HOMENS
PÚBLICOS
EVOCAÇÃO DO ESPÍRITO DE UM
ANDARILHO
“Aqui me encontro a convite dos instrutores da casa. Obrigado
por chamarem à vossa sessão, este que ainda labuta para dar os primeiros passos
na senda do progresso.
-
Quem sois vós, irmão?
Resposta: Sou um andarilho, que passou toda a vida distante do convívio
familiar ou do contato com as pessoas civilizadas.
-
Poderíeis nos falar um pouco de vossa experiência?
Resposta: Sim. É para mim, motivo de satisfação, pois tenho consciência
que o vagar pela Terra me ajudou a ver muitas coisas importantes.
-
Dissestes que não tivestes contato com pessoas civilizadas, mas
não as viu durante vossa vida?
Resposta: Sim. Não tive um contato muito feliz, quis dizer. Delas, recebi
reproches e olhares de desdém.
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Isso vos fez sofrer?
Resposta: Não tanto quanto tal ato provoca em muitos que vivem e viveram
sem rumo como eu. Sentia no fundo do coração, que a experiência que vivia me
seria útil de alguma maneira.
-
Mas os andarilhos em geral são revoltados.
Resposta: Nem todos. Aqueles que expiam seu passado, o fazem com
inconsciente conhecimento de causa, o que nos momentos de desprendimento os
conforta.
-
Dizeis que vossa vida de andarilho foi em encarnação expiatória?
Resposta: Sim, consegui quitar parte das dívidas que assumi numa
encarnação, onde fora personagem rico e influente.
-
Todos os andarilhos expiam faltas do passado?
Resposta: De modo geral, todos os Espíritos encarnados na Terra expiam o
passado. Mas alguns pagam débitos mais acentuados. Nem todos os andarilhos,
porém, possuem tal peso a aliviar. Alguns vivenciam provas, outros, foram
colocados à margem da vida pelos próprios parentes ou pela sociedade que
poderiam cuidar devidamente deles. Afinal, eles não são em número tão grande.
-
O que determinou que tivésseis uma vida de tantas privações?
Resposta: Meu descaso para com a comunidade. Fui um homem de grande
influência no passado. Mas minha vida foi a de um egoísta. Pensava mais em mim
e nos meus interesses, do que naqueles que depositaram em minha pessoa seu voto
de confiança, para que eu pudesse ajudá-los. Passei muitos anos nas regiões de
sofrimento e trevas, até que após uma eternidade, consegui libertar-me. Depois,
com a ajuda de Benfeitores espirituais, cuidei de encontrar solução para tantos
descasos.
-
Como foi essa programação reencarnatória?
Resposta: Havia sofrido tanto no mundo invisível aos humanos, que fiquei
desejoso de pôr fim aos descalabros provocados em vida. E o quis fazer da
maneira mais rápida possível. Disseram-me, que a volta como andarilho poderia
fazer-me quitar grande parte das dívidas com o Pai Celestial. E foi assim que
nasci em família pobre e desde pequeno vivi no abandono, como se uma mão
invisível me guiasse ao destino libertador.
-
Falas com desenvoltura. Não sois muito lúcido, para quem viveu
como um andarilho?
Resposta: A lucidez me vem da bagagem adquirida anteriormente. Hoje,
estando livre, posso fazer uso desse conhecimento.
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Mas ele não se manifestou na matéria, durante sua encarnação
como um andarilho?
Resposta: Nasci num organismo material, que contribuiu sobremaneira para
que minhas faculdades permanecessem latentes. Sentia com freqüência, impulsos
de inteligência, mas a matéria agia como um anteparo às minhas manifestações.
-
E como foi vosso regresso à pátria do Espírito?
Resposta: Morri, depois de sofrer o ataque de uma pneumonia. Meu organismo
frágil não resistiu à ação funesta do micróbio.
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Sofrestes muito tempo nas regiões umbralinas?
Resposta: Pela bondade de Deus, não. Despertei quase de imediato e fui
recebido por dois anjos guardiães. Após adormecerem-me, eles me conduziram a
uma colônia onde passei meus primeiros dias de adaptação.
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Vossas recordações voltaram de imediato?
Resposta: Não. Tudo se fez gradualmente, até que consegui atingir a
maturidade, pelo despertar de tudo o que eu era interiormente, agora burilado
pelos sofrimentos pungentes a que fora submetido na minha última existência.
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Que tendes a dizer da vossa experiência como andarilho?
Resposta: Sou feliz por esta dádiva. Mas pode-se escolher outros caminhos
para a evolução. Basta que se guie na vida pelo bom senso, pela razão e retidão
de juízo.
-
Mas não tivestes razão e bom senso quando endividastes?
Resposta: Sim, achava que tinha razão, que era dotado de bom senso. Mas de
que razão falais? A que bom senso vos refere? O dos homens? Ora, irmãos, não há
verdadeiro bom senso e razão sob o desconhecimento das leis de Deus. Pensai na
reencarnação, pois ela é uma lei da vida. Pensai na lei de causa e efeito, pois
através dela podereis guiar-vos nas boas obras, fazendo ao vosso próximo aquilo
que quereis para vós mesmos. Pensai na imortalidade, não só como possibilidade
teológica, mas como realidade de vida eterna, a única que verdadeiramente
importa. Fui homem de grande importância social, mas deixei de cumprir com
minhas obrigações frente ao povo necessitado. Perdi-me e os anos de sofrimento
e desespero nas faixas umbralinas, fizeram-me descobrir um tesouro chamado
Jesus. E eis que resolvi segui-Lo e, para isso, nada mais importava. Queria me
desfazer de tudo o que até então me era importante, para poder ter o direito de
estar com Ele no Paraíso. E foi como um andarilho, que me despi das riquezas
materiais, dos meus títulos mundanos. Hoje sou feliz, por estar liberto e poder
compreender Deus em suas graves conseqüências.
-
Gostaria de dizer algo aos homens públicos?
Resposta: Que cumprissem seu papel de agentes transformadores do mundo
onde estão situados. Que suas responsabilidades coletivas sejam cumpridas em
espírito e verdade. Que tenham a plena certeza de que são servos do povo, mas
que jamais devem servirem-se dele. Deus não joga dados com o Universo, disse um
sábio. Digo-vos que Ele a tudo vê e cobra, ceitil por ceitil. Acordai, irmãos
da vida política. De vós, muito será cobrado.”
-
Luís Silva, o que andava pelo mundo
em busca de paz.
Classificação: Evocação
Espírito: Juvenal /
Luís Silva
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