quinta-feira, 6 de setembro de 2012


TEMPOS DIFÍCEIS
"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes, afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências, que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé. Não irão avante, porque a todos serão manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles"- (II Timóteo, Capítulo 3, versículos 1-9).
O texto acima, escrito pelo apóstolo Paulo há quase dois mil anos, nos adverte sobre os males dos dias atuais. Vivemos em tempos de muitas dificuldades e sofrimentos advindos da grande crise moral em que mergulhou o Planeta, nos últimos anos. Os homens, esquecidos dos ensinamentos do Mestre, e atendendo unicamente às suas necessidades materiais, tornaram-se "mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus", desprezando as leis de igualdade, fraternidade e liberdade, imprescindíveis ao progresso das civilizações e à vida em comunidade. Deram vazão ao seu egoísmo e orgulho, as maiores chagas da Humanidade, no dizer de Allan Kardec, decorrendo daí o desrespeito aos seus semelhantes, levando seus iguais a situações humilhantes de fome, miséria e toda sorte de privações.
É imperioso que observemos o quadro de confusão e desordem que se instala na atualidade, principalmente nas sociedades mais adiantadas intelectualmente. Nunca, em tempo algum, viu-se algo semelhante. As crianças, em tenra idade, numa época em que se estabelece o processo educativo, vital para o equilíbrio das criaturas, são bombardeadas em sua inocência por programas perniciosos, veiculados pela TV, dando enfoque perigoso e insano ao sexo, à violência, à transgressão e à libertinagem, ensinando-lhes que o melhor é sempre o que sobrepuja o outro pela esperteza. Inicia-se já, na gênese de sua formação, as lições do egoísmo, da lei do mais forte, próprios de civilizações atrasadas.
Os pais, por comodismo ou por ignorância, assistem passivos a essa tragédia. Não buscam semear os princípios da moral cristã em seus lares. A preocupação com a instrução intelectual parece bastar e os pais agem como se pudessem transformar em eterno o que é transitório. Nessa luta sutil e desigual, quase sempre vence o mundo, e este pequeno e frágil ser entra na adolescência e idade adulta completamente despreparado, desprovido da proteção segura dos ensinamentos de Jesus, que afinal permeia todas as boas ações do Espírito imortal.
A corrida desenfreada do homem em busca do ter, em detrimento do ser, levou-o a, novamente, construir altares a outros deuses. O materialismo impera e destrói com suas absurdas leis. O que menos conta são os valores humanos. E no meio de tudo isso a humanidade agoniza, mergulhada num entorpecimento doentio, numa moral completamente desvirtuada, com grave inversão de valores. Os sintomas da doença são claros e inequívocos: uma educação pautada nos valores da matéria; o desmantelamento do lar, com a desvalorização do casamento; a indústria desenfreada e irresponsável do sexo, livremente veiculada, com gravíssimas consequências morais e sociais; o desrespeito aos pais; crimes hediondos tornando-se corriqueiros; a corrupção e a desonestidade como algo normal nas comunidades; o aumento da incidência de suicídios entre adolescentes e idosos, nas grandes cidades; o alarmante desequilíbrio e exaustão do ecossistema; enfermidades, antes consideradas extintas ou controladas, recrudescendo, alastrando-se e dizimando vidas, ao lado de novas que surgem, deixando atônitos os estudiosos do assunto, que não compreendem a razão de tantas calamidades.
E a Religião, que deveria ser o elo entre a criatura e o Criador, não faz o seu papel. Os indivíduos que ocupam a posição de líderes, não pastoreiam suas ovelhas, como pediu o Mestre. São criaturas amantes de si mesmas, soberbas, orgulhosas, com a aparência do Bem, mas sem a eficácia dele, não tendo, portanto, a força moral do exemplo em suas ações. Enfim, eis um quadro doloroso, de extrema gravidade, parecido com "o tempo de angústia, qual nunca houve" de que nos falou o profeta Daniel (12.1), e confirmado por Paulo em sua carta a Timóteo.
Talvez o mais grave seja a nossa passividade diante disso. O Espiritismo ensina que a Terra entrará em fase de regeneração. Não será sem dores. A Doutrina dos Espíritos, sendo o Cristianismo redivivo, tem a obrigação de alertar as criaturas para a necessidade do crescimento espiritual e da comunhão com o Criador. É hora de se deixar de lado as fantasias, as idolatrias e doutrinas estranhas e se entregar à tarefa que compete aos centros espíritas, como pronto-socorro da Espiritualidade que acham que são. Que se reflita sobre as palavras de Jesus, transcritas em Mateus 24,25 e 28 onde nos fala sobre a grande tribulação que o mundo enfrentaria nos últimos tempos. Kardec, em "A Gênese", Cap. III, item 7, diz: "Chega um momento em que o excesso do mal moral torna-se intolerável e faz com que o homem sinta necessidade de mudar de caminho".
É inegável que estamos vivendo plenamente essa situação de lamentável decadência, já há tempos. O desfecho disso pode ser de muito choro e ranger de dentes. Espíritas, meditemos sobre o nosso papel diante de tudo isso. Estejamos alerta!

Texto publicado  em 23/04/99. Será que ainda vale para os dias de hoje. Analise e reflita.
Vanda Maria Simões

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