A HORA DA COLHEITA
É chegado o tempo da depuração. É chegado o tempo do restabelecimento da
verdade revelada em sua pureza natural. Após dois mil anos da mensagem do
Cristo e após cento e cinquenta anos da sua ratificação e sua explicação à luz
da Doutrina Espírita, o homem ainda não compreendeu a profundidade dos
ensinamentos e as responsabilidades deles decorrentes.
Os ensinamentos de Jesus libertam o
homem do reino da ignorância, mas o que se verifica é que somente uma minoria
dos homens se esforça em compreendê-los e em aplicá-los à sua vida. Da
totalidade de Espíritos que habitam o orbe, permutando posições entre o
invisível e o plano encarnado, talvez apenas 25% compreendam a proposta de Jesus
e tenham condições de habitar um mundo mais evoluído do que este.
Um observador atento identificará nos
dias atuais a profunda pobreza de valores morais existente no ser humano
contemporâneo, a instabilidade no tocante às condições físicas do planeta, o erro
no direcionamento dos objetivos da vida. Apesar do apreciável desenvolvimento
científico, a humanidade cada vez mais continua presa ao materialismo
asfixiante, que a escraviza num ciclo vicioso de sofrimento, aonde as
vicissitudes tendem a ser mais e mais aguçadas. Este panorama poderia sem
sombra de dúvidas ser outro, caso os homens se permitissem focalizar suas
lunetas para o objetivo real da vida. A idéia reencarnacionista, se fosse
aceita e compreendida, teria o poder revolucionador e moralizador desta
humanidade decaída.
Acontece que as forças do sistema
existente no orbe terrestre, próprias de um mundo de prova e expiação, por uma
questão de sintonia, mantêm prisioneiros os Espíritos afins. São irmãos
preguiçosos, de pouca vontade, que se nutrem com prazeres na esfera da matéria,
que por seu livre arbítrio optam pelo caminho mais fácil. Como diria Jesus,
larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz a perdição e muitos são os que
entram por ela.
A escola da vida é o laboratório
aonde o Espírito desenvolve seus valores, e como toda escola exige trabalho,
dedicação para que se obtenha o aprendizado. O nosso orbe terrestre está
saturado de alunos repetentes, que insistem em não despertar para um amanhã
melhor. Os ensinamentos de Jesus e a Doutrina Espírita, revelações divinas que
ampliam os horizontes do homem e o conscientiza da necessidade de mudança,
conseguem sensibilizar a poucos. Uma parcela pequena da humanidade se diz
espírita, e dentre estes, existe uma complexa heterogeneidade de modos de pensar
e agir em nome do Espiritismo.
É necessário que se diga que a
doutrina de Jesus e o Espiritismo não permitem variações de interpretações. Nós
é que temos que nos adaptar aos novos ensinamentos. Temos que nos esforçar para
compreendê-los, pois nada mais são que as leis naturais, ou seja, as leis de
Deus. E o homem não pode transgredir as leis naturais. Evoluir é colocar-se em
harmonia com estas leis. Os espíritas deveriam ser, portanto, pessoas que têm
uma profunda identidade e afinidade com Jesus, que vivam conscientes de suas
responsabilidades, colocando em prática os ensinamentos deixados, sendo um bom
exemplo a seu semelhante. A constatação da realidade existente, porém, é bem
diferente. Sob o nome de Espiritismo existe uma complexa confusão que mais
atrapalha do que edifica.
A humanidade, entretanto, segue sua
trajetória evolutiva. O planeta Terra vivencia uma época difícil. Existe um
clima no ar que aspira por necessidade de mudanças, aonde seja restabelecido um
mundo mais justo para aqueles que optaram por seguir segundo as leis divinas.
As profecias falam isto e Jesus nos alerta em muitos de seus discursos. O joio
e o trigo já cresceram. É chegada a época da colheita. O joio será colhido
primeiro, atado em molhos e posto para queimar. Então o trigo será colhido e
recolhido ao celeiro.
O mundo de regeneração será nosso
próximo estágio evolutivo. Lá não haverá espaço para as tropelias da insensatez
humana. Estaremos mais próximos do Novo Céu e da Nova Terra da profecia
milenar. Os que não se tornarem dignos da promessa continuarão a esperar e
amadurecer nas estufas dos mundos inferiores, purgando os resíduos da
animalidade. Essa é a lei inviolável da antropologia espírita.
Francisco A. M. Medina
Texto publicado em
03/03/2000
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