UM HOMEM CHAMADO
AMOR
Além da aura de paz e pacificação que parte dele, há um outro elemento
poderoso, a explicar o fascínio e a durabilidade da impressionante figura de
comunicação de Chico Xavier: a grande serenidade pessoal do médium, a dedicação
integral de sua vida aos que sofrem e o desinteresse material absoluto. A
canalização de todo o dinheiro levantado em direitos autorais para as
variadíssimas atividades assistenciais espíritas dá a Chico Xavier uma
autoridade moral (...) que o coloca entre os grandes líderes religiosos do
nosso tempo.
Artur da Távola, ex-Senador da República, em sua crônica de 26/05/1980,
no jornal O Globo.
Prêmio Nobel da Paz
Augusto César Vanucci, nascido em Uberaba, era amigo pessoal de Chico
Xavier. E o conhecia muito bem. Sabia da sua humildade e da sua aversão a
homenagens pessoais. Na década de oitenta, inventou para o Chico a história de
que iriam fazer uma homenagem para Divaldo Pereira Franco, o grande médium e
orador baiano. E Chico precisava ir ao Teatro Globo, no Rio, para gravar um
depoimento. Chico Xavier compareceu na hora e local combinados. Mas, para sua
surpresa, iria participar de um programa dedicado a si mesmo: Um Homem Chamado
Amor. Era o lançamento da sua campanha para o Prêmio Nobel da Paz.
A cada livro ou revista, comentário biográfico, reportagem, filme ou
programa de TV sobre Chico Xavier, cresce na consciência coletiva brasileira a
constatação de que recebemos a visita de um missionário.
A surpresa do estilo, a fidelidade poética, a identificação comprovada
dos comunicantes, a lógica irretorquível de suas obras. E a memória? Os nomes?
As identificações?
Memória
Uma ocasião estive em Uberaba
acompanhando caravana do movimento espírita de Bauru. Chico, não obstante o
cansaço e o trabalho até altas horas, mantinha-se sempre humilde, sereno e
atencioso. Em dado momento, no meio do burburinho provocado pela multidão que o
procurava, Chico olhou para mim e perguntou: Como está o Adhemar Previdello de Bauru?
Emocionado e pego de surpresa, respondi balbuciando alguma coisa ininteligível.
Chico, provavelmente com as suas lembranças motivadas pela minha semelhança
física com a família Previdello, lembrou-se do Adhemar, na época um dos grandes
líderes do movimento da mocidade espírita de Bauru. Isso, no meio de um
sem-número de pessoas que o pressionavam, em busca de um autógrafo ou de uma
palavra amiga.
Assistência Espiritual
E para aqueles que procuravam enganá-lo? Uma ocasião foi procurado pela
famosa dupla de repórteres David Nasser e Jean Manzon. Achando que não
conseguiriam realizar a entrevista com Chico, fizeram-se se passar por dois
norte-americanos. De posse do material, satisfeitos, já no Rio de Janeiro,
David Nasser comentou com a esposa: Ontem iludimos o Chico. E contou como havia abordado o grande médium. Iludiram coisa nenhuma respondeu a esposa Olhe aqui a dedicatória do livro
que você recebeu: AO MEU CARO DAVID NASSER, COM O ABRAÇO DO CHICO XAVIER.
Pinga-Fogo
Em janeiro de 1972 o Brasil estremeceu com o Pinga-Fogo realizada pela TV
Tupi. Espíritas e Não Espíritas passaram a conhecer, a se emocionar, a aprender
e a amar Chico Xavier. Durante quatro horas o médium respondeu a centenas de
perguntas de telespectadores e organizadores do programa. O programa
prolongou-se até as três horas da madrugada e atingiu o maior índice de
audiência da época.
Morrer com
Educação
Dentre as
inúmeras narrativas e revelações, uma delas ficou famosa. Chico viajava de
avião de Uberaba para Belo Horizonte. Depois de Araxá, o avião entrou em uma
região de forte turbulência. Com a intensa vibração da aeronave, os passageiros
se apavoraram diante da possibilidade real de acidente. Inclusive Chico, que
começou a gritar e a rezar: Oh! Meu Deus,
tende piedade de nós. As crianças choravam. Os adultos gritavam. Quando a
voz do Chico subiu de tom, viu Emmanuel entrar no avião. Aproximou-se dele e
perguntou o porquê daquela cena. Chico respondeu: Estamos em perigo, será que chegou a hora de eu morrer? Emmanuel, sereno, respondeu:
Não posso saber se o Senhor resolveu
determinar a sua desencarnação agora. Mas, se você julga que vai morrer,
procure pelo menos morrer com educação, sem aumentar a aflição dos outros. Com
a simplicidade que o caracterizava, em pleno pinga-fogo, Chico comentou,
despretensiosamente: Realmente não sei
como é morrer com educação. O Brasil inteiro riu e amou a narrativa de
Chico Xavier.
2010 será o Ano do Espiritismo no Brasil! Saibamos honrar a contribuição
maravilhosa que Francisco Cândido Xavier deu e continua dando ao equilíbrio e à
harmonia dos nossos espíritos, fazendo o melhor de nós pela nossa renovação e
pela construção de um mundo melhor.
Sidney
Francez Fernandes
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