A PRECE
Prece, oração ou reza, são os diversos nomes dados a uma prática humana muita antiga e que, apesar deste costume ser praticado há tanto tempo, ainda não foi bem compreendido até mesmo pelos que dela fazem uso constante. Duas correntes de opinião, contrárias entre si, existem com relação à prece, termo que usaremos com mais frequência apenas por uma questão de simpatia.
Uma é defendida pelos que não crêem ser necessário utilizá-la
argumentando que se Deus conhece todas as nossas necessidades, saberá o que
precisamos independentemente de fazermos qualquer pedido. Também argumentam que
se as leis naturais são imutáveis, não adianta fazer qualquer pedido porque
tudo já está pré-determinado em nossas vidas.
Outra corrente, talvez a de maiores adeptos, acreditam que todos
os nossos problemas serão resolvidos apenas com a oração, numa visão equivocada
das palavras de Jesus: "Pedi e obtereis". Seguindo este pensamento,
proliferam-se as práticas exteriores, as preces puramente místicas, chavões
repetitivos e as promessas que nada mais são que negociatas que o ser humano
pretende ter com a Divindade.
Como em todas as ações do Espírito, na prece também o que
prevalece é a intenção. Nos dizem os Espíritos que a prece é um ato de adoração
a Deus e que, ao fazê-la com a pureza do sentimento, estaremos pensando n'Ele,
aproximando-se d'Ele e nos comunicando com Ele. Para compreender a ação da prece é preciso que
entendamos a ação do pensamento e sobre isto Allan Kardec nos oferece um
extenso estudo do qual extraímos este parágrafo que sintetiza de forma precisa:
"Estamos todos mergulhados no fluido
universal que preenche o espaço, assim como na terra estamos envolvidos pela
atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do
pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações
do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal se ampliam ao
infinito".
Os benefícios que podemos receber de Deus estão diretamente
ligados ao merecimento que temos em função de nossas ações. Nos dizem os
Espíritos que as boas ações são a melhor prece, porque os atos valem mais do
que as palavras. Assim, unindo-se palavras sinceras e os bons propósitos às
ações boas, certamente que teremos condições de receber grande ajuda para
superar as vicissitudes da vida. Assim sendo, podemos deduzir que tanto os que
dizem não adiantar pedir à Deus em prece, como os que crêem que só o ato de
orar solucionará seus problemas estão equivocados. O que deve prevalecer é o
bom senso.
Deus não anulará as penas da sua lei de causa e efeito segundo
os caprichos da cada um, porém, como as maiores dificuldades que enfrentamos em
nossa vida presente são causadas pelas nossas ações equivocadas desta vida
mesmo, poderão ser diminuídas quando fazemos a prece sincera juntamente com o
firme propósito de mudança de comportamento A prece feita com fervor e
confiança sempre trará, a quem a faz, benefícios, principalmente a força moral
necessária para vencer as dificuldades, podendo também desviar de si os males
que atrairia com o pensamento voltado para o mal e à más paixões.
Pela prece podemos fazer três coisas: louvar, pedir e agradecer.
Infelizmente pelo nosso desconhecimento das leis divinas, normalmente apenas
pedimos. Pior ainda, quase sempre pedimos benefícios materiais ou então que
fiquemos livres das dificuldades, quando o mais saudável é pedirmos a Deus o
entendimento para que possamos compreender as situações que nos cercam e que
assim tenhamos a força para superá-los.
Mas, sem dúvida, a primeira prece deve ser no sentido de
agradecer a Deus a oportunidade de termos mais esta experiência na matéria como
ferramenta para nossa evolução rumo à perfeição para a qual fomos criados.
Delmo
Martins Ramos
Texto publicado no
site em 21/05/99
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