segunda-feira, 3 de dezembro de 2012


A PRECE

Prece, oração ou reza, são os diversos nomes dados a uma prática humana muito antiga e que, apesar deste costume ser praticado há tanto tempo, ainda não foi bem compreendida até mesmo pelos que dela fazem uso constante. Duas correntes de opinião, contrárias entre si, existem com relação à prece, termo que usaremos com mais frequência apenas por uma questão de simpatia.
Uma é defendida pelos que não crêem ser necessário utilizá-la argumentando que se Deus conhece todas as nossas necessidades, saberá o que precisamos independentemente de fazermos qualquer pedido. Também argumentam que se as leis naturais são imutáveis, não adianta fazer qualquer pedido porque tudo já está pré-determinado em nossas vidas.
Outra corrente, talvez a de maiores adeptos, acreditam que todos os nossos problemas serão resolvidos apenas com a oração, numa visão equivocada das palavras de Jesus: "Pedi e obtereis". Seguindo este pensamento, proliferam-se as práticas exteriores, as preces puramente místicas, chavões repetitivos e as promessas que nada mais são que negociatas que o ser humano pretende ter com a Divindade.
Como em todas as ações do Espírito, na prece também o que prevalece é a intenção. Dizem-nos os Espíritos que a prece é um ato de adoração a Deus e que, ao fazê-la com a pureza do sentimento, estaremos pensando n'Ele, aproximando-se d'Ele e nos comunicando com Ele. Para se compreender a ação da prece é preciso que entendamos a ação do pensamento e sobre isto Allan Kardec nos oferece um extenso estudo do qual extraímos este parágrafo que sintetiza de forma precisa: "Estamos todos mergulhados no fluido universal que preenche o espaço, assim como na terra estamos envolvidos pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal se ampliam ao infinito".
Os benefícios que podemos receber de Deus estão diretamente ligados ao merecimento que temos em função de nossas ações. Dizem-nos os Espíritos que as boas ações são a melhor prece, porque os atos valem mais do que as palavras. Assim, unindo-se palavras sinceras e os bons propósitos às ações boas, certamente que teremos condições de receber grande ajuda para superar as vicissitudes da vida. Assim sendo, podemos deduzir que tanto os que dizem não adiantar pedir à Deus em prece, como os que crêem que só o ato de orar solucionará seus problemas estão equivocados. O que deve prevalecer é o bom senso.
Deus não anulará as penas da sua lei de causa e efeito segundo os caprichos da cada um, porém, como as maiores dificuldades que enfrentamos em nossa vida presente são causadas pelas nossas ações equivocadas desta vida mesmo, poderão ser diminuídas quando fazemos a prece sincera juntamente com o firme propósito de mudança de comportamento A prece feita com fervor e confiança sempre trará, a quem a faz, benefícios, principalmente a força moral necessária para vencer as dificuldades, podendo também desviar de si os males que atrairia com o pensamento voltado para o mal e à más paixões.
Pela prece podemos fazer três coisas: louvar, pedir e agradecer. Infelizmente pelo nosso desconhecimento das leis divinas, normalmente apenas pedimos. Pior ainda, quase sempre pedimos benefícios materiais ou então que fiquemos livres das dificuldades, quando o mais saudável é pedirmos a Deus o entendimento para que possamos compreender as situações que nos cercam e que assim tenhamos a força para superá-los.
Mas, sem dúvida, a primeira prece deve ser no sentido de agradecer a Deus a oportunidade de termos mais esta experiência na matéria como ferramenta para nossa evolução rumo à perfeição para a qual fomos criados.

Texto publicado no site em 21/05/99
Delmo Martins Ramos

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