quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013


A QUEM MUITO FOI DADO

Quando Jesus diz “a quem muito foi dado, muito será pedido”, normalmente as pessoas, mesmo os que seguem a fé cristã, interpretam no sentido material, entendendo que Ele referia-se só aos que têm os benefícios da matéria, os que têm uma situação confortável nestas suas vidas presentes. Por esta razão, numa visão distorcida, levam ao pé da letra também outras lições evangélicas, como por exemplo, as bem-aventuranças, principalmente aquelas que dizem serem bem aventurados os pobres, os que choram e os que sofrem pois terão o Reino dos Céus, entendendo que, para se ter as recompensas espirituais, é necessário sofrer e viver na pobreza.
Este entendimento superficial e equivocado, que a maioria das pessoas tem com relação aos ensinamentos divinos é em função da imaturidade espiritual dos que vivem neste mundo, tendendo ainda mais aos apelos da matéria do que aos espirituais. Ainda não compreendem que a verdadeira vida, portanto, a mais importante é a vida espiritual e que a vida material é mais uma das inúmeras experiências do Espírito objetivando o seu aperfeiçoamento.
As palavras de Jesus, reproduzidas por Lucas no Capítulo XII: 47-48, devem ser entendidas no sentido do conhecimento das leis morais, já que alerta de que serão mais culpados diante da Lei aqueles que conhecem os ensinamentos divinos, mas não os praticam, do que os que ainda não tiveram a oportunidade de conhecê-los. Desta forma, no mundo ocidental onde impera o cristianismo, não deveria haver tanta miséria, violência, corrupção, afinal, a maioria professa a fé cristã, não podendo pois pretextar ignorância. Infelizmente, porém, mesmo entre os cristãos, poucos lêem e estudam os ensinamentos contidos no Evangelho e, mesmo entre os que assim fazem, pouquíssimos entendem verdadeiramente as suas lições.
A Doutrina Espírita vem exatamente trazer as ferramentas necessárias para o melhor entendimento das mensagens evangélicas, pois comprovando a existência da vida espiritual e a reencarnação; revelando a lei de causa e efeito, que aliada ao livre arbítrio mostra ao homem as consequências e a responsabilidade de seus atos, reafirma os ensinamentos que Jesus trouxe à humanidade há cerca de 2(dois) mil anos, decifrando os que ali estão de forma velada, em função da impossibilidade do homem daquela época compreendê-los.
As religiões cristãs, por terem se desviado do verdadeiro objetivo da mensagem de Jesus, tem grande responsabilidade pela atual situação do planeta. Sem considerar os abusos históricos cometidos em nome de Deus, dos quais seus atuais líderes se penitenciam, vê-se que ainda hoje não cumprem o objetivo de religar o homem ao Criador, pois estão ainda presas aos rituais e à superficialidade dos ensinamentos, oportunos na época de pouco desenvolvimento intelectual da humanidade, mas inaceitável no mundo de hoje.
No entanto, verificando-se o que se passa no movimento espírita, com tantas fantasias e inserções que podem levar a Doutrina a tornar-se mais uma seita travestida de religião, não se pode ter a ilusão que a Terceira Revelação, personificada no Espiritismo como doutrina organizada, terá condições de libertar a humanidade da cegueira em que ainda vive. A incompreensão das verdades evangélicas por grande parte dos seus seguidores, não tem produzido os efeitos necessários no sentido da mudança comportamental necessária, chegando mesmo alguns a propor a desvinculação da Doutrina Espírita dos ensinamentos cristãos.
É evidente que as revelações trazidas pela equipe dos Espíritos Superiores vieram para ficar definitivamente com a humanidade e irão auxiliá-la em sua transformação, pois, uma vez estes conceitos estejam incorporados pelos outros pensamentos religiosos, surtirão os efeitos desejados preparando, assim, a humanidade para os novos ensinos que advirão que, então, libertarão definitivamente o nosso mundo da ignorância, levando-o a um nível mais elevado onde não haverá rótulos mas, um só rebanho e um só pastor, como já nos disse o Mestre.
Os fariseus, que se intitulavam conhecedores da Lei, perguntaram a Jesus se eles seriam considerados cegos, numa tentativa de terem suas culpas diminuídas, receberam a dura resposta, característica do Mestre ao deparar com a hipocrisia: “Se vós fosseis cegos, não teríeis culpa; mas como agora mesmo dizeis: Nós vemos, fica subsistindo o vosso pecado”.
Os espíritas, que têm em mãos os ensinos dos Espíritos Superiores, não poderão pretextar cegueira, uma vez que esta Doutrina esclarecedora chega às suas mãos metodicamente, pacientemente e inteligentemente trazida por um Espírito missionário que alerta: “Aos espíritas muito será pedido, porque muito receberam”.
Diz mais o mestre lionês, dirigindo-se aos seguidores da Doutrina dos Espíritos, referindo ao ensinamento maior: “Aquele, pois, que não o põe em prática para se melhorar, que o admira apenas como interessante e curioso, sem que seu coração seja tocado, que não se faz menos fútil, menos orgulhoso, menos egoísta, nem menos apegado aos bens materiais, nem melhor para o seu próximo, é tanto mais culpado, quanto teve maior facilidade para conhecer a verdade”.
É necessário, pois, que aqueles que se dizem espíritas, que conhecem os ensinamentos contidos na Codificação, possam entendê-los definitivamente e, principalmente, colocá-los em prática, caso contrário serão tratados como fariseus dos novos tempos por terem o conhecimento da Lei e não a praticam. Acautelemo-nos, pois!

Delmo Martins Ramos
Texto publicado no site em 25/11/2000

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