DIFERENTES
FORMAS DE MANIFESTAÇÕES
Revista
Espírita, janeiro de 1858
Os Espíritos atestam sua presença de várias maneiras, conforme
sua aptidão, vontade e maior ou menor elevação. Todos os fenômenos de que
teremos ocasião de tratar ligam-se, naturalmente, a um ou outro desses modos de
comunicação. Para facilitar a compreensão dos fatos julgamos, pois, um dever,
abrir a série de nossos artigos com um quadro das diversas formas de
manifestações. Podem ser assim resumidas:
1º Ação oculta, quando nada têm
de ostensivo. Tais são, por exemplo, as inspirações ou sugestões de pensamentos,
os avisos íntimos, a influência sobre os acontecimentos, etc.
2º Ação patente ou
manifestação, quando é de qualquer maneira provável.
3º Manifestações físicas ou
materiais; são as que se traduzem por fenômenos sensíveis, tais como ruídos,
movimentos e deslocamentos de objetos. Essas manifestações não trazem frequentemente
nenhuma mensagem; só têm por fim chamar atenção para qualquer coisa e
convencer-nos da presença de um poder sobre-humano.
4º Manifestações visuais ou
aparições, quando o Espírito se mostra sob uma forma qualquer, sem ter nenhuma
das propriedades conhecidas da matéria.
5º Manifestações inteligentes,
quando revelam um pensamento. Toda manifestação que tem sentido, mesmo quando
não passa de simples movimento ou ruído, que acusa certa liberdade de ação,
corresponde a um pensamento ou obedece a uma vontade, é uma manifestação
inteligente. E as há em todos os graus.
6º As comunicações: são
manifestações inteligentes, que têm como objetivo uma troca de ideias entre o
homem e os Espíritos.
A
natureza dessas comunicações varia segundo a elevação ou a. inferioridade, o
saber ou a ignorância do Espírito que se manifesta e conforme a natureza do
assunto de que se trata. Podem ser frívolas,
grosseiras, sérias ou instrutivas.
As comunicações frívolas procedem de
Espíritos levianos, zombeteiros e travessos, mais malandros que maus, e que
nenhuma importância ligam ao que dizem.
As comunicações grosseiras traduzem-se
por expressões que chocam o decoro. Procedem de Espíritos inferiores ou que ainda
não se despojaram de todas as impurezas da matéria.
As comunicações sérias são graves
quanto ao assunto e a maneira por que são feitas. A linguagem dos Espíritos
superiores é sempre digna e isenta de trivialidade. Toda comunicação que exclui
a frivolidade e a grosseria e que tem um fim útil, mesmo de interesse
particular, é por isso mesmo séria.
As comunicações instrutivas são as
comunicações sérias, cujo principal objetivo é um ensinamento qualquer, dado
pelo Espírito sobre as Ciências, a Moral, a Filosofia, etc. São mais ou menos
profundas e mais ou menos verdadeiras, conforme o grau de elevação e de
desmaterialização do Espírito. Para tirar proveito real destas comunicações,
devem elas ser regulares e seguidas com perseverança.
Os
Espíritos sérios ligam-se àqueles que querem instruir-se e os ajudam, ao passo
que deixam aos Espíritos levianos a tarefa de divertir com suas facécias
aqueles que não veem nessas manifestações senão um passatempo. Só pela
regularidade e pela frequência das comunicações é que se pode apreciar o valor
moral e intelectual dos Espíritos com os quais nos entretemos, bem como o grau
de confiança que merecem. Se é
necessário ter experiência para julgar os homens, mais ainda o é para julgar os
Espíritos.
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