A MENSAGEM REDENTORA
Em minha adolescência, porém,
vi meu pai ser assassinado por empregado de sua confiança, por ódio e
vingança. Vim a saber mais tarde que ele cobrava dívida de honra, pois meu pai
havia seduzido sua jovem irmã de apenas 12 anos de idade. A partir de então
desenvolveu-se em mim um sentimento doentio de rancor e vontade irresistível de
vingar a morte de meu pai. Depois de um certo tempo assumi os negócios da
família, pois era o único filho e comandei o império com mão de ferro, tendo em
meu coração um único sentido e objetivo: matar quem matara meu pai. E assim
vivi por 40 anos.
Constituí minha vida familiar consorciando-me com uma moça de
minha condição social, mas sem nutrir por ela nenhum sentimento mais profundo.
Tive dois filhos que criei na abundância sem preocupar-me com nada além de
prover a sobrevivência da carne. Por muito tempo permaneci preso ao sentimento
de ódio e quando dormia assaltavam-me pesadelos terríveis que me corroíam a
alma e me faziam um homem turbulento e irascível.
Vivi de forma animal no aspecto do sentimento e espalhei entre
os meus o temor, o ódio, sem dar-me conta de que o respeito não existia. Quando
enfim adoeci foi um alívio para todos, pois fiquei preso a um leito, sem
comunicação verbal e sem movimentos por nove longos anos. Minha esposa Júlia
providenciou uma moça para fazer as vezes de enfermeira e foi ela quem me
prestou cuidados com carinho, dedicação e zelo até a minha morte. Olhava-me com
compaixão e alguma coisa em seus olhos falava-me que havia um segredo em sua
vida solitária.
Tinha um pouco menos de minha idade e era ainda muito bonita,
mas de seu coração emanava uma tristeza e melancolia que só os solitários como
eu podiam captar. Acostumei-me a ouvi-la falar comigo enquanto desempenhava sua
cuidadosa tarefa. Lia em voz alta os livros de minha predileção o que me trazia
grande alívio e conforto. Nos últimos dias de minha vida ela confidenciou-me
que tratava-se de Clara, a irmã do empregado de meu pai que fora desgraçada por
sua fama de conquistador. Depois do ocorrido, viveu por quase 20 anos
enclausurada em sua própria casa pela desonra sofrida e que só depois resolvera
dedicar a sua vida aos cuidados dos doentes solitários. Quando soube de meu
estado resolveu cuidar de mim para aplacar meu ódio e pagar a dívida de seu
irmão que, por ela, tinha se tornado um assassino. Ele também já havia falecido
vitimado pelo álcool e pelo desespero de ter ceifado a vida do seu patrão e
amigo.
Meus querido.
Aquele anjo salvou minha vida. Por um breve tempo em que permaneci ainda lúcido
depois de seu relato, percebi o quanto havia desperdiçado minha vida destilando
o ódio e a desgraça entre pessoas que nada tinham a ver com meus problemas e
traumas. Ela falara-me de Jesus e pela primeira vez senti a grandeza da
mensagem d’Aquele homem capaz de transformar um sentimento de ódio em piedade,
compaixão e misericórdia. Lágrimas de arrependimento e agradecimento
inundaram-me os olhos muitas vezes.
Parti para o mundo espiritual e ainda experimentei grande
sofrimento, mas esta já é outra história. Clara veio após mim e hoje nos
preparamos para retornar à vida na matéria aonde receberemos meu pai como fruto
de nossa união, para amá-lo e reconduzi-lo a Deus. Bendita seja esta doutrina
que traz a harmonia e o equilíbrio ao coração dos homens. Paz a todos e que
Jesus mantenha acesa a chama da sabedoria no coração de todos”. – Carlos
Emanuel, um Espírito agradecido.
Espírito: Carlos Emanuel – SEEAK
Mensagem mediúnica
Classificação: Depoimentos
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