quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013


EM NOME DE DEUS E COM AS BENÇÃOS DO DIABO

Membro da ABRH: Associação Brasileira de Recursos Humanos, Orientador de Gestão de Negócios e Empreendedorismo no Senac, professor de Filosofia Cooperativista e Ética nos Negócios, professor de Business English for Executives. Consultor de qualidade Humana como suporte à implantação de ISO 9000-2000.
Especializações:Diretor de Marketing da Qualyhumana.
Nesse final de século, apesar do estupendo avanço da Ciência em todos os campos do saber humano, o que se vê alastrar de forma assustadora é o misticismo espúrio e toda sorte de engodo religioso, que, usando em vão o nome de Deus, enredam pobres e ricos, grandes e pequenos no labirinto de estranhos ensinamentos que misturam verdades com mentiras – é aqui o verdadeiro perigo! -, sempre prometendo soluções “sobrenaturais e mágicas” para esses que, em comum, têm a marca do sofrimento físico ou emocional a tirar-lhes a genuína alegria de uma vida cheia de encantamento.
Nesse cenário apocalíptico, alguns empresários em sérias dificuldades, desempregados, donas de casa, adolescentes e grande parcela de pessoas simples, anônimas, outros talvez em busca de vida suntuosa e fácil; enfim, muitos têm sido seduzidos por hábeis manipuladores de mentes e corações, tudo regado com palavras melífluas, cujo teor da mensagem tem sido a bem-aventurança tanto na Terra como nos céus. Ah, sim. Deus não raro é o fiador dessas parlapatices, sendo invocado e obrigado a atender as criaturas, pois Deus, segundo alguns dizem, é obrigado a cumprir o que prometeu. Pudera! Ninguém mandou Deus prometer tanto...
O problema maior nisso tudo é que os mercadores da palavra de Deus, reconheça-se, são hábeis e competentes. Pegam trechos bíblicos corretos, fazem uma interpretação isolada do contexto, isto tudo carregado com paroxismo emocional encenado com patacoadas teatrais, e pronto. Temos aqui a combinação pefeita da verdade misturada com doutrina humana – às vezes doutrinas de demônios – e esses sofismas soam aos ouvidos de muitos, principalmente dos sofredores, como música de libertação...
No cipoal de seitas e denominações esdrúxulas, muitas delas se auto-intitulando detentoras eclusivas da verdade absoluta, devemos tomar cuidado com aquelas que se dizem cristãs – seguidoras de Cristo -, porém, na prática, fazem exatamente o contrário de tudo o que foi ensinado pelo Mestre dos mestres.
De modo geral, veja o que a Bíblia de fato recomenda e compare com o procedimento atual dessas seitas e denominações que pululam por aí. Tire suas prórias conclusões:
- A Bíblia diz textualmente que Cristo é o Filho Unigênito de Deus (algumas seitas dizem que Cristo foi apenas um filósofo).
- A Bíblia diz que o dízimo e as ofertas devem ser dados com alegria e de forma ESPONTÂNEA SEM CONSTRANGIMENTOS ( notem que várias seitas querem contribuição todos os dias, fixam quantias mínimas de contribuição, obrigam os seguidores a serem dizimistas – em certos casos com ameaças da terrível ira de Deus que se abaterá contra os “infiéis” -, afirmando que, para todo aquele que contribuir, DEUS é OBRIGADO a dar, no mínimo, o dobro).
- A Bíblia diz que a salvação é gratuíta, fruto da Graça de Deus ( alguns “vendem até carnês da salvação”...).
- Jesus NUNCA cobrou nada por tudo quanto fez quando de sua passagem na Terra.
- Jesus NUNCA fez marketing dos milagres que operou ( aliás, em alguns casos, recomendava com ênfase que não dissesse nada a ninguém!).
- Jesus NUNCA prometeu riquezas materiais aos seus seguidores (muito pelo contrário: recomendava que se juntassem tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não podiam danificar...).
- Jesus nunca se vestiu com linho e seda de primeira classe (hoje seria roupa de grife) nem possuiu qualquer bem material. Em determinada ocasião, para entrar em Jerusalém tomou emprestado um jumentinho...
- Os primeiros seguidores de Jesus, quando levantavam ofertas, era tão-somente para atender aos órfãos, às viúvas, aos necessitados da época e não para montar templos faraônicos.
- Paulo, o Apóstolo, que dedicou sua vida à pregação do Evangelho aos gentios (não-Judeus), trabalhava com suas próprias mãos para não “ser pesado” a ninguém.
- Atos cerimoniais como batismos, casamentos, visitas a doentes e encarcerados não custava absolutamente nada. Hoje, o infeliz paga para nascer, casar, morrer e até “missa para encomendar a alma”.
- Antes, religião era “religar-se com Deus”; hoje, religião virou “indústria”, onde tem gente “vendendo terreninho no Paraíso em suaves prestações...”
- Jesus NUNCA proibiu qualquer seguidor de pensar, duvidar, perguntar, discordar, refletir; enfim, de exercer o livre-arbítrio na sua plenitude (hoje, ai de quem ousar questionar quaisquer dogmas do status quo denominacional ! Corre o risco de ser tachado de “herege” e receber a excomungação. Vade retro!
- Jesus sempre pregou a transformação pessoal do indivíduo, seja ele rico ou pobre, culto ou inculto, e NUNCA a luta armada contra as instituições estabelecidas (hoje, algumas correntes religiosas não hesitam em pregar um Cristo indendiário, defensor das “minorias oprimidas”, nem que para isto seja necessário explodir o Mundo...)
- Jesus pregava a renúncia ao ego e aos bens materiais daqueles que pretendiam ser seus seguidores (hoje, prega-se em muitas denominações um Cristo “barganheiro...)
- Jesus pregava uma vida TAMBÉM de sofrimento aos seus seguidores (“Tome a sua cruz e siga-me...). Hoje, inúmeras seita pregam “prosperidade total”, nenhum sofrimento e padrão de vida “cor-de-rosa” para os que “aceitarem” Jesus...
- Por fim todo cuidado é pouco nesses dias conturbados onde pululam “gurus” prometendo “mágicas” no mundo empresarial e “iluminados” que se autodenominam porta-vozes de Deus, com retórica apocalíptica e soluções para todos os males do físico e do espírito.
- Não se deixem enganar. A Bíblia também afirma que o Diabo tem o poder de transformar-se em “anjo de luz”. Não é à toa que o nome original do Tinhoso é Lúcifer...

Luiz Oliveira Rios

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