quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A DURA PROVA DA RIQUEZA

“Vim, trazido pelos instrutores da casa para testemunhar sobre minha experiência como Espírito imortal que hoje tenho consciência que sou.  Fui um homem muito pobre. Miserável é o termo. Vivi em região paupérrima da Sibéria antiga e na minha adolescência conheci uma mulher por quem dediquei um amor desesperado. Com ela contraí matrimônio e iniciamos uma vida em comum com todas as dificuldades próprias dos pobres. Vivia em uma tenda confeccionada com tecido grosso que nos protegia do frio. Tinha pouco para comer, e depois de muito andar à procura de trabalho digno, decidi que sobreviveria pedindo esmolas se quisesse continuar vivo. E assim, maltrapilho, perambulei pelas ruas à espera da ajuda alheia.
Minha esposa, mulher bonita e sensual, era assediada por aqueles que sabiam-se donos do dinheiro e, principalmente, que precisávamos dele. Ela, por muito tempo resistiu aos apelos, mas iludida pelo brilho do ouro entregara-se. Agora experimentava eu a pior desgraça que jamais pensei um dia viver. De dia minha amada dormia e à noite alugava seu corpo, enquanto eu sofria as dores de vê-la entregue aos mercadores do sexo.
Enquanto pensava que fazia aquilo por necessidade, suportei pacientemente. Porém, um dia descobri que estava envolvida por um desses que lhe alugava o corpo, submetendo-a a seus caprichos e desejos desequilibrados. Fui ao inferno. Decidi deixá-la para não cometer um desatino. Andei por muito tempo, passei fome e frio por muitos dias até que, encostado a uma árvore, vi um vulto que me conduziu por entre as plantações. Não sabia direito onde era aquilo. Depois de andar por um estreito caminho de pedra entrei em uma grande clareira como se fosse uma aldeia e ali vi pessoas muito alegres, outras muito tristes e pensativas, numa convivência normal.
Perguntei, a quem me conduzia, o que era aquilo e onde eu estava. Ele respondeu que eu estava acordando de um sono e que logo seria orientado sobre tudo. Fiquei na aldeia por um breve tempo e depois fui conduzido para uma aldeia maior e mais moderna, onde soube pelo amigo que me auxiliava tratar-se do mundo dos Espíritos.
Soube então que havia morrido de fome, frio e sede, encostado naquela árvore na beira de uma estrada e que assim permaneci por vários anos, sem consciência do fato, até ser atendido por entidades espirituais, por bondade de Deus e pelas preces dos meus amigos do espaço, que afinal nem sabia da existência.
Soube ainda da razão da minha vida de sofrimentos na pobreza material e na desgraça moral do adultério. Tinha sido homem de muitas posses e também de muito poder em uma de minhas vidas passadas. Foi dado a mim a prova da riqueza para auxílio de muitos e para minha própria redenção. Já com certo avanço no campo do intelecto, comprometi-me a usar bem tal talento, a fim de auxiliar o progresso da comunidade onde vivia.
Falhei. Desde cedo em minha opulenta infância fui agraciado com as facilidades. Meus pais davam-me tudo o que almejava meu mundo de fantasia infantil. Meus menores desejos eram satisfeitos. Era o primeiro filho de uma família de muita influência e abundância material e fui preparado para comandar.
A parte religiosa foi negligenciada e não tive qualquer formação moral, o que me trouxe grande prejuízo. Meu pais terrenos, nessa encarnação, preocupavam-se apenas com nomes, festas e bajulações. Nós, os filhos (éramos seis), ficávamos aos cuidados de pessoas contratadas para criar-nos, inclusive dando do seu próprio leite. Permanecíamos meses sem ver nossos pais, ocupados que estavam com viagens e cerimônias sociais.
Assim cresci e herdei um império. Fui um rei mais tarde, guindado por interesses de família. Exerci o poder de forma vil arbitrária e injusta. Amei a tantas mulheres sem respeitar nenhuma. Tive muitos filhos sem amparar qualquer deles. Enfim, fui o que se pode dizer um inútil na vida.
Meu reino foi marcado por brincadeiras risos e festas. Nada construí de bom para minha gente. Porém tinha em meu coração um sentimento de comiseração pelos pobres e frequentemente distribuía comida e roupa entre eles, o que aliviou sobremaneira a minha dívida com a lei de Deus, pois o meu ato era de puro sentimento de piedade.
Adentrei  o mundo espiritual, depois dessa vida, como um trapo e permaneci em sofrimento por interminável tempo. Pedi fervorosamente a prova da pobreza e os sofrimentos que passei foram todos necessários ao meu adiantamento. Desencarnei ainda bem jovem, o que sem dúvida foi uma ajuda que mereci do Alto.
Irmãos, que Deus possa iluminar os vossos Espíritos nessa bendita caminhada rumo à perfeição. Um dia todos seremos Espíritos livres da ignorância, da maldade e das torpezas que só acarretam a escravidão. Deus, nosso Pai, nos proporciona todas as oportunidades de crescimento, mas também nos tira a condição de facilidades se permanecermos no erro, depois de conhecermos Sua lei de amor e justiça. Segui, pois, caros irmãos, como faróis a iluminar a caminhada de tantos que caminham ao vosso lado, e que vossas forças sejam centuplicadas nestes tempos de confusão e dor”. - Um miserável Rei.

Mensagem mediúnica
Classificação: Depoimentos
Espírito: Um Rei
SEEAK

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