quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013


DESESPERO E ESPERANÇA

"Há tempos aguardo uma oportunidade de comunicar-me convosco através da escrita. Fui um dos socorridos por esta equipe de caridade. Agora faço parte de um grupo que desempenha pequenas tarefas, sobre as vistas amorosas e cuidadosas do nosso instrutor, anjo bom que Deus nos dá para nos auxiliar na caminhada.
Digo a todos vós, irmãos em Cristo, que qualquer tarefa que se possa desempenhar em nome do Bem é digna e edificante. Quando estava entre os encarnados constrangia-me dedicar algumas hora da minha semana para atividades que considerava menor. Irritava-me ver minha mãe querida envolvida em tarefas que proporcionavam amparo aos pobres da matéria. Não compreendia a sua nobreza de espírito e a considerava fanática, entregue aos caprichos do pastor de sua igreja. Ri muitas vezes quando me encarava muito séria e dizia-me que Deus um dia me mostraria o verdadeiro sentido de suas leis.
Estava eu muito preocupado com minhas coisas para dedicar-me a cuidar dos carentes. Entretanto, a vida me pregou uma peça e a dor chamou-me para a razão. Perdi a luz de minha vida. Minha pequena filha de 10 meses contraíra doença incurável e Deus a ceifou da face da terra. Busquei na igreja de minha mãe o consolo que veio em forma de prece, da entrega total aos desígnios de Deus e à orientação do instrutor do núcleo protestante que eu frequentava. Entrei num grupo de estudos com a intenção de preparar-me para servir na casa e para mim era difícil a aceitação de que seria apenas um servo de Jesus. Justo eu que a vida inteira sonhei em comandar grandes negócios e preparei-me sempre para isso.
Mas, amigos, novamente tive que curvar-me à vontade do Pai e mais uma vez a dor insuportável visitou-me. Minha mãe querida foi levada para a pátria do Espírito para viver em outra dimensão. E justo quando eu já compreendia e buscava ardentemente sua convivência para adquirir com ela novos conhecimentos.
Quis Deus que eu sofresse novos revés para que me conscientizasse definitivamente de minhas limitações. Na igreja era chamado para fazer as mais simples tarefas e lá ia eu, colocando minha vergonha e meu orgulho de lado, desempenhar minha função com dedicação. Mas, bem no fundo eu achava que bem poderia estar servindo em outra condição, já que era um homem com capacidade intelectual acima da média. Não sabia que meu instrutor encarnado vigiava-me com carinho, observando-me e atestando que ainda não tinha condições morais para assumir trabalhos mais sérios, que estivessem ligados à edificação de outros irmãos. Precisava antes edificar-me, melhorar minha condição espiritual para então servir de exemplo dentro da tarefa do Bem.
Um dia, desgraçadamente meus olhos caíram sobre uma bela figura e eu, em minha fragilidade de Espírito imaturo, vaidoso e orgulhoso, não me dei conta de que era apenas uma prova. Quedei-me às circunstâncias do momento. Quando dei conta de mim, estava envolvido nos laços escusos do adultério e da sensualidade. Grande escândalo. Não suportando a enorme carga desmoralizadora dei cabo de minha vida, mesmo conhecendo a fundo a história de Jó. Sentia-me um injustiçado e não compreendia que deveria ter lutado até o fim pela minha recuperação.
Acordei deste lado da vida completamente angustiado. Irmãos como eu, em desespero e desalinho diziam-me que jamais sairia daquele charco de dor e sofrimento. Muitos experimentavam aquele ambiente por mais de cem anos, outros tinham acabado de chegar. Era um local onde os Espíritos reuniam-se em grupos e lamentavam-se, gritavam, choravam. Outros apenas dormiam, outros permaneciam com laços atados ao pescoço ou com feridas sangrantes que só existiam em seu campo mental.
Ali fiquei por um tempo curto e logo roguei fervorosamente a Deus que me socorresse, socorro que demorou ainda um pouco a vir. Apareceu sob a forma de tênue luz que invadiu todo o meu ser e levou-me para um local de paz.
Fiquei sob os cuidados de pessoas carinhosas e doces, que me falavam de um reino de amor que um dia conheceria. Fiquei sabendo que era a extensão desta casa, no mundo espiritual, e que todos os que ali estavam foram socorridos pelos Espíritos que trabalham nesta casa em nome de Jesus.
Intriguei-me por não encontrar ninguém de minha família e por não estar entre os eleitos de Deus, ou então o Pai tinha me castigado por ter cometido o pior dos crimes. E agora? Pensei. Certamente não estou no inferno. O fogo não arde, não sinto dores. Uma brisa suave passa pelo meu corpo. Não ouço o pranto e o ranger de dentes e sim o canto alegre de uma irmã que trabalha dedicadamente em prol dos necessitados da alma.
Sim, antes estava no inferno, pensei. E Ele teve misericórdia de mim e de lá me tirou.
A irmã Laura cuidava de mim e me explicava algumas coisas. E dizia que em breve eu compreenderia muito mais.      
Um dia, que foi um dos mais felizes da minha vida, estava eu a orar em pedido de perdão ao Senhor quando acariciou-me a fronte mãos delicadas e leves como pluma, e uma doce voz eu ouvi: meu filho! Era minha amada mãe que tinha vindo visitar-me. Chorei copiosamente, agradecido pela benção recebida. Durante muitos dias  ela veio conversar comigo sobre muitas coisas, esclarecendo-me sobre as maravilhas do mundo espiritual.
A cada dia meu horizonte alargava e aos poucos fui tomando conhecimento, através de lembranças vivas, de minhas vidas passadas onde igualmente tinha tido a oportunidade de vivenciar os ensinamentos de Jesus sem, contudo, aproveitá-los. Em uma delas havia também tirado a minha vida. Chorei muito, envergonhado de minha última encarnação. Mas, minha doce mãezinha me consolava e dizia-me que Deus era justo e misericordioso. Iríamos descer à carne em breve tempo (não sei quando) como irmãos consanguíneos, para juntos aprendermos a lição da fraternidade e solidariedade. Ela deverá auxiliar-me em minhas limitações físicas e em meu aprimoramento moral.          
Esse espírito que na carne foi minha mãe habita planos mais elevados que este que estou no momento, pois ainda me encontro em colônia transitória.
Ela já desempenha tarefas mais nobres em favor dos necessitados e não pode dedicar-se só a mim, por isso ausenta-se por longos períodos e só vem ver-me de vez em quando para trazer-me carinho e mais esclarecimentos.
Meus irmãos, minha estada nesta casa é somente para relatar minha experiência, conforme orienta um instrutor responsável pelo trabalho.
Ainda há muito a ser feito e quisera ter compreendido as coisas que hoje sei, quando na carne estive. Benditos os que palmilham pelo caminhos da porta estreita. Benditos que se dedicam ao ideal cristão por amor a Jesus. Paz para todos".  – Espírito  Epaminondas - o suicida

SEEAK
Mensagem mediúnica
Classificação: Depoimentos
Data: 29.09.98

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