por fenômenos bastante popularizados na época: as mesas
girantes. Tendo estudado e pesquisado sobre magnetismo julgou serem estes
fenômenos consequências de ações magnéticas e passou a frequentar diversas
reuniões com interesse científico.
Entreviu, desde logo, o princípio de
leis naturais até então desconhecidas, as que regem as relações entre os mundos
material e espiritual, das quais pôde deduzir graves consequências filosóficas.
Passou então a dedicar-se prioritariamente a estas pesquisas que resultaram em
inúmeras obras, tais como: O Livros dos Espíritos, O Livros dos Médiuns, O
Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, A Gênese e a Revista Espírita,
publicadas com o pseudônimo Allan Kardec para diferenciar de sua obra pessoal.
Allan Kardec era um exigente
pesquisador que baseava seus argumentos no bom senso, na razão e na comprovação
dos fatos, como se vê em uma das suas mais célebres frases: "Não há fé
inabalável senão a que pode encarar face a face a razão, em todas as épocas da
humanidade. À fé, uma base se faz necessária e essa base é a inteligência
perfeita daquilo em que se pode crer. Para crer, não basta ver, é preciso,
sobretudo, compreender".
Aos leitores habituais desta página
pode parecer desnecessário esta breve biografia de Allan Kardec por ser ele já
bastante conhecido dos espíritas em geral, porém, embora a maioria realmente
conheça estes dados biográficos, grande parte dos espíritas simplesmente
desconhecem o verdadeiro valor do codificador. Não foi um simples compilador
com a função de reunir as informações e os ensinamentos, reunindo-as em um
corpo de doutrinário, como pensam alguns. Foi um partícipe da Revelação pois, a
par das revelações dos Espíritos Superiores, desenvolveu estes ensinos com seus
profundos conhecimentos alicerçados nas pesquisas, observações e em seu grande
adiantamento moral e intelectual.
O desconhecimento da superioridade
espiritual do mestre lionês se dá pela falta do estudo de suas obras que, a
pretexto de serem de difícil compreensão, foram relegadas a plano secundário
nas casas espíritas. Na verdade a obra kardequiana só é difícil para os que
ainda não tem a maturidade suficiente para compreendê-las. Por conta desta
imaturidade e devido a linguagem superficial da maioria dos livros mediúnicos
com teores fantasiosos, são seduzidos os que não se dispõem a se aprofundar nos
ensinamentos espíritas, preferindo ficar na superficialidade destes
conhecimentos.
Sem desmerecer tais escritos que sem
dúvida prestaram, ou ainda prestam, bons serviços à Doutrina Espírita, é
preciso colocá-los nos seus devidos lugares e, para tal, basta dar uma olhada
na questão no. 100 de O Livro dos Espíritos - Escala Espírita - para
constatarmos que poucos podem ser identificados, em toda a história da
humanidade, como Espíritos Superiores e, dentre eles está, sem dúvida, aquele
que reutilizou em sua última encarnação o nome que já usara em vida anterior
como sacerdote druida, numa época de pouco avanço intelectual e moral da
humanidade: Allan Kardec.
Não é exagero, tampouco endeusamento,
afirmar que Allan Kardec é um dos maiores pensadores que a humanidade já teve,
reconhecimento que certamente o mundo um dia ainda terá. Sua superioridade pode
ser constatada em seus escritos, especialmente em O Evangelho Segundo o
Espiritismo onde se constata que suas observações estão no mesmo nível das
manifestações do Espíritos Superiores, algumas até com mais profundidade. Não
crer nesta sua condição espiritual, é descrer na superioridade dos ensinamentos
da Doutrina Espírita e do seu caráter revelatório.
Delmo Martins Ramos
Texto publicado no site em 05/05/2000
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