quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O DIA DE FINADOS

Comemora-se nesta semana o dia de finados, ou seja, o dia dedicado aos mortos. O culto aos mortos é muito antigo e foi uma prática fundamental de quase todas as religiões, principalmente as mais antigas, pois esteve inicialmente ligado aos cultos agrários e da fertilidade. Acreditavam os mais antigos que, como as sementes, os mortos eram enterrados com vistas à ressurreição (novo nascimento). Por isso, a idéia central da festa dos mortos era a mesma dos ritos agrários e da fecundidade: o retorno à vida que deve surgir de algo oculto e misterioso.
Dada a essa dupla aproximação, o primitivo dia dos finados era festejado com banquetes e orgias perto dos túmulos, costume disseminado em várias civilizações da antigüidade. A Igreja Católica instituiu a comemoração ao dia dos mortos oficialmente no século X, passando então a ser um culto mais religioso.
Nos dias de hoje esta data transcendeu o lado religioso, sendo muito mais emotivo e comercial. No dia de finados formam-se verdadeiras feiras frente aos cemitérios onde se comercializa de tudo, principalmente coroas, flores e velas. Também nos dias que antecedem a esta data, os cemitérios ficam movimentados com pintores, pedreiros e serviçais fazendo limpezas. Túmulos há muito abandonados, ficam novos, lembrando a menção do mestre Jesus dos "sepulcros caiados".
Os seres humanos acabam racionalizando demais ao criarem um dia específico para chorar seus mortos. O melhor seria lembrarem freqüentemente dos que se foram desta vida, retornando ao mundo espiritual, não com tristeza, revolta e saudosismo, mas para transmitir vibrações de paz e amor. Os que se desligaram do corpo físico na verdade não estão mortos, ao contrário: retornaram à verdadeira vida, a vida espiritual. Todos somos Espíritos imortais envoltos temporariamente no corpo físico, estando neste planeta de passagem no convívio com Espíritos afins ou com comprometimentos gerados em vidas passadas.
Ao desligar-se do corpo físico, o Espírito conserva a mesma personalidade, os mesmos defeitos e qualidades, podendo ser influenciado pelas vibrações dos familiares e amigos que aqui ficaram, estando, pois, sujeito a grandes sofrimentos com o desequilíbrio de determinadas manifestações destes. A visita ao túmulo é apenas a exteriorização dos sentimentos pelos mortos, enquanto a prece é que santifica o sentimento, nos dizem os Espíritos Superiores, podendo ser feita em qualquer local, não necessariamente onde estão sepultados os corpos já deteriorados.
Lembrar com carinho e saudade dos que já retornaram à pátria espiritual é um sentimento normal, próprio do ser humano e podemos ajudá-los através das preces. O culto aos "mortos" em um dia especial, com lamentações e cultos exteriores poucos benefícios produzem, tanto aos que ficam, quanto aos que se foram, principalmente porque normalmente são relegados ao esquecimento no resto do ano.
Seguir a máxima de Jesus: "Conhecereis a verdade e ela vos libertará", sabendo de onde viemos e para onde vamos, porque e para que estamos neste mundo, é o caminho para entendermos que não existem "mortos". Todo dia é dia dos vivos, tanto daqueles que ainda estão presos aos laços da carne, como dos que estão dela libertos de retorno à pátria espiritual, preparando-se para prosseguir na caminhada evolutiva rumo à perfeição.
 
 
Delmo Martins Ramos
Texto publicado no site em 30/10/98

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